domingo, 6 de janeiro de 2008

Ava Gardner é minha pastora, nada me faltará


Se há uma coisa que nos aquece o peito quando a gente não encontra nenhuma bala perdida pra acabar o sofrimento, é saber que, a despeito do que achamos nos momentos de desespero, não somos a única anta do mundo que teve o coração transformado em pastel de carne moída.

Vejam o Sinatra, por exemplo, sujeito homem, voz bacana, olhão azul, uns amigos poderosérrimos, que adoravam um macarrão, um vinho e um tiro, nessa ordem, acho. Meio magrelo, é verdade, como registra uma foto enorme que tenho pendurada aqui em casa, entre a sala e a cozinha. Faltava uma carne ali no corpinho da Voz. Na minha parede, ele tá de banda, olhando meio pro alto, do lado de outra foto velhinha, menor, da Janis Joplin. Não, acho que eu nunca contei pra ninguém que botei os dois, assim, interagindo, porque me sinto um pouco como os dois, etc, etc, etc, uma coisa suuuuuper-Freud-cabeça.

A questão é que, nesse domingão que já começa chatinho, chatinho, acabo de lembrar que Francis Albert, que nunca foi santo e cansou de esculhambar alma de filha dos outros, já foi corno pelo menos uma vez na vida. Corníssimo. Corno pra mais de metro, vítima do troco que lhe deu uma estrela em cujo coração ele cansou de sapatear. Tão corno, que foi visto certa feita, bêbado, num boteco, rasgando a foto da moça e jogando no chão. Fez pior, Rozaníssimo: um segundo depois, se arrependeu de ter rasgado a imagem da pessoa, se lançou nas quatro patas ítalo-americanas ao chão e catou os pedacinhos da foto.

A moça em questão era Ava Gardner, que teve com nosso herói um tórrido romance público, o mané casado ainda, e comeu o pão que Cole Porter amassou até o sujeito se separar e casar com a mulher já chamada uma vez de o mais lindo “animal” do mundo. Uma cachorrice sem dó do cineasta francês Jean Cocteau – que, claro devia ser da turma canina. Ava chegou a abortar um bebê de Sinatra porque o traste ainda tava casado.

Depois de se estapear alguns anos com A Voz, Ava não lançou blog, mas encheu o saco, deu-lhe um pé no traseiro e se mandou pra Espanha, onde já freqüentava o corpinho dum toureiro. O corno, por sua vez, também não lançou blog, mas botou no mercado uns álbuns com composições densas, doloridésimas. Na verdade, era uma tentativa, que acabou funcionando, de dar uma virada na carreira, que tava mal das pernas - Ava chegou a dar dinheiro pro cachorro comprar presentes pros filhos. Mas quem ouve a interpretação da anta nesses álbuns percebe que ele não fez nenhuma questão de esconder que estava sofrendo horrores. Melhor: a capa de um dos discos, o traste ainda sofrendo igual a um corno, era a fuça dele pintada como palhaço, com uma lágrima estilizada. Ah, coitado.

Ave Ava!

3 comentários:

Unknown disse...

"Ava chegou a dar dinheiro pro cachorro comprar presentes pros filhos". That would be your fate, baby.

ROZANE MONTEIRO disse...

I know, hon, I know. Acabo de encontrar com o traste. Tô pretérita. Tá lá no post novo.

Unknown disse...

Em homenagem à AVA, proponho um brinde de Reveillon fora de época:
BRINDE DAS MULHERES RESOLVIDAS

Um brinde aos nossos Namorados que nos conquistaram,

Aos Sortudos que ainda vão nos conhecer.

Aos Trouxas que nos perderam.

Um brinde a nós, Mulheres maravilhosas, Absolutas e portadoras DA sedução, a quem nenhum filho DA puta sabe Dar valor!

Que OS nossos sejam nossos, que OS nossos nunca sejam delas, e que...

Se forem delas, que sejam brochas e problemáticos!

Bebo não é por vício, não é por nada, bebo porque vejo no fundo...

Deste copo a imagem do homem amado ... MORRE AFOGADO FILHO DA PUTA DESGRAÇADO !

Que OS nossos Maridos sejam ricos, que OS nossos Amantes sejam Gostosos, e que eles nunca se encontrem...

Deus é 10, Romário é 11, whisky é 12, Zagallo é 13, e Acima de 14 eu tô pegando!

Que sobre, nunca nos falte, e que a gente dê conta de todos!

Saúde!!!!