quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Tomem, aí, a cena final de Cinema Paradiso, pra eu matar a saudade de beijo na boca e, de quebra, homenagear minha mãe, a Nilza do Cinema

Já contei aqui, mas informo, agora, quem não leu o post velho: ela foi gerente por quase 10 anos do único cinema da pacata Visconde do Rio Branco, em Minas, lá pela década de 50, e foi, aliás, a grande culpada por eu gostar de filmes velhos em geral - minha tara por Sinatra e Glenn Miller é culpa do meu pai, se bem me lembro.

A pior coisa desta merda é escrever sobre a minha mãe no presente e, ficha caída, ter que trocar o raio do verbo pro passado, que não tô aqui pra cometer erro gramatical a esta altura da vida. Mas vamu que vamu: pelo menos, eu já consigo fazer homenagem a minha veia querida sem querer pular da janela. Aliás, ando até pensando em reunir as histórias deliciosas que ela me contava do tempo do cinema e enfiar num livro.

Mas acho até que nem contei aqui. No velório dela, uma mulher desconhecida veio me dar os pêsames. E mandou, emocionada: "Você não me conhece, mas eu fiz questão de vir quando soube que era a Nilza do Cinema. Quando eu era menina e não tinha dinheiro, ela me deixava entrar sem pagar." Por outro lado, tinha a gurizada (hoje, gente de respeito lá) que falava que ia "ali, rapidinho, ver se o fulano está aí", entrava, se escondia no famoso escurinho do cinema e dava-lhe uma volta.

Ah, de tanto ralar o coco lá, ela nunca mais entrou em cinema, o que obrigou meu pai a me levar pra ver o primeiro filme da minha vida, que foi (por que não, né?) A Noviça Rebelde. Projeção no ginásio da escola. Chegamos atrasados. Só tinha lugar do lado do projetor, que ficava entre as duas fileiras de cadeiras. Eu, lá pelos meus cinco anos. Como o melhor lugar era o do corredor, acho que o cara da frente era baixinho, fiquei grudada no projetor e intrigadíssima com o fato de aquele facho de luz, com uma poeirinha meio dourada, virar gente cantando na telona. Meu pai deu o jeito dele e me explicou que cinema era aquilo, mesmo. Na boa, acho que fiquei olhando mais pro projetor do que pro filme.

Ih, essa história do meu pai eu já contei aqui. Tá até no livro, aliás. Mas me deu vontade de contar e pronto. Foi mal aí. Quem quiser que conte outra.

Ao Cinema Paradiso, pois:



Vem cá, esse cara aí é um ixpetáculo ou eu é que tô carente?

Rozane Von Trapp

25 comentários:

bernardo parreiras disse...

Você não vai acreditar, mas revi Cinema Paradiso no domingo; depois de anos e anos, cismei que tinha que rever! O filme quase entrou no meu ensaio de hoje - só não entrou porque ia ficar grande demais e, além disso, Cinema Paradiso merece um ensaio exclusivo...

ROZANE MONTEIRO disse...

eu preciso rever. só tô esperando um pouco pra ter forças. cara, na boa, a cara do sujeito na cena final, quando ele percebe o carinho que o veio fez nele, entre estupefacto e meio que virando menino de novo ali, naquela sala de projeção, sozinho, com aquela cara de moleque que tá vendo cenas "proibidas", anos e anos depois, não tem preço. puta ator.

concordo contigo, Cinema Paradiso merece um texto só pra ele. take your time, babe.

ROZANE MONTEIRO disse...

aliás, tu já viu Era Uma Vez na América? trata-se da formação de uma galera da máfia, desde a infância, em Nova York. a trama não difere muito de todos os filmes de máfia que você já viu, só que é bem amarrada demais, com final espetacular. mas tem uma cena que eu acho que é uma das mais belas cenas de todos os tempos do cinema.

uma menina do bairro ganhava regalos dos meninos mostrando o corpitcho pra eles (levantando a saia e que tais) e até trepando, mesmo. até que um deles, moleque, resolve que chegou a vez dele. ele compra um doce, vai na casa dela, com o doce na mão, e acaba descobrindo que tem que esperar porque ela tá no banho, eu acho.

a cena da espera é ele sentadinho no degrau da escada, o doce, enfeitadíssimo, do lado dele, solene. ela vai demorando, ele vai passando o dedo no creme do doce, sem querer estragar o regalo pra "amada". só que vai ficando puto com a espera e, tchanran, come, devora, o doce todo e caga pra jovem fêmea, pirralho que era. não tem preço. é lindo demais, é poético demais.

é impressionante como o diretor conseguiu registrar o babado do moleque que quer ser homem e o moleque que é só moleque ainda e tá é mais afim dum doce, que ele, pobre de marré deci, conseguiu comprar, acho. se tu não viu ainda, pega pra ver quando puder. o filme inteiro é bom demais. fora o final, como já te falei aqui. tem quem diga que é um dos finais de filmes mais brilhantes da cinematografia mundial. Hollywood? claro que é, tem até o De Niro. mas a mão na batuta é de um tal italiano chamado Sergio Leone, Ave Leone.

ah, se você falar com a Mônica sobre esse filme, eu aposto qualquer dinheiro que ela vai falar da cena de uma confusão que acaba em tiro no caçulinha do grupo, logo no início do filme. ele toma um tiro pelas costas, enquanto todos estão correndo, e manda, culpadíssimo, quando cai no chão, "escorreguei", meio que sem entender o que tava acontecendo. acaba morrendo e acaba virando mais um motivo praquela turma virar gangue mafiosa. vai por mim, vale o ingresso.

ROZANE MONTEIRO disse...

quanto à cena da Mônica, bota lá no youtube "once upon a time in america I slipped", que tu acha. acabei de ver e acabei de lembrar que o personagem com quem ele fala é o Noodles, sei lá mais se é o do De Niro ou do Woods, cadê a Mõnica, porra?

só não vou postar porque, senão, ofusco o Cinema Paradiso aqui, caceta, ainda sou uma mulher de mídia. mas é bão, tragicamente bão, demais.

a minha cena preferida, do doce, não acho de jeito nenhum.

monica disse...

Oi Rozane,
adorei rever os beijos, é emocionante demais! "Era uma vez na América" vi uma vez na Uff e me deixou estatelada. As duas cenas: a do garotinho com o doce e a do escorregão são inesquecíveis. Tenho mania de não rever os filmes de que gosto muito, acho que é TOC, pq dá medo de perder um pouco o encanto.
Bjs
Mônica

Carol disse...

Não costumo concordar com vc em matéria de homens gatos, mas dessa vez tenho que tirar o chapéu! Tudibom com aquela carinha de menino hehehe

ROZANE MONTEIRO disse...

não, Mônica, eu não vou rir do seu toc. agora, assim sendo, tu deve ter visto A Noviça Rebelde só uma vez, né? :)

ROZANE MONTEIRO disse...

Carol, senti, assim, um tom meio cínico nesta sua observação acerca das nossas diferenças no quesito homem-gato; uma coisa crítica-construtiva. paiaça. mas, enfim, mas num é, minina? e ele com a mãozinha atrás da cabeça, e ele mordendo o labinho? ô, meu pai do céu!

monica disse...

Huahuahuahua! Põe outro aí na lista: 'Romeu e Julieta' do Zeffirelli.
Bjs,
Mônica

bernardo parreiras disse...

Mas então pode rever os filmes dos quais não gostou, Mônica. rsrsrs

Assim, pode lhes dar uma nova chance...

lct disse...

Hoje é 11 de setembro e ninguém aí fala nada..???/

bernardo parreiras disse...

Eu falo: hoje, 11/09/2009, faz 36 anos que os EUA derruram Salvador Allende, promovendo a ditadura de Pinochet, que matou muito, mais muito mais mesmo, que o atentado de 2001.

Não foi um ato isolado como o sequestro dos aviões, mas uma ditadura que durou décadas e matou e torturou o Estado Chileno que até então era democrático.

Porém o 11/09/1973 foi esquecido. O terrorismo de Estado (v. Chomsky) parece não ter o mesmo efeito que o terrorsimo de grupos e pessoas.

Choremos pelo 11/09/1973. Podem conferir a infeliz coincidência.

bernardo parreiras disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
bernardo parreiras disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lct disse...

Até na nossa picadura, quer dizer, ditadura de 64, teve participação dos EUA derrubando João Goulart.

ROZANE MONTEIRO disse...

tô nem aí procês tudo. não entro mais nessa polêmica nem a caralho.

quero dizer, a caralho, a gente negocia.

ROZANE MONTEIRO disse...

só acho engraçada a defesa de civis inocentes de todo o planeta, menos os americanos. mas, anyway, me fui.

bernardo parreiras disse...

Provocações anacrônicas num post tão sensível. Retirei-as. Vou assistir ao filme que sugeriu. Bom dia!

ROZANE MONTEIRO disse...

Bernardo, num tô crendo que tu retirou os comentários daqui. seu mané. inda mando nesta porra! :))))

bernardo parreiras disse...

Senti-me xiita demais. O post todo poético e eu belicoso paca. Noutra a gente briga... Oportunidades nunca faltarão! :)

Vem cá, por que o fim de semana promete?

ROZANE MONTEIRO disse...

ai, meu pai, momento Bernardo mostrando que naquele corpinho tem uma alma sensível. :))))))))))

o fim de semana promete, meu caro afilhado querido da dindinha, porque já estou me fudendo de trabalhar. fudendo, metaforicamente, claro, que é o que me cabe. pronto, falei.

ROZANE MONTEIRO disse...

boa, Bernardo, Mônica pode começar a rever os filmes que odiou, pra ficar com mais raiva ainda. pra que sofrer pouco, né?

aliás, Mônica, tu esqueceu de A Lontra e do velho gato velho James Farentino. era ele, não era? preguiça enorme de ir ao Google agora.

meu Deus, acabei de me lembrar da Mary Tyler Moore. alguém me abraça!

monica disse...

Ah, vou pensar na sugestão de vocês, huahuahua.
"A Lontra Travessa",sim. James Farentino, acho que sim, ator moreno tipo latino mais para baixo, fez o Hulk? Mary Tyler Moore, sempre!
Bjs,
Mônica

ROZANE MONTEIRO disse...

James Farentino fez Hulk? hein? I don't think so, hon! ou uma de nós está completamente louca?

ROZANE MONTEIRO disse...

Ih, é, a lontra era travessa. And, yeah, yeah, hon, Mary rules! You know... like... cool! Meu pai, baixou adolescente ianque aqui.

Cadê Bernardo, pra me esculhambar?