quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Na boa, por que jornalistas e escritores em geral se acham artistas brilhantes e não conseguem dar jeito na própria vida?

Pois é, enlouquecida de trabalho, babando de tristeza ainda, mas voltando ao controle, com a casa de pernas pro ar, papel acumulado e espalhado por todos os cantos do quarto-e-sala, fiquei até agora achando que fazia o maior sentido do mundo misturar pessoal e profissional em menos de 50 metros quadrados nesta fase de merda da minha modesta biografia.

Noves fora nada, também fui descuidando da casa (tá limpa, tá, só tá uma zona), como quem acha que tem mais é que se danar toda: perder mãe e ficar em paz, na minha cabeça, até agora, não fazia sentido. Não fazia.

Só agora, sei lá por que diabos, fui perceber com clareza o monte de bobagem que fiz desde um certo 27 de junho. Aliás, um monte de bobagem que fiz desde que percebi que o 27 de junho tava pra chegar, o que levou meses de agonia em família.

Quanto a trabalho, bagunça total. Deadlines ignorados. Produção de qualidade péssima. Criatividade zero. Mais de um cliente puto comigo. Tudo porque o gênio da comunicação aqui, simplesmente, achou que podia fazer tudo ao mesmo tempo, inclusive chorar a mãe. Acabei não fazendo nem uma coisa nem outra direito, não combinei com os russos, fui levando a vida como se não houvesse amanhã e agora tô aqui, quase virando orelhão de tanta ficha na fuça. Ai.

Pronto, falei.

Por que tô em casa ainda? Porque tô vendo o que vai dar pra levar pra salinha no Centro e fui me dando conta do imenso caos que está este lugar. É como se eu, simplesmente, não visse a zona que tá a minha volta. A propósito disso, uma vez, um psicanalista me disse que, pra saber como está a alma do sujeito, é só olhar o armário do cara. Dã.

Não faço a mais pálida ideia de como encerra luto. O que eu sei é que hoje, subitamente, a vontade de morrer começou a passar.

Avisa aí ao mercado e ao planeta em geral que Rozaninha (*) não vai sair de cena tão cedo. Cumpra-se.

Fui querer ser gênio e dona de casa, né? Foda-se. Vou dar meu jeito aqui, que o dia há de ser comprido.

Inté.

(*) Aliás, Rozaninha, o caralho: Rozane Monteiro.

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