sábado, 8 de agosto de 2009

Purgando a dor e enlouquecendo com Dona Nilza lá longe

Não contei aqui porque tava tudo muito barra pesada ainda, não conseguia nem verbalizar. Fato é que, nos primeiros dias depois da morte da minha mãe, sonhei com ela, rigorosamente, todo dia. Sonhos péssimos. Às vezes, eu péssima. Às vezes, ela é quem estava perdida, sem entender o que tinha acontecido, e por aí vai. Ateia desavergonhada que sou, teve um dia em que enchi o saco, peguei uma cruz que ela me deu há muito tempo e bati um papo com Ele, pedindo, no mínimo, sossego pra nós duas.

Deu-se que o sonho seguinte foi uma cena doida. Todos nós, parentes e amigos, no enterro dela, à beira-mar, com água pelas canelas. À certa altura, ela aparece, querendo saber o que que era aquilo. Eu falei "mãe, é que cê morreu. Cê tem que ir embora, mãe", e a peguei pela mão, levando-a até o caixão. Acordei babando com o celular aos berros. Antes de atender, vi que era o número do meu tio, de Minas, vizinho do meu pai, o que quase me matou de susto. Achei que pudesse ser outra sacanagem do destino. Não era, era meu pai que tava na casa dele, falando que a gente tinha que resolver umas coisas do inventário da minha mãe. Nunca mais sonhei com ela.

Nunca mais até essa noite. Dessa vez, estávamos meu pai e eu na casa onde fui criada, em Niterói, que foi vendida há alguns anos. De repente, ela aparece, de novo, perdida, querendo saber o que que tava acontecendo. Falei de novo "mãe, cê tem que ir embora". Ela foi, caminhando devagarinho pelo corredor entre a casa e o muro, no quintal, eu e meu pai abraçados, chorando. Lá pelas tantas, meu pai fala algo tipo "a Rozane precisa tomar jeito". Ela, enquanto ia embora:

- Pode deixar, veio, vou falar com São Pedro. Agora, tô perto dele. Vou falar também que o problema deles é de conversação com ela.

Cai o pano.

Vou voar aqui pra embarcar pra Minas ainda hoje. Dia dos Pais em Visconde do Rio Branco. Ai. Há de doer.

Inté, meu povo.

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