quinta-feira, 17 de março de 2011

E tem mais

Esse blog precisa acabar, precisa ser enterrado de vez, preciso ter alguma ideia brilhante pra lançar outro blog pra falar o que realmente quero, sem essa ridícula alcunha "Sua Excelência..." Isso não faz mais nenhum sentido, meu Deus.

Ando me sentindo meio ridícula, é fato. Manter esse blog é cultivar a memória de um homem que só me fez mal. Quero continuar tagarelando na rede mundial de computadores, sem ficar atrelada à história de um palhaço.

Ih, num tô nada bem.

Aceitando sugestões pra criar outro blog. É sério. Esse aqui já deu. Adoro os comentários de todos/todas vocês, mas, admitam, ficou meio datado, né? Não quero mais praguejar contra os homens, em geral, até porque, de coração, não generalizo; isso aqui foi só pra desabafar por conta do 'mal' que me fez um único macho: exagerei, "Sua Excelência...'" pode ser tudo na vida, menos macho; não quero mais falar de um cachorro que me fez danar no inferno; não quero mais bancar a fêmea magoadinha que teve um surto; não quero mais bancar a fêmea que, "apesar de tudo", deu a volta por cima e lançou um blog e um livro; não quero mais ter meu nome ligado a um sujeito que, simplesmente, não tem culhão pra coisa alguma (= tradução fofa pra "porra nenhuma").

Não quero mais esse blog. Pronto, falei,

Cumpra-se.

Aaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhh! Dia foda!!!!!!!!!!!

Cês não têm noção do dia que tive hoje. Nem vão ter, foi mal, porque não posso contar. Mas tô completamente ao contrário, tentando dormir, assombrada por tudo o que vai voltar a me assombrar amanhã no trabalho.

Pronto, desabafei.

Ainda bem que tô sem passaporte (pois é, venceu). Tivesse eu um passaporte válido na mão, sei lá o que eu faria hoje.

Desculpa, aí, mas tô muito fula da vida. Com o trabalho? Claro que não. Com a minha pessoa, de uma maneira geral.

terça-feira, 1 de março de 2011

Não tem preço

Aliás, tem: R$ 300. Foi quanto eu acabei de pegar nos Correios com um vale postal da editora que comprou a história do meu canalha e publicou recentemente numa revista popular.

Tô que num me guento.

Pois os R$ 300 já viraram dois pares de brincos de prata e dois vestidos bacanas. E ainda me sobraram R$ 80 pratas pra andar de táxi a semana inteira sem culpa.

Ai, ai.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vou ralar. Inté.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Fora isso, tudo em paz

De volta ao cafofo, limpinho graças à boa Zefa; mala ainda por desafazer, naturalmente; "Tropa de Elite 2" no ponto pra ver e encerrar esse sabadão de chegança.

P.S.: Parece que eu fiquei meses fora de casa. Isolada na pacata Marataízes, nem me lembrava mais que já estamos em pleno Carnaval nesta cidade que há de virar uma imensa Bahia. Desci pra fazer compra de comida, já que a geladeira tá vazia há duas semanas, e dei de fuça com foliões suados, ainda vindo dos blocos; mesas na calçada do restaurante aqui embaixo (coisa que só acontece no auge do verão); zum-zum-zum de samba já tomando o Largo.

P.S.1: Nenhuma, mas nenhuma vontade mesmo de trabalhar na segunda-feira.

P.S.1: Costas já não ardem mais. Só coçam, coçam, coooooooooçam. E descascam, claro, como o nariz. Alguém pode lembrar a esse meu corpinho que eu sou neguinha, caceta. Não era, portanto, pra eu estar passando por este papel miserável. Pronto, falei.

Susto no check in em Vitória

- Sua passagem está emitida em nome de "Rozane Monteiro", mas o nome da senhora na identidade é Maria Rozane Siqueira Monteiro.

- É que "Rozane Monteiro" é meu nome de guerra...

- ...

- Quero dizer, é que eu sou jornalista. "Rozane Monteiro" é o nome que aparece no jornal e..

- Tá bom, tudo bem, tudo bem. Mas não deixe isso acontecer de novo, senão a senhora pode correr o risco de não embarcar.

Na boa, sinto que a mocinha da Gol deve ter achado que "nome de guerra" é qualquer coisa menos alcunha de jornalista. Duvido até agora, sinceramente, que ela tenha acreditado que eu exerça alguma outra profissão que não a das moças de vida difícil.

Partiu!

E lá vou eu botar o pé na estrada de novo. A caminho de Vitória daqui a pouco e, depois, de avião pro Rio. Inté, meu povo. Fui.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Prontinha pra outra

O doutor do Centro Médico, muito mais sensato do que o colega do Posto de Saúde, aliás, concluiu que o piripaque todo foi só, mesmo, a soma absurda de uma contratura muscular e de uma queimadura conseguida por "abuso de exposição ao sol", no corpinho de uma fofa que saiu de uma vida estressada demais diretamente pra uma rotina pacata demais, fazendo todos os dias coisas com as quais não está acostumada, a saber: caminhar no sol e pegar ondas (pois é, tenho um passado de "peixinho", que resolvi reviver aqui), como se não houvesse amanhã.

Só eu não sabia, eu sei, eu sei. Me poupem.

Ah, sim, por que torrei só as costas absurdamente? Porque me preocupei em passar protetor onde as mãos alcançam só enquanto estava na praia. Pra caminhar, achei que só o chapeuzinho fashion que comprei aqui me protegeria do astro-rei. Faltou a anta aqui lembrar que os vestidinhos com os quais anda flanando aqui são, todos, decotados nas costas, parte do corpinho que não pega nunca, nunquinha, mesmo, sol no Rio, ao contrário dos braços, intactos, douradinhos agora. Dã.

No mais, o médico fofo suspendeu o remédio que o gênio do colega me passou "à toa", segundo ele; me deu um puxão de orelhas todo doce; e me despachou me fazendo jurar que não torraria mais no sol e que me bezuntaria o quanto pudesse com Caladryl.

De volta ao controle, portanto, já sentadinha no quarto, de frente pra TV, enrolando o quanto eu posso pra começar a fazer a mala pra partir amanhã.

Siiiiiim, passei um tempinho na praia, depois do médico, enfiada embaixo de uma barraca, toda coberta de canga, só o tempo de dar um mergulho rápido e almoçar. Com todo o Caladryl do mundo no lombo agora.

É isso. Por enquanto, é isso. Fui.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Lembram das costas que não são alcançadas pelas minhas mãos solteiras pra passar protetor solar?

Pois é. Deu uma queimadura absurda, quase morri de dor hoje, baixei posto de saúde, tomei um voltarem na bunda dum enfermeiro muito do malcriado e mal humorado e passei a tarde de molho na pousada, na sombra, ventilador na fuça, caladryl no lombo.

Lembram do ventinho de sempre? Pois é, sumiu.

Ah, sim, amanhã de manhã vou baixar no Centro Médico de cidade, que atende meu plano, pra ver essa parada direito, já que o doutor do posto e a farmacêutica da esquina tão achando a dor que eu tava sentindo um pouco acima do tom pruma simples queimadura de praia, por mais grave que possa estar parecendo.

No mais, depois, vou descobrir o que tá passando no cinema da cidade e ver o que tem de museu por aqui e mais algum programa que possa ser curtido à sombra.

E quem quiser que conte outra.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O fofo franco do quiosque da praia

- Moço, me dá o peroá (peixe da região) frito, mas sem fritas, sem aipim e sem farofa. Só com a salada, tá?

- Tá bom, linda. Não quer ficar mais... encorpada, né?

Na boa, precisava?

Danço eu, dança você na dança da solidão

Em termos de verão na praia, achei que não havia nada pior do que estar sozinha demais, sem ter quem passe protetor nas minhas costas. Há: não ter ninguém pra passar hidratante nas mesmas costas, já ardidas porque, como sabemos, não tem ninguém pra passar protetor nas tais.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Tartarugas verdes são legais

O que não é, assim, muito legal é dar de cara com três delas quando a gente, distraída, vai na água, depois de encher a pança de peroá - peixe da região, excelente -, salada e cerveja, pra lavar os pés e as sandálias.

Feitiço do tempo

Não são nem duas da tarde e eu já, nesta ordem:

1) Cochilei um pouco depois de chegar, às 4h15.
2) Tomei café às 7h30.
3) Caminhei, ao todo, uma hora, pra ir pruma praia qualquer e voltar, ainda há pouco.
3.1) A praia aqui em frente é legal, mas queria andar e pronto.
4) Torrei os miolos na tal da praia.
5) Almocei na tal da praia.
6) Tirei um tempo agora pra postar aqui, tomar banho e decidir se o próximo cochilo, depois do banho, será na cama, de fuça pra TV, ou na rede, de fuça pro mar, antes de caminhar mais um pouco, mais tarde, e jantar.

A pousada dos ventos uivantes

Bem duvidei quando o menino que fez minha reserva falou que não tinha ar condicionado aqui - só ventilador de teto -, mas que eu não ia sentir falta por conta dos ventos.

Minino, não é que o fofo tinha razão? Pois a tal da brisa não para nunca, ventinho circulando o quarto todo, uma zoeirinha sutil disputando a atenção com o bater do mar, que, claro, também não para. E olha que o sol lá fora tá de torrar os miolos.

Marataízes, here I am!

Tirando o rápido contratempo de o ônibus que veio de Minas pra Marataízes ter me desovado no meio da avenida principal porque "a Rio Doce não vai até a rodoviária", onde o motorista de táxi amigo da pousada tava me esperando, tudo indo na mais perfeita. Depois de alguns minutos de pânico, largada, eu, minha mala e um cachorro qualquer no meio do nada, às 4h20, bom Deuci, acionado por mim por celular, veio em meu socorro, e já estou instaladíssima aqui na pousada.

E, sim, a pousada é tudo o que a foto do site prometia: um quarto bacana de fuça pro mar (que aliás, tá batendo aqui, com uma brisa fresquíssima), redinha branquíssima já instalada na varanda, internet sem fio de grátis. Pra enfeitar mais o quadro, o sol tá nascendo, com a Estrela D'Alva ainda a me mirar, mais a silhueta de um barquinho de pescadores passeando preguiçosamente pela paisagem.

Pausa: Marcelo, o bom vigia da noite que me recebeu e me deu o código da conexão wifi acaba de me ligar pra saber, fofo, se eu tinha conseguido acessar. Aun.

É isso, meu povo. Por ora. Vou tentar dormir um pouco pra poder pegar o café, que só começa às 7h30 e vai até as 10h, e cair na vida.

Ah, sim, claro que já tô me espalhando toda pelo quarto, desfazendo a mala e distribuindo roupas, bolsas, sapatos, shampoo, escova de dente, etc, etc, etc. Casa nova por uma semana, portanto.

Cigana, teu nome é Rozane Monteiro.

Fui.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Partiu!

Mando notícias das terras capixabas.

Por ora, cantem comigo:

http://www.youtube.com/watch?v=cmz6FO0hQFY

Você sabe que está ficando velha quando...

..., ao fazer a mala pra se mandar pruma praia na folga, percebe que a bolsinha de remédios é a maior de todas, superando, inclusive, a das bijus.
Não, eu não sonhei de novo com minha tia.

E não, eu não lembrei até agora qual era o tal do recado pra minha prima.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

"Tu num sabe anotar recado..."

Alguns dias em Minas com meu pai e primos e que tais, noves fora, nada, sonhei, mais uma vez, com minha mãe e com um milhão de metáforas e recados da minha veia querida. Até aí, novidade nenhuma, sempre fui a interlocutora do além da família. Ocorre que também sonhei com uma tia querida minha, que morreu em 88, irmã de meu pai, mãe de cinco primos queridos, todos moradores da pacata Visconde do Rio Branco (MG), onde estou. Pois deu-se que no sonho, essa minha tia me chamou num canto e disse que tinha um recado pra uma das filhas, que mora em BH:

- Diz pra ela que...

- Não entendi, tia.

- Diz pra ela que...

- Ainda não entendi, tia.

- Diz pra ela que...

Aí, finalmente, eu entendi e continuei a sonhar com minha mãe. Acordei e... esqueci completamente o recado que era pra dar pra minha prima. Contei pro meu pai, apavorada, de manhã, e fomos almoçar na casa de uma irmã da prima que deveria receber o recado da mãe.

- Pai, não vai contar o sonho pra ninguém lá. Eles podem ficar impressionados - "eles" = a irmã da prima em questão e o marido.

Um milhão de coroas tchecas pra quem adivinhar qual foi um dos primeiros assuntos de meu bom pai na mesa do almoço.

Resposta na minha fuça do cunhado da prima que deveria receber o recado:

- É nisso que dá: tu num sabe anotar recado...

Não, eu não sei se a notícia já chegou ao ouvido da prima de BH e juro que passei o dia pedindo aos céus pra sonhar de novo com minha tia, pra ver se ela repete a mensagem.

Bloco e caneta já na cabeceira.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Já em plena folga, na pacata Visconde do Rio Branco (MG)

Passando uns dias ótimos aqui com meu veio pai, almoço de família programado pro sabadão, partindo pra Marataízes (ES) no domingo à noite. Tô que não me guento.

A má notícia é que me atraquei, na madrugada de hoje, com um "enroladinho de salsicha" do mercadinho aqui em frente - que não estava na geladeira, claro - e acordei "botando os bofes pra fora", como se diz por cá - = vomitando a alma. Bem feita: quem manda ter forme-gula no meio da madrugada? Fato é que o súbito mal estar cancelou o passeio que ia fazer com meu pai e meu primo hoje por Ouro Preto-Mariana-Congonhas por absoluta impossibilidade de me afastar do banheiro. Ai.

No mais, agora, tô na boa, tomando aguinha e comendo cream cracker, pianíssima pra não tomar susto na temporada capixaba.

Oremos.

P.S.: Já bem andei pesquisando aqui sobre o que fazer naquela terra ao Sul do Espírito Santo e já tô lamentando ficar só uma semana por lá. Mando notícias. Com fotos, se conseguir baixar tudo no laptop veio de guerra, que, claro, acabou enfiado na mala, junto com todos os brinquedinhos eletrônicos e cabos que fui capaz de carregar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Me aprontando toda pra partir amanhã. Yes!

A má notícia é que a casa tá de pernas pro ar, quase tudo coberto com lençol, esperando o pedreiro que vai pintar o teto e boa Zefa. E começo a ter a terrível impressão que vou levar bolo dos dois. Oremos.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Yes, we can

Tô tão não-pensando-mais em jornal que esqueci de contar: vou cobrir a visita do Obamão ao Rio, em março.

Algum recado, Bernie Boy, afilhado querido da dindinha?
Não, não consegui comprar a passagem no site da Gol. Ficou dando um erro esquisito, e eu acabei com medo de botar o número do meu cartão naquela geringonça. Mas amanhã resolvo com a fofa que cuida de mim na agência dum amigo meu.

Agora, eu vou: amanhã de manhã, vai baixar o pedreiro pra consertar a infiltração no meu banheiro. Diliça.

Inté, meu povo.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Alguém me abraça!

Tô de fooooooooooooooooolga!!!!!!!

Nem sei o que dizer mais:

Urrú!

Yey!

Iabadabadabadoo!

É nóis!

Fui, que ainda preciso comprar a passagem de Vitória pra cá no site da Gol.

Viva Dona Nilza!

Hoje, 13 de fevereiro, é aniversário da minha mãezinha querida, ela faria 88 anos. Sei lá o que eu tô sentindo. Só sei que, por mais de uma vez durante o dia pensei, por um segundo, num reflexo, "ih, tenho que ligar pra veia amanhã", com medo de esquecer, nessa minha vida maluca, como sempre pensei desde que saí de casa, ocupadinha paca. Pra, no segundo imediatamente seguinte, lembrar que "é, acho que não, não vai dar pra ligar, não". Que fique aqui, portanto, só a vontade de homenagear Dona Nilza, com toda a saudade que pode caber no meu peito por uma mulher que fez de mim a mulher que eu sou e que me ensinou o significado absoluto e absurdo da palavra "saudade".

Só me ocorre republicar aqui o texto que li na missa de sétimo dia dela, há mais ou menos um ano e meio. Pra quem não leu na época, esclareço: ela morreu num hospital em Visconde de Rio Branco, em Minas, terra dela, depois de uma agonia absurda de meses. Quando jovem, já casada "de pouco", como eles dizem lá, ela era gerente do único cinema da cidade - meu pai cuidava da bomboniére que eles tinham no mesmo cinema, ela fazia o melhor sorvete do mundo, segundo dizem. Dona Nilza, na cidade, era a "Nilza do cinema".

Tomem aí o texto que eu li naquela missa absurda, depois de implorar por um tempo na missa do padre da cidade. Lembro que, em algum momento, o padre me dizendo que não podia ceder muito tempo da missa pra mim, eu mandei "padre, eu juro que minha mãe não vai morrer nunca mais, é só dessa vez". Ele riu de lado e me concedeu uns minutinhos na missa pra que eu pudesse ler o seguinte:

No início da década de 40, o escritor franco-argelino Albert Camus publicou O Estrangeiro. Logo no início do livro, o personagem central da trama, Meursault, dá o tom do que seria o romance: "Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem." Na época, Camus ainda era existencialista, uma gente estranha.

Eu, que sempre fui uma romântica incorrigível e nunca consegui ser existencialista, sei bem quando minha mãe querida partiu. Foi há exatamente uma semana, lá por volta das duas e meia da tarde, aqui em Rio Branco.

E há exatamente uma semana tenho passado os dias entre chorar, refletir e acordar esbaforida no meio da noite depois de sonhos angustiantes. O pior deles: num salão escuro, com poltronas, uma mulher qualquer guardava coisas numa caixa enorme, como quem prepara mudança; Eu perguntei: "O que que houve?"; resposta: "É que a Nilza do cinema morreu. Não vai ter mais filme." Minha mãe gerenciou o único cinema da cidade por quase uma década.

Foi também durante esta semana que hesitei em abrir um pote de doce de leite, depois do almoço: "Isso vai me doer. Doce é coisa que Dona Nilza não dispensava por nada desse mundo". Imediatamente, eu jurei que não comeria o tal do doce. Também jurei, estupidamente, que não faria mais nada que me fizesse lembrar de minha mãe e que pudesse me matar de dor. O problema é que também lembrei que, se eu fosse parar de fazer tudo o que me lembraria minha mãe, teria que parar de amar, de sorrir, de ajudar o próximo, de gritar diante de alguma injustiça, de viver, enfim.

Comi o doce e parei de bobagem, lembrando que esta semana também me inundou de inesquecíveis lembranças do ser humano que fez desta moleca a mulher que sou hoje. E foi com elas que decidi ficar, até que minha própria morte chegue, sem nem me importar mais com a moça do sonho que me disse que não ia mais ter filme. No meu cinema da Nilza, a matinée não vai acabar nunca.

Foi Dona Nilza quem passou uma tarde inteira tentando explicar a um olheiro do Flamengo que "aquele menino que joga um bolão, aquele, ali" era uma menina; sua filha de oito anos, aliás. Foi Dona Nilza quem tentou explicar no pronto-socorro que a filha de nove anos tinha acabado de rachar o dedo mindinho do pé direito porque tentava imitar o Gene Kelly dentro do quarto. Foi Dona Nilza quem me disse – eu lá com meus 11 anos – que ficar mocinha não era a pior coisa do mundo.

Foi Dona Nilza que, depois de um estrondoso barulho de vidro quebrado durante uma festa, segurou a mão de alguém e disse "eu tenho certeza de que foi a Rozane. Só me diz se ela está viva". Acertou na mosca: com uns 13 ou 14 anos, eu tinha acabado de cair dentro de um aquário gigante, abandonado no quintal da casa; mas sobrevivi sem um arranhão, sabe Deus como.

Foi Dona Nilza quem me mostrou ser possível dedicar uma vida inteira ao amor incondicional a um homem, meu pai querido, aqui presente, graças a Deus. Foi Dona Nilza que, quando me apaixonei pela primeira vez, lá pelos meus nove anos, me explicou que o mundo não ia acabar só porque o rapaz não me amava. Foi também ela que, quando me apaixonei pela última vez, há uns dois anos, me explicou, de novo, que o mundo não ia acabar só porque o rapaz não me amava. De novo.

Foi Dona Nilza quem passou a vida me dizendo que a existência de Deus sempre independerá dos meus surtos de falta de fé.

Foi Dona Nilza quem imprimiu na minha alma, no último sábado, o significado absoluto da palavra saudade.

Descanse em paz, minha mãe querida.

Resolvidíssima a folga

Me mando na quarta pra Minas, pra ficar uns dias com meu pai. De lá, na segunda, 21, parto de buzum pra Marataízes, no litoral Sul do Espírito Santo, pruma pousada bacana que achei na internet, pra onde já liguei hoje, e o moço já me deu um orçamento de amigo porque vou ficar um monte de dias. A bicha é de fuça pro mar. Ai, ai. De lá, no sábado 26, sigo pra Vitória, pra pegar um avião de volta pro Rio - já bem liguei pra moça da Gol, que me deu um monte de dicas pra comprar a passagem por um preço inacreditável. Também já me informei com o mesmo moço da pousada e descobri que tem um caboclo lá que pode me levar de carro (!) pra Vitória por um preço ridículo. Yey!

É isso. Claro que ainda vou ter um dia infernal no jornal amanhã, por conta do plantão, mas, na boa, tô a 24 horas de sumir no mundo. Iiiiiiiiiiirrúúúúúúúú!

Uma foto do lugar pra onde eu vou:



Se vocês quiserem ver mais:

http://www.pousadaportal.com.br/fotos.php

Fui. Muito.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Meu nome é Murphy

Ah, sim, claro que tô de plantão sábado e domingo. Claro que nosso ex-vice-presidente tá cada vez mais perto da morada do senhor. Claro que eu tenho a certeza absoluta de que Deus vai chamá-lo pra perto de si no meu plantão.

Oremos.

Faltam dois dias pra eu não ter que fazer rigorosamente nada!

Alguém me abraça!

Claro que o pedreiro que tá há 200 anos pra vir aqui consertar a infiltração no teto do banheiro veio hoje aqui pra me dizer que pode fazer o serviço na segunda-feira de manhã. Aun. Primeiro dia de folga, pedreiro no banheiro na fuça. Por que não, né?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Muda tudo no Largo

Vou me mandar pra Minas, pra ficar um pouco com meu paizão semana que vem e de lá me mando, de mala, cuia e laptop pra algum canto do Espírito Santo: terra de praia bacana sem muita muvuca; sem preços absurdos em plena alta temporada, já quase véspera de Carnaval; acessível de ônibus lá de Minas; volto de avião de Vitória quando me der na telha.

Google é meu pastor, nada me faltará.

Cantem comigo: "Coisa que gosto é poder partir sem ter planos; melhor ainda é poder voltar quando queeeeeeeero...; a plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar, é a vida desse meu lugar, é a viiiiiiiiiida..."

Êparrê, minha cigana veia de guerra.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A cinco dias de tirar duas semanas de folga

Num tô nem acreditando.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mais bandeira impossível

Botando as contas em dia, planejando dinheirinho que vai dar pra guardar, me preparando pro sabadão de muita, mas muita faxina, mesmo, neste cafofo.

Na boa, não quero debochar da turma que faz análise - eu, mesma, já fiz -, mas acho que o último fim de semana me economizou uns 37 anos de terapia.

Vou ralar, que ainda tenho um pepino pra resolver com a administradora do prédio antes de ir pro jornal. Tô quase com pena deles: eu costumo ser pior adversária quando tô feliz. Aun.

Inté.

Fala, meu povo

Sabe que esse negócio de voltar às raízes é bom demais? Desculpem a simplicidadezinha, mas é só o que eu tenho a dizer. Parece que reencarnei de novo (momento Chico Xavier), que acordei pra vida, que, sei lá mais o que.

Já volto. Minha mana acaba de me mandar e-mail comprido - ela acabou de chegar na Suíça. Preciso responder pra botar a conversa em dia. Literalmente. Fui.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tava aqui pensando

Não, eu ainda não consigo sentar aqui e postar algo que expresse o que eu tô, realmente, sentindo. São muitas emoções, já diria o Rei, muso eterno deste blog. Mas algumas coisas me ocorrem desde que aterrisei no domingo à noite:

- Ainda não compreendi este estado de paz de espírito em que me encontro. Não consigo nem mais ficar estressada pracaralho com o jornal, trotando de um lado pro outro quando tudo tá dando errado. Simplesmente tô dando meu jeito de resolver, pagando pra não me aborrecer. Não que não faça malcriação quando preciso resolver algo, não que me preocupe menos com o produto final. É simplesmente esquisito ver que minha alma não perde mais o chão quando algo parece não ter solução. Em uma palavra: paz, pessoa que nunca foi das minhas relações, vale aqui ressaltar.

- É uma bobagem cotidiana, eu sei, mas, simplesmente, não tenho mais aquela pressa insana pra resolver nada. Ontem, por exemplo, o moço do táxi não tinha troco e eu, em vez de sair sapateando pelo Largo à procura de outro, como sempre fiz, sentei no carro e esperei, pacientemente, até o cara trocar o dinheiro e me levar pro jornal.

- A louca da síndica (já estávamos em pleno armistício, devo admitir) me ligou hoje pra resolver uma parada do meu telefone que tá mudo há semanas, babado, foi, praticamente, fofa. Resolvemos, e ainda me despedi "Tá bom, Dona Fulana, obrigada, beijo".

- A única metáfora que me ocorre é a seguinte: me sinto como aquele ser que tá há uns, sei lá, 44 anos, tentando terminar um quebra-cabeças e, finalmente, encontra as últimas peças e tem a sua frente um lindo quadro completo. Aí, o ser respira fundo, olha pro mesmo quadro, acende um cigarro, olha pra cima pra soprar a primeira fumaça, toma um gole de água, arrasta a cadeira com o corpo pra trás, levanta e vai cuidar da vida. Afinal de contas, o mesmo ser não tem mais quebra-cabeças nenhum pra terminar.

E toma ficha na fuça.

Alguém me abraça!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ih, esqueci. Confirmado: eu fiquei, mesmo, pra titia

Tô tão pilhada ainda, que acabei esquecendo de uma parte importante do encontro. Conheci meu sobrinho. Assim. Sobrinho! Filha única que sempre fui, nunca pensei que algum dia na vida ouviria um ser fofo, de 12 anos, me chamar de "tia", sem ser gíria de mané. Quase enfartei. Trata-se do filho mais novo do meu irmão, que foi com a tropa me receber no aeroporto. Ai, sei lá, não sei nem o que dizer. Só queria contar.

Ah, e tenho outro, que é o filho mais velho do meu irmão. Alguém me abraça!

Senhoras e senhores, pela primeira vez reunida, La Famiglia, diretamente de Brasília



É isso, meu povo, esta autora informa que já está em seu cafofo no Largo do Machado, depois de um fim de semana com sua família biológica, depois de uns 257 anos separada, cada um em seu canto, cada um com sua biografia, cada um com uma saudade puta, atávica, um do outro, mesmo sem se conhecer ou sem se ver há décadas. Tem uma história pra cada um, mas vou poupá-los. Por ora. Longuíssima história que, dado o altíssimo nível de entorpecimento e de alegria em que me encontro, não vai dar pra contar aqui agora. Juro que conto assim que a ficharalhaça cair.

Por ora, tomem aí a foto de La Famiglia, a saber, da esquerda pra direita:

1) Carlos, 45 anos, o primogênito, meu irmão da família original, de Sergipe, coordenador do programa de combate à dengue de uma cidade do litoral paulista, que gosta tanto de sair em foto quanto esta autora. Mulherada, pode chamar de gato, que eu deixo - fala, coruja! Mas também pode tirar o raio do olho a-go-ra, que o gajo é muito bem casado há anos e pai de família.

2) Esta autora, 44 anos, que gosta tanto de sair em foto quanto o primogênito e que hoje é jornalista, profissão que exerce há mais de 20 anos; já rodou mundo mais do que planejou, menos do que sonhou. E que só tem a dizer o seguinte: abraçar cada um desses uns apertado foi experiência inédita em sua modesta biografia.

3) Dona Lourdes, (não vou revelar a idade, não; não consultei se podia e não tô aqui pra arrumar briga neste momento tão delicado de nós todos). Preciso dizer quem é? Só adianto que me chama de "minha filha" e que chama de "sua mãe" Dona Nilza, minha veia querida, que partiu ano passado; minha mãezinha pra todo o sempre, que me adotou quando eu tinha lá pelos meus três anos, por motivos que, atesto aqui, já compreendi, só agora, mesmo que eles me tenham sido explicados, graças a Deus, sem muitos rebuscamentos freudianos, mas sob uma ótica tão operacional quanto desprendida. Depois, eu conto. Agora, não vai dar, não. Ainda tá passando, quadrado, pela garganta.

4) Simone, 38 anos, filha do segundo casamento de Dona Lourdes, nascida no Rio, criada em Brasília, hoje cantora na Suíça, o ser mais zen da turma, bonita que só ela. Ah, sim, dada a sua capacidade de se meter em roubada e dado o jeitão viajadora, saltimbanca, de ser, já foi apelidada, naturalmente, de Cigana Nova. Adivinhem quem é a Cigana Veia?

E é isso. E quem quiser que conte outra.

Ah, quanto aos presentinhos que fiquei dias remoendo aqui pra decidir o que levaria, ficou assim:

Levei um exemplar do Sua Excelência... pra cada um, com dedicatórias exclusivas, claro. Por quê? Porque lembrei que, além de o livro ter sido uma catarse de vocês sabem o que, foi também um jeito que dei de botar no papel, literalmente, minha alma tal como ela é, com desabafos aqui e ali sobre minha vida desde a infância. Achei que seria um cartão de visitas eficaz e quase enlouqueci meu editor pra me entregar os livros na sexta-feira à tarde - ideias brilhantes, como sabemos, só aparecem na última hora. Ave Artur: não devia, mesmo, mas também te adoro! Claro que, depois que dei o livro pra cada um deles, lembrei de passagens das quais não me orgulho. Também lembrei de passagens que tinham a ver com a minha história desde sempre. Mas, aí, já era tarde e me calei com a boca de feijão. Quando passar o torpor pelo reencontro, sei que há de vir repercussão de cada uma dessas passagens de cada um do meu povo. Oremos!

Carlos, o primogênito, quando ganhou o livro, abriu numa página qualquer e leu, em voz alta, pra todo mundo ouvir: "Ih, 'O medo do Pênis'". E me olhou com uma cara de irmão mais velho com a qual não estou - filha única que sempre fui -, mesmo, acostumada. Silêncio sepulcral até que a mulherada em volta morreu de dar risada e mudou de assunto, rapidamente, numa prova matriarcal de solidariedade que quase me levou às lágrimas.

O outro presente foi o seguinte, tenho que explicar. Quando fui embora de Praga, comprei aquelas bonequinhas que ficam umas dentro das outras, que mantinha, separadinhas aqui, na minha estante da sala, parte da minha história, portanto. Fazendo a mala, resolvi: "Meu Deus, são quatro, a conta exata". Pois levei a família, que, na verdade, é uma tradição russa, decidida a dar uma pra cada um.

Assim que cheguei a Brasília, dei, claro, uma pra cada um, num ritual todo legal, emocionado, mesmo, eu juro, direitinho como estava no meu script. As mulheres de La Famiglia - matriarcal, como vocês já devem ter percebido - se emocionaram, funcionou. Mas meu irmão não viu o ritual e só chegou à mesa quando tinha sobrado pra ele uma bonequinha coloridinha qualquer. Não, eu não tenho palavras pra descrever o olhar que ele me deu, tomando um esporro de pé de orelha da nossa irmã; um chute na canela, uma cotovelada no fígado, talvez?; uma coisa "depois, eu te explico". Não tem preço.

Foi isso. Vou contando o resto aos poucos, tá? Tô muito no susto ainda.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Tô indo

Ia bem deixar o laptop aqui. Mas aí me dei conta de que tenho a certeza absoluta de que, em algum momento da madrugada de hoje pra amanhã, passado o susto de encontrar todo mundo, hei de querer escrever pra me manter viva, velho hábito. Vai que tem um livro novo aí, né? Cumpra-se.

Vamos, portanto, eu, meu corpinho, a mochila velha de guerra e companheiro laptop, só pra variar.

Inté, meu povo. Mando notícias do Planalto Central. Fui.

Intão

Tô aqui a pouquíssimas horas de embarcar pra Brasília. Li o Sua Excelência... todo de novo agora, acreditam? Nem sei dar motivos pra isso agora. Só queria ler o babado todo pra chegar inteira à capital desta nação.

Vou dormir, agora, ou tentar.

Tenho a sensação, sem nenhuma bobajada filosófica, de que ninguém desta família vai dormir direito hoje. Eu, pelo menos, não vou. Pilhadésima agora.

Presentinhos todos decididos, sem nenhuma sofisticação, só levando na mochila pedacinhos de mim pra cada um dos três seres que vou encontrar amanhã, a saber: a mulher que nos teve todos, minha irmã e meu irmão. Tendo em mente o seguinte: será a primeira vez na vida que Dona Lourdes, em seus pouco mais de 60 anos, terá sob sua asa os três rebentos que teve na vida, eu, a mais desgarrada de todas, distante, mesmo, durante todos esses anos, incluída.

Que Dona Nilza, minha mãezinha querida, que fez de mim a mulher que eu sou hoje quando me adotou - eu, lá pelos meus três anos -, saiba o que está fazendo. Já falei aqui que há de ter dedo da fofa nessa confusão de minha família biológica estar me achando agora? Pois é.

Dou notícias, meu povo. Até pensei em não levar o laptop pra essa viagem. Mas sinto que vou precisar escrever em algum momento da madrugada de sábado pra domingo. Vou ter que levar essa maquininha. Eu sei, tanto, que vou precisar escrever depois do encontro com meu povo.

Oremos.

Indo pra cama total agora. Preciso acordar cedo, daqui a pouco, pra fazer unha e fazer mala, mochilão, na verdade. Embarco lá por volta da uma da tarde. Chego lá por volta das três da tarde. Fui.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Nível de ansiedade elevadíssimo

Parece que vou explodir se não pegar esse avião pra Brasília a-go-ra. Ai. Tá foda, meu povo. Tá foda.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Contei que baixei emergência ontem e ainda tô ao contrário por conta de uma crise de pressão alta?

Pois é. Mais bandeira impossível. Tô à beira de um ataque de nervos. Literalmente. Ai.