segunda-feira, 13 de abril de 2009

Cerejinha do bolo

Tava nóis, eu e o alemão, no terraço do café do Oi Futuro, aqui na Dois de Dezembro, antes da mãe de todas as conversas da Conexão Rio-Berlim, um certo ser aparece na janela do prédio em frente, no telefone, combinando almoço com algum outro ser.

Sem sacanagem, era a mesma fuça do muso desta pequena obra de arte. Mesmo tom de voz. Mesmo tom de risada. Mesmo jeitão de falar ao telefone. Mesmo ar de quem leu Proust. Mesma, sei lá, envergadura, mesma embocadura - meu pai do céu, vou acabar fazendo poema. Assustador.

O melhor: como perdi meus óculos pra longe (o tal do multifocal) e como não ando podendo gastar dinheiro pra fazer os novos, não consegui ter a certeza absoluta (ênfase no "absoluta") de que não era o muso mesmo. Fiquei com a prova circunstancial: o tal senhor mora a um milhão e meio de quarteirões da Dois de Dezembro e não usa a barba ou o que for do jeito que o ser usa. O muso pode ter mudado de endereço e a barba, eu sei. Não, eu não tenho como apurar. Caguei, na verdade. A questão é que isso tudo quer dizer que, ao que parece, nem reconheço mais o tal. Como diria o Ancelmo: "Meu Deus!"

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