Meu pai, agora foi Fafá cantando "por que me arrasto a seus pés?..."
Tudo bem que já não me arrasto aos pés do traste-mór há mais de ano. Mas me causou certa indignação assim mesmo e pronto.
Agora, sim, fui. Antes que volte do intervalo e recomece a festa do Rei. Aliás, eu nem sei se já acabou. O moço aqui que confere as passagens me parou aqui pra me falar de como a mãezinha dele também tá doente, etc, etc, etc. Aaaaaaaaargh.
domingo, 31 de maio de 2009
Cês vão achar que eu tô de sacanagem
Tô bem aqui, na rodoviária de Visconde de Rio Branco, com o laptop ligado, depois de um fim de semana de sempre, tristão, com minha mãezinha, atualizando o blog, agora, com meu mini-modem bacana, mais muderna do que estava num certo Natal de 2008, quando escuto certa voz conhecida na TV do Paulinho, o dono do bar aqui.
Ele, o próprio, o dono da trilha sonora de sempre desta pequena obra de arte, comemorando 50 anos de reinado neste país, com a mulherada cantando os maiores sucessos. Que medo, meu Deus.
Ainda não cantou "Como é grande meu amor por você", mas já bem fui sacaneada pelo Paulinho, o dono do bar que testemunhou aquela noite maldita em que eu babava de ódio aqui e comecei este blog - "tá lembrando, né?" -, e já bem tomei na fuça "se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi..."
Fui. Muito.
Ele, o próprio, o dono da trilha sonora de sempre desta pequena obra de arte, comemorando 50 anos de reinado neste país, com a mulherada cantando os maiores sucessos. Que medo, meu Deus.
Ainda não cantou "Como é grande meu amor por você", mas já bem fui sacaneada pelo Paulinho, o dono do bar que testemunhou aquela noite maldita em que eu babava de ódio aqui e comecei este blog - "tá lembrando, né?" -, e já bem tomei na fuça "se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi..."
Fui. Muito.
O jovem cachorro e o barrilzinho de cachaça voador
A história, quem ia contar na mesa da Adega do Largo do Machado era uma amiga minha, "comparsa" do jovem cachorro há anos. A alcunha foi dada pelo próprio fofo, o que, claro, faz minha amiga babar de indignação; uma indignação inócua, naturalmente. Mas, a certa altura, resolvemos que o melhor seria, mesmo, o próprio contar o babado, ocorrido quando o doce trastezinho não tinha nem 30 anos, se não me engano, com riqueza de detalhes, cabisbaixo, olhar do gato do Shrek II, dublado pelo Banderas, na fuça, assustadoramente sedutor.
Foi mais ou menos assim a saga do moço de, hoje, seus 30 e poucos anos:
- Então, a gente já tinha até marcado data pra casar, assinar papel e tudo. Aí, de repente, eu me vi na cama dela, deitadão, só de cueca, e comecei a pensar "o que que eu tô fazendo aqui? Aí, esperei ela dormir, fui no closet, e peguei uma pilha de camisas, umas roupas. Era um apezinho superlegal, a cama ficava numa espécie de mezzanino... Pois é, aí, quando eu tava descendo a escada, ela acordou e perguntou "gatinho, o que você tá fazendo?". Respondi, cara, "meu amor, tô indo nessa".
A partir daí, eu assumo a narrativa, pra resumir. A moça convenceu o fofo a voltar, dormir e pensar no assunto, com calma, no dia seguinte. Ele concordou e voltou. E repetiu a cena, depois que a pobre, finalmente, dormiu de novo. A moça acordou de novo, interrompendo o plano de fuga do ser, que, mais uma vez, voltou pra cama. E, um milhão de coroas tchecas pra quem adivinhar o que aconteceu: pela terceira vez, o jovem cachorro tentou fugir e, claro, foi novamente flagrado. Só que, dessa vez, por uma fêmea babando de ódio, transtornada. Volto ao relato do protagonista:
- Cara, ela tava com os olhos arregalados, ficou maior que eu, arrancou as roupas da minha mão e jogou tudo pela janela. Absurdo, cara, absurdo. Aí, eu olhei pra ela e peguei a primeira coisa que vi e também joguei pela janela. Aí, ela ficou furiosa só por-que eu joguei pela janela um microsystenzinho dela. Só por isso, ela pegou meu laptop, cara, meu laptop. Eu gritava "o laptop, não, o laptop, nãããããão". Mas não teve jeito, ela conseguiu tirar da minha mão e acertou direitinho o buraco da janela.
Volto a resumir. A essa altura, a pancadaria continuou, e já tinha vidro quebrado no sofá (!?!), sobre o qual nosso herói acabou caindo sentado. De cueca, figurino com o qual tentou sair em desabalada carreira pela porta. Trancada. A moça não queria vê-lo pintado a ouro, mas também cismou de não querer deixar a anta sair de casa. Corre pra lá, corre pra cá, nosso Macunaíma conseguiu por a porta, literalmente, abaixo e correr pra portaria pra tentar alcançar a bicicleta e fugir pra casa da mãe, num bairro próximo ao local do crime. De novo, nosso herói:
- Cara, eu cheguei na portaria, o porteiro já tava enlouquecido, atendendo aos vizinhos, naquela central antiguinha de interfone, todo mundo perguntando o que tava acontecendo. O cara perguntou "meu filho, você tá bem?" Falei "tô, sim, cara, só quero minha bicicleta".
Assim foi feito. Foi de cueca, traseiro sangrando, saindo do prédio, com a bike, quando viu "uns três ou quatro mendigos" com as roupas dele na mão, medindo no corpo, pra ver se servia. Diz ele que ainda teve forças pra arrancar tudo da mão dos caras e sair, catando cavaco, pedalando, segundos antes do gran finale. Depois que conseguiu sair, ele jura que ainda choveu um barrilzinho de madeira - "o barrilzinho que eu usava pra guardar cachaça, cara" -, varejado pela janela pela outrora doce namorada, que acertou o guidão da bicicleta e empenou o veículo utilizado na desabalada carreira pra casa da mãe. No dia seguinte, foram mais de cinco pontos no traseiro, se não me falha a memória.
Nunca mais se viram, certo? Claro que já se viram e claro que a vontade que dá é, como diz minha mãezinha mineira, "dar com o gato morto nos dois até o gato miar".
Foi mais ou menos assim a saga do moço de, hoje, seus 30 e poucos anos:
- Então, a gente já tinha até marcado data pra casar, assinar papel e tudo. Aí, de repente, eu me vi na cama dela, deitadão, só de cueca, e comecei a pensar "o que que eu tô fazendo aqui? Aí, esperei ela dormir, fui no closet, e peguei uma pilha de camisas, umas roupas. Era um apezinho superlegal, a cama ficava numa espécie de mezzanino... Pois é, aí, quando eu tava descendo a escada, ela acordou e perguntou "gatinho, o que você tá fazendo?". Respondi, cara, "meu amor, tô indo nessa".
A partir daí, eu assumo a narrativa, pra resumir. A moça convenceu o fofo a voltar, dormir e pensar no assunto, com calma, no dia seguinte. Ele concordou e voltou. E repetiu a cena, depois que a pobre, finalmente, dormiu de novo. A moça acordou de novo, interrompendo o plano de fuga do ser, que, mais uma vez, voltou pra cama. E, um milhão de coroas tchecas pra quem adivinhar o que aconteceu: pela terceira vez, o jovem cachorro tentou fugir e, claro, foi novamente flagrado. Só que, dessa vez, por uma fêmea babando de ódio, transtornada. Volto ao relato do protagonista:
- Cara, ela tava com os olhos arregalados, ficou maior que eu, arrancou as roupas da minha mão e jogou tudo pela janela. Absurdo, cara, absurdo. Aí, eu olhei pra ela e peguei a primeira coisa que vi e também joguei pela janela. Aí, ela ficou furiosa só por-que eu joguei pela janela um microsystenzinho dela. Só por isso, ela pegou meu laptop, cara, meu laptop. Eu gritava "o laptop, não, o laptop, nãããããão". Mas não teve jeito, ela conseguiu tirar da minha mão e acertou direitinho o buraco da janela.
Volto a resumir. A essa altura, a pancadaria continuou, e já tinha vidro quebrado no sofá (!?!), sobre o qual nosso herói acabou caindo sentado. De cueca, figurino com o qual tentou sair em desabalada carreira pela porta. Trancada. A moça não queria vê-lo pintado a ouro, mas também cismou de não querer deixar a anta sair de casa. Corre pra lá, corre pra cá, nosso Macunaíma conseguiu por a porta, literalmente, abaixo e correr pra portaria pra tentar alcançar a bicicleta e fugir pra casa da mãe, num bairro próximo ao local do crime. De novo, nosso herói:
- Cara, eu cheguei na portaria, o porteiro já tava enlouquecido, atendendo aos vizinhos, naquela central antiguinha de interfone, todo mundo perguntando o que tava acontecendo. O cara perguntou "meu filho, você tá bem?" Falei "tô, sim, cara, só quero minha bicicleta".
Assim foi feito. Foi de cueca, traseiro sangrando, saindo do prédio, com a bike, quando viu "uns três ou quatro mendigos" com as roupas dele na mão, medindo no corpo, pra ver se servia. Diz ele que ainda teve forças pra arrancar tudo da mão dos caras e sair, catando cavaco, pedalando, segundos antes do gran finale. Depois que conseguiu sair, ele jura que ainda choveu um barrilzinho de madeira - "o barrilzinho que eu usava pra guardar cachaça, cara" -, varejado pela janela pela outrora doce namorada, que acertou o guidão da bicicleta e empenou o veículo utilizado na desabalada carreira pra casa da mãe. No dia seguinte, foram mais de cinco pontos no traseiro, se não me falha a memória.
Nunca mais se viram, certo? Claro que já se viram e claro que a vontade que dá é, como diz minha mãezinha mineira, "dar com o gato morto nos dois até o gato miar".
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Ih, já ia esquecendo
Vai ter mais lançamento do Sua Excelência... Aqui no Largo do Machado, numa florista (pois é), e na Câmara de Vereadores de Niterói, onde passei boa parte da vida.
Deve ser no início de julho, mas as datas ainda vão ser fechadas.
Deve ser no início de julho, mas as datas ainda vão ser fechadas.
Enquanto isso, na Sala de Justiça...
... ouvi anteontem uma história de canalha sen-sa-cio-nal, que quase me levou a ligar pro muso desta pequena obra de arte e pedir mil desculpas por ter sido tããããããããããão cruel com o fofo, chamando de "Sua Excelência..." Detalhe, ouvi a história do próprio cachorro, meu mais novo amgo de infância, amigão de uma amiga, numa mesa da Adega aqui no Largo. Quase babei de vontade de chamar a Suipa.
Só não conto agora porque a história é comprida, demanda certo tempo pra relatar os detalhes todos, e eu tô na merda aqui trabalhando, correndo pra consertar a cagada de ter abandonado um trabalho importante.
Amanhã, eu conto. Fui.
Só não conto agora porque a história é comprida, demanda certo tempo pra relatar os detalhes todos, e eu tô na merda aqui trabalhando, correndo pra consertar a cagada de ter abandonado um trabalho importante.
Amanhã, eu conto. Fui.
Bem feito: quem mandou eu não nascer marciana?
Fui nascer no estranho planeta Terra, comandado, segundo os homens e mulheres de fé, por deus (Drummond também escrevia "Deus" com letra minúscula, tá?), vou me danando existência afora. E a vida sobre esta parte do Sistema Solar vai perdendo o sentido a cada segundo.
Mas, desta vez, vou preferir não me lamuriar. Vou preferir celebrar a vida, enquanto eu puder. Mesmo babando de ódio, dor e indignação. Resumindo muito o babado, ando às turras com deus porque o mané resolveu que minha mãe tem que fazer o caminho do céu. Ela está viva, mas muito, muito doentinha, mesmo. Vou poupá-los dos detalhes todos, até porque nem eu consigo verbalizar direito ainda. O meu sumiço aqui foi porque passei as últimas duas semanas em choque, em total estado de negação, dando meu jeito de ir a Minas o máximo de vezes que eu puder - só não me mando de mala e cuia porque preciso trabalhar aqui, preciso fazer dinheiro, simples assim. Fato é que, tivesse eu alguma fé nesta alma, não saberia o que pedir exatamente.
Noves fora nada, dei uma pirada básica, quase perdi um trabalho por absoluta incapacidade de me concentrar em um milhão de coisas ao mesmo tempo e vou me recompondo aos trancos e barrancos, tentando preparar a alma, distraindo o cérebro com trabalho, agora, já retomado de verdade. Aí, acordo eu nesta gloriosa sexta-feira, tocando a vida, me preparando pra ir pra Minas amanhã pra fazer cafuné na minha véia, tomo na fuça, hoje de manhã, a notícia da morte de um amigo.
Marcelo Nóbrega. Jornalista, foi editor de Tecnologia e Internacional no JB, que foi onde a gente trabalhou junto. Trinta e poucos anos. Casado há 10, planejava o primeiro filho com a mulher pra daqui a pouco. Só que não deu tempo: o bichinho teve um infarto fulminante esta madrugada, morreu em casa e deixou a galera toda passada, pretérita, absurdada, enjoada desta vida de meu deus, todo mundo jurando que vai se ver semana que vem porque puta-que-o-pariu-a-gente-fica-sem-ver-as-pessoas-por-conta-de-trabalho-e-dá-uma-merda-dessas.
Passei um dia infernal, com a fuça no trabalho, em casa, porque não tive nenhuma condição de ir pro escritório, babando de raiva da lógica do Criador e de uma tristeza imensa. O engraçado é que agora, no fim do dia, depois de entubar a morte do Nóbrega, passados os estágios da negação e da ira, vou sendo tomada por uma estranha vontade de ficar viva demais, sem viadagem, sem babar por dor pequena, diante da percepção de que, de repente, a porra da vida vai embora, sem aviso prévio, sem telegrama, sem spot no rádio, sem reunião de pauta, sem briefing. Agora, só penso na família dele (pai, mãe, irmãos e mulher), que, a essa altura, ainda tá tentando fazer o velório começar no São João Batista - atrasou tudo demais por algum motivo que ainda desconheço, e parece que só vai começar depois das 23h. Não vou. Simplesmente não consigo. É informação demais pra minha cabeça. Até porque o povo tá combinando de ir pro cemitério amanhã de manhã, que é quando eu já tenho passagem marcada, de ônibus, pra Minas. Amarguei certa culpa, mas já "bati papo" longuíssimo com o manezinho, daqui, mesmo, do Largo, e o peito deu certa apaziguada.
Não, eu não sei como a morte do Nóbrega acabou me botando pra trabalhar. Fuga? Claro. Mas também tenho a sensação de que a desgraceira toda acabou virando recado dos céus (com letra minúscula também, que ainda tô muito puta) pra esta escritora mané.
Cumpra-se.
Mas, desta vez, vou preferir não me lamuriar. Vou preferir celebrar a vida, enquanto eu puder. Mesmo babando de ódio, dor e indignação. Resumindo muito o babado, ando às turras com deus porque o mané resolveu que minha mãe tem que fazer o caminho do céu. Ela está viva, mas muito, muito doentinha, mesmo. Vou poupá-los dos detalhes todos, até porque nem eu consigo verbalizar direito ainda. O meu sumiço aqui foi porque passei as últimas duas semanas em choque, em total estado de negação, dando meu jeito de ir a Minas o máximo de vezes que eu puder - só não me mando de mala e cuia porque preciso trabalhar aqui, preciso fazer dinheiro, simples assim. Fato é que, tivesse eu alguma fé nesta alma, não saberia o que pedir exatamente.
Noves fora nada, dei uma pirada básica, quase perdi um trabalho por absoluta incapacidade de me concentrar em um milhão de coisas ao mesmo tempo e vou me recompondo aos trancos e barrancos, tentando preparar a alma, distraindo o cérebro com trabalho, agora, já retomado de verdade. Aí, acordo eu nesta gloriosa sexta-feira, tocando a vida, me preparando pra ir pra Minas amanhã pra fazer cafuné na minha véia, tomo na fuça, hoje de manhã, a notícia da morte de um amigo.
Marcelo Nóbrega. Jornalista, foi editor de Tecnologia e Internacional no JB, que foi onde a gente trabalhou junto. Trinta e poucos anos. Casado há 10, planejava o primeiro filho com a mulher pra daqui a pouco. Só que não deu tempo: o bichinho teve um infarto fulminante esta madrugada, morreu em casa e deixou a galera toda passada, pretérita, absurdada, enjoada desta vida de meu deus, todo mundo jurando que vai se ver semana que vem porque puta-que-o-pariu-a-gente-fica-sem-ver-as-pessoas-por-conta-de-trabalho-e-dá-uma-merda-dessas.
Passei um dia infernal, com a fuça no trabalho, em casa, porque não tive nenhuma condição de ir pro escritório, babando de raiva da lógica do Criador e de uma tristeza imensa. O engraçado é que agora, no fim do dia, depois de entubar a morte do Nóbrega, passados os estágios da negação e da ira, vou sendo tomada por uma estranha vontade de ficar viva demais, sem viadagem, sem babar por dor pequena, diante da percepção de que, de repente, a porra da vida vai embora, sem aviso prévio, sem telegrama, sem spot no rádio, sem reunião de pauta, sem briefing. Agora, só penso na família dele (pai, mãe, irmãos e mulher), que, a essa altura, ainda tá tentando fazer o velório começar no São João Batista - atrasou tudo demais por algum motivo que ainda desconheço, e parece que só vai começar depois das 23h. Não vou. Simplesmente não consigo. É informação demais pra minha cabeça. Até porque o povo tá combinando de ir pro cemitério amanhã de manhã, que é quando eu já tenho passagem marcada, de ônibus, pra Minas. Amarguei certa culpa, mas já "bati papo" longuíssimo com o manezinho, daqui, mesmo, do Largo, e o peito deu certa apaziguada.
Não, eu não sei como a morte do Nóbrega acabou me botando pra trabalhar. Fuga? Claro. Mas também tenho a sensação de que a desgraceira toda acabou virando recado dos céus (com letra minúscula também, que ainda tô muito puta) pra esta escritora mané.
Cumpra-se.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Acabei esquecendo
No meio do caos familiar, um site bacana de jornalistas-escritores publicou um conto meu, que tinha mandado pra lá há um tempo. Tá lá: http://segundaasexta.com.br/2009/05/09/uma-menina/
Segundo boatos, ainda vivo
Claro que vou logo me explicando. O sumiço foi por conta da última viagem a Minas, onde vi minha mãezinha doente demais da conta, demais de doer. Claro que a cabeça deu um nó, a ficha caiu, o coração derreteu, e passei os últimos dias passando a vida inteira na cabeça, arrancando força do útero pra ir tocando a vida aqui no Largo; tentando não enfiar a mão na fuça de cada parente e amigo que foi visitar minha véia querida e repetiu que Deus sabe o que faz. Ãrrã, ãrrã, ãrrã: tô até agora pensando nas coisas que o Homem faria se não soubesse o que faz. Não, eu não vou sugerir Deus pra muso do Sua Excelência, o Canalha, que isso, como sabemos, dá um azar da porra.
Bem feito pra mim: passei 2008 inteiro praguejando contra o universo por conta de uma dor que me tirou do prumo no ano passado e que agora parece aquele braço dormente que, às vezes, incomoda a gente.
É isso. Resumindo, é isso. Vou pra cama, que amanhã é dia longo de trabalho, e o fim de semana é de viagem pra Minas, como serão quase todos os fins de semana a partir de agora até Deus, Aquele que "sabe o que faz", sabe quando.
Bem feito pra mim: passei 2008 inteiro praguejando contra o universo por conta de uma dor que me tirou do prumo no ano passado e que agora parece aquele braço dormente que, às vezes, incomoda a gente.
É isso. Resumindo, é isso. Vou pra cama, que amanhã é dia longo de trabalho, e o fim de semana é de viagem pra Minas, como serão quase todos os fins de semana a partir de agora até Deus, Aquele que "sabe o que faz", sabe quando.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Sei lá o que dizer
Me danando toda aqui pra acabar um trabalho até sexta, prestes a embarcar pra Minas pra passar o Dia das Mães no hospital com minha mãezinha, tive nem coragem de chorar ainda. Tem só uma porra dum nó na garganta que não passa de jeito nenhum.
Mas vou poupá-los, que não tenho nem muito o que contar mais. Inté, meu povo.
Mas vou poupá-los, que não tenho nem muito o que contar mais. Inté, meu povo.
terça-feira, 5 de maio de 2009
Tudo errado, tudo errado, tudo errado
Dia de trabalho maluco, pepino de banco ainda por resolver por conta do roubo da bolsa, mãe de 86 anos no hospital em Minas, solidão da moléstia.
Tá foda, meu povo, tá foda.
Vou nessa, que o senso de humor foi pro pré-sal.
Tá foda, meu povo, tá foda.
Vou nessa, que o senso de humor foi pro pré-sal.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Meu Deus, cadê eu?
Sabe quando você acorda com a percepção de que boa parte - aliás, quase a totalidade - dos seus sonhos e planos de vida não estão nem perto de virar verdade?
Sabe quando a gente vai inventariando todos os machos que passaram pela nossa modesta biografia e percebe que nenhum vale uma citação de rodapé de livro?
Sabe quando o coração tá vazio, o coitado, e não há nem um alvo por quem se apaixonar só pra ir passando o tempo?
Sabe quando a gente tem uma reunião às 9h30 na Gávea, são quase 8h30, e a gente acha que faz o maior sentido do mundo ficar desabafando num blog?
Pois é. Saco.
Sabe quando a gente vai inventariando todos os machos que passaram pela nossa modesta biografia e percebe que nenhum vale uma citação de rodapé de livro?
Sabe quando o coração tá vazio, o coitado, e não há nem um alvo por quem se apaixonar só pra ir passando o tempo?
Sabe quando a gente tem uma reunião às 9h30 na Gávea, são quase 8h30, e a gente acha que faz o maior sentido do mundo ficar desabafando num blog?
Pois é. Saco.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Plantão de Polícia VII - Grand finalle
- Posso ir embora?
- Pode.
- Valeu. Bom plantão, aí.
- Ah, ó, da próxima vez que ficar com fome de madrugada, pede pro cara entregar o sanduíche.
- Pode.
- Valeu. Bom plantão, aí.
- Ah, ó, da próxima vez que ficar com fome de madrugada, pede pro cara entregar o sanduíche.
Plantão de Polícia VI - Briga de colega
Outro policial chega pro plantão, diz algo que não ouvi pro meu puliça amigo, que fica puto, levanta e vai atrás do colega, babando de ódio. Necessário explicar que, enquanto eu fazia meu registro, um guarda municipal chegou com um sujeito com cara de bandidinho da área e teve que esperar até o paiaço acabar meu B.O. No fim das contas, entendi que o outro tinha insinuado que o guarda municipal tava esperando porque meu amigão tava enrolando. Meu companheiro servidor, aos berros:
- Quando eles chegaram, eu já tava atendendo essa senhora (eu, no caso).
O cara:
- Não falei nada.
O injustiçado:
- Não falou, mas pensou. Pensou, que eu sei. (...) Minha avó era mãe-de-santo, eu estudei essas paradas e agora eu leio pensamento, tá?
- Quando eles chegaram, eu já tava atendendo essa senhora (eu, no caso).
O cara:
- Não falei nada.
O injustiçado:
- Não falou, mas pensou. Pensou, que eu sei. (...) Minha avó era mãe-de-santo, eu estudei essas paradas e agora eu leio pensamento, tá?
Plantão de Polícia V - Casal marrento
Casal chega pra saber se o carro tinha sido rebocado. A mesma mocinha do balcão:
- Tudo bem. Placa?
- Não sei, não...
- Como assim?
- É um carro de empresa. Só que eu deixei o documento dentro do carro e não lembro a placa. Hoje é feriado, não tem ninguém lá, e não consigo descobrir a placa.
- Aí, fica difícil.
Lá pelas tantas, a mocinha sai do balcão, puta da vida, e chama outro policial pra ajudar. Eu só escuto ela sussurrar algo como "o cara fica cartando, cheio de marra". Ato contínuo, o meu policial amigo começa a resmungar, docemente, coisas como "tem gente que vem aqui e acha que policial é merda, esquece que aqui tem gente formada, porra" e "vai chupar uma pomba pra ver se vira rola".
O outro policial entra em cena.
- O que que houve, amigo?
- Etc, etc, etc...
- Assim não dá. A gente não pode fazer nada. O único jeito é ir lá no depósito da Benedito Hipólito e pedir o favor de alguém deixar você ver se o carro tá lá, ok? Boa tarde.
E despachou o casal, com uma educação que minha mãe chamaria de "tapa com luva de pelica". Só depois que os dois saíram, é que soubemos que a palhaça da mulé, em algum momento, diante das perguntas da mocinha do balcão, que tentava ajudar a anta, mandou pro companheiro "você não tem que dar satisfação". Conclusão do grupo de servidores públicos, que babava de ódio do babaca, verbalizada pelo policial que despachou a dupla:
- Como assim "não tem que dar satisfação"? Vem aqui e "não tem que dar satisfação"? Aqui, a gente é pago pra isso: se não der satisfação, a gente toma.
- Tudo bem. Placa?
- Não sei, não...
- Como assim?
- É um carro de empresa. Só que eu deixei o documento dentro do carro e não lembro a placa. Hoje é feriado, não tem ninguém lá, e não consigo descobrir a placa.
- Aí, fica difícil.
Lá pelas tantas, a mocinha sai do balcão, puta da vida, e chama outro policial pra ajudar. Eu só escuto ela sussurrar algo como "o cara fica cartando, cheio de marra". Ato contínuo, o meu policial amigo começa a resmungar, docemente, coisas como "tem gente que vem aqui e acha que policial é merda, esquece que aqui tem gente formada, porra" e "vai chupar uma pomba pra ver se vira rola".
O outro policial entra em cena.
- O que que houve, amigo?
- Etc, etc, etc...
- Assim não dá. A gente não pode fazer nada. O único jeito é ir lá no depósito da Benedito Hipólito e pedir o favor de alguém deixar você ver se o carro tá lá, ok? Boa tarde.
E despachou o casal, com uma educação que minha mãe chamaria de "tapa com luva de pelica". Só depois que os dois saíram, é que soubemos que a palhaça da mulé, em algum momento, diante das perguntas da mocinha do balcão, que tentava ajudar a anta, mandou pro companheiro "você não tem que dar satisfação". Conclusão do grupo de servidores públicos, que babava de ódio do babaca, verbalizada pelo policial que despachou a dupla:
- Como assim "não tem que dar satisfação"? Vem aqui e "não tem que dar satisfação"? Aqui, a gente é pago pra isso: se não der satisfação, a gente toma.
Plantão de Polícia IV - Vítima 171
- Tá bom, vamu lá. (...) Endereço comercial?
- Rua Tal, número 171. Sem gozação, por favor.
- Tu tá de sacanagem?
- Eu juro que o número é esse.
- Tá bom, vamu lá, ô, 171..., ô, desculpe...
- Tudo bem, eu mereço.
- Rua Tal, número 171. Sem gozação, por favor.
- Tu tá de sacanagem?
- Eu juro que o número é esse.
- Tá bom, vamu lá, ô, 171..., ô, desculpe...
- Tudo bem, eu mereço.
Plantão de Polícia III - Culpa do Senna
Na TV do plantão, uma matéria especial dos 15 anos da morte do Senna. Policial paiaço, pra mocinha do balcão do plantão:
- Cara, tem 15 anos. Fulana, ela joga isso na minha cara até hoje. E olha que ela virou sapatão.
Eu, curiosa:
- Hein? Que papo é esse?
- Cara, uma vez, a gente ia prum motel, só que, aí, o Senna morreu, eu fiquei tristão e não fui. Ela ficou puta comigo.
- Por isso que ela virou sapatão, mané.
- Não, não foi isso, não. Eu, uma vez, pedi pra ela transar com uma mulher pra eu ver, ela gostou mais do que de homem. Agora, só quer mulher. Mas, até hoje, ela me fala que eu sou o único homem que ela ainda tem vontade de dar. Mas, sei lá, ela ficou muito macha. Fica falando "minha mulé" pra cá, "minha mulé" pra lá. Acho esquisitão.
Eu, pra mocinha do balcão:
- Vem cá, eu preciso ficar escutando essa bobajada?
- Ele é assim, mesmo.
Ele:
- Ela sabe tudo da minha vida. Conto tudo aqui. Aliás, eu conto tudo pra ver se ela sai comigo, mas não tem jeito. Fica falando que eu sou casado.
- Vem cá, se não parar essa sacanagem, eu vou pra 10ª DP (Botafogo).
- Cara, tem 15 anos. Fulana, ela joga isso na minha cara até hoje. E olha que ela virou sapatão.
Eu, curiosa:
- Hein? Que papo é esse?
- Cara, uma vez, a gente ia prum motel, só que, aí, o Senna morreu, eu fiquei tristão e não fui. Ela ficou puta comigo.
- Por isso que ela virou sapatão, mané.
- Não, não foi isso, não. Eu, uma vez, pedi pra ela transar com uma mulher pra eu ver, ela gostou mais do que de homem. Agora, só quer mulher. Mas, até hoje, ela me fala que eu sou o único homem que ela ainda tem vontade de dar. Mas, sei lá, ela ficou muito macha. Fica falando "minha mulé" pra cá, "minha mulé" pra lá. Acho esquisitão.
Eu, pra mocinha do balcão:
- Vem cá, eu preciso ficar escutando essa bobajada?
- Ele é assim, mesmo.
Ele:
- Ela sabe tudo da minha vida. Conto tudo aqui. Aliás, eu conto tudo pra ver se ela sai comigo, mas não tem jeito. Fica falando que eu sou casado.
- Vem cá, se não parar essa sacanagem, eu vou pra 10ª DP (Botafogo).
Plantão de Polícia II - Moita Bonita
- Então, tá, então. O que que houve com a senhora?
- Dei mole num trailler do Largo do Machado, me levaram a bolsa com todos os documentos.
- Tá bom. Vamos registrar. (...) A senhora nasceu no Rio?
- Não, em Sergipe.
- Qual cidade?
- Malhador.
Policial gaiato cata a lista de municípios de Sergipe.
- Ih, sabia que tem uma cidade lá chamada Malhada dos Bois?
- Não.
- Juro. Olha aqui - vira o monitor do computador pra mim.
- Ainda bem que não nasci lá.
- Ih, tem uma que chama Moita Bonita. Sem sacanagem. Cê (já éramos amigos de infância) pode nem ter nascido lá, mas que deve ter sido feita na Moita, ah, deve.
- Vem cá, será que dá pra parar de me sacanear?
- Dei mole num trailler do Largo do Machado, me levaram a bolsa com todos os documentos.
- Tá bom. Vamos registrar. (...) A senhora nasceu no Rio?
- Não, em Sergipe.
- Qual cidade?
- Malhador.
Policial gaiato cata a lista de municípios de Sergipe.
- Ih, sabia que tem uma cidade lá chamada Malhada dos Bois?
- Não.
- Juro. Olha aqui - vira o monitor do computador pra mim.
- Ainda bem que não nasci lá.
- Ih, tem uma que chama Moita Bonita. Sem sacanagem. Cê (já éramos amigos de infância) pode nem ter nascido lá, mas que deve ter sido feita na Moita, ah, deve.
- Vem cá, será que dá pra parar de me sacanear?
Plantão de Polícia I - Humilhação pública
Policial de plantão na 9ª DP (Catete), agora à tarde:
- O que que houve com a senhora?
- Eu sou a mulher mais burra do mundo.
- Bom, se a senhora tá falando, quem sou eu pra discordar?
- O que que houve com a senhora?
- Eu sou a mulher mais burra do mundo.
- Bom, se a senhora tá falando, quem sou eu pra discordar?
Lembram da paz com o universo?
Durou menos de uma hora. Só o tempo de eu descer pra comprar papel higiênico na farmácia e uma frutinha pro café da manhã num mercadinho aqui perto.
- Quanto é a manga, moço? - eu, no caixa do mercadinho pro dono do estabelecimento.
- 4,50.
- Tá caro.
- A senhora é que não compra manga há muito tempo.
- É, tem muito tempo. Uma semana. (Três, na verdade, mas achei que "uma" era mais dramático)
- A senhora é que tá ganhando pouco. (Na boa, precisava?)
- Vem cá, não preciso ficar tomando patada logo de manhã - e fui pegando a manga pra devolver pra prateleira, puta da vida, com o monte de grosseria que o ser continuou destilando e que já nem me lembro mais.
E arrematei, já saindo:
- O senhor é que tá perdendo cliente pra deixar de ser grosso.
Já na calçada, escuto o palhaço gritar algo como "sou grosso, mesmo... vai pra casa, vai, tomar patada do marido" e dou a famosa paradinha Rozane-Monteiro. Viro no calcanhar, volto, sacolinha de papel higiênico na mão, vejo a cara do sócio da anta, que, a essa altura, tava com a típica cara de "isso vai dar merda", e mando na fuça do traste malcriado:
- Acho que o grosso do senhor é que é pequeno, tá?
Claro que me mandei o mais rápido que pude, antes que acabasse com uma manga na lata. Mas deu pra sentir que a frase final causou comoção, gargalhada geral, e quase fui aplaudida em cena aberta.
P.S.: A fruta do café da manhã acabou virando um abacaxi que comprei dum fofo na esquina da Rua do Catete com Machado de Assis, que até tava sem faca pra descascar o tal, mas encerrou nossa conversa com um doce "Deus abençoe a senhora" e um sincero "bom feriado" e zerou minha sanha contra seres humanos em geral.
Foi isso. Resumindo, foi isso. E não é nem meio-dia ainda. Oremos.
- Quanto é a manga, moço? - eu, no caixa do mercadinho pro dono do estabelecimento.
- 4,50.
- Tá caro.
- A senhora é que não compra manga há muito tempo.
- É, tem muito tempo. Uma semana. (Três, na verdade, mas achei que "uma" era mais dramático)
- A senhora é que tá ganhando pouco. (Na boa, precisava?)
- Vem cá, não preciso ficar tomando patada logo de manhã - e fui pegando a manga pra devolver pra prateleira, puta da vida, com o monte de grosseria que o ser continuou destilando e que já nem me lembro mais.
E arrematei, já saindo:
- O senhor é que tá perdendo cliente pra deixar de ser grosso.
Já na calçada, escuto o palhaço gritar algo como "sou grosso, mesmo... vai pra casa, vai, tomar patada do marido" e dou a famosa paradinha Rozane-Monteiro. Viro no calcanhar, volto, sacolinha de papel higiênico na mão, vejo a cara do sócio da anta, que, a essa altura, tava com a típica cara de "isso vai dar merda", e mando na fuça do traste malcriado:
- Acho que o grosso do senhor é que é pequeno, tá?
Claro que me mandei o mais rápido que pude, antes que acabasse com uma manga na lata. Mas deu pra sentir que a frase final causou comoção, gargalhada geral, e quase fui aplaudida em cena aberta.
P.S.: A fruta do café da manhã acabou virando um abacaxi que comprei dum fofo na esquina da Rua do Catete com Machado de Assis, que até tava sem faca pra descascar o tal, mas encerrou nossa conversa com um doce "Deus abençoe a senhora" e um sincero "bom feriado" e zerou minha sanha contra seres humanos em geral.
Foi isso. Resumindo, foi isso. E não é nem meio-dia ainda. Oremos.
Bom dia, universo! (*)
(*) Estratégia metafísica de tentar não me lamuriar com as últimas desgraças domésticas e começar o mês novo em paz com o cosmo.
Plano pro Dia do Trabalhador: tomar café da manhã de princesa enquanto leio jornal, ralar igual a uma moura no tal do trabalho que foi pro sal com o roubo da bolsa com os pen drives, ir na delegacia pra registrar o tal do furto pra não correr o risco de alguém fazer uma merda com meus documentos todos, classificar o ocorrido na segunda-feira como algo que pertence ao passado, pretérito perfeito, past simple, f-o-i.
Ah, sim, também devo reservar alguma energia pra ver se consigo beijar numa boca até domingo, que não sou de ferro - significa retomar os contatos com certo ser que andei desprezando.
Cumpra-se.
Plano pro Dia do Trabalhador: tomar café da manhã de princesa enquanto leio jornal, ralar igual a uma moura no tal do trabalho que foi pro sal com o roubo da bolsa com os pen drives, ir na delegacia pra registrar o tal do furto pra não correr o risco de alguém fazer uma merda com meus documentos todos, classificar o ocorrido na segunda-feira como algo que pertence ao passado, pretérito perfeito, past simple, f-o-i.
Ah, sim, também devo reservar alguma energia pra ver se consigo beijar numa boca até domingo, que não sou de ferro - significa retomar os contatos com certo ser que andei desprezando.
Cumpra-se.
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