quinta-feira, 30 de abril de 2009

Paz na terra aos homens de boa vontade

Eu, hoje, à tarde, no celular, pro meu contador, desesperada porque não tinha feito o imposto de renda ainda:

- Cara, só quero te fazer uma pergunta - disse, resignada, mega sem graça, sem coragem de pedir ajuda àquela altura, só querendo perguntar se podia tentar meter uma declaração de "isento" pra retificar depois, já que não havia qualquer possibilidade de eu conseguir reunir os documentos todos e fazer as contas direito a tempo de pegar o prazo da Receita.

- Eu fiz seu imposto de renda de Pessoa Física. E o de Pessoa Jurídica também. Depois, se precisar, a gente retifica.

- Hein?

- Já fiz, ué. Te conheço, sabia que cê ia acabar me ligando hoje, no último dia, lá pelas cinco da tarde. Resolvi me adiantar logo.

Na boa, quase fui às lágrimas.

Ah, sim, o bichinho errou feio: eram quatro e vinte da tarde.
Não, não ganhei na MegaSena. Saiu pra Nilópolis.

Vou ralar. Fui.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Um pouco de proteção não faz mal a ninguém: "Valhei-me, meu pai, atotô, obaluaê, obaluaêêêê...!"

 Zeca Pagodinho - Minha fé

Ah, sim

Tô num bolão da MegaSena acumulada de 36 milhão. Portanto, se eu sumir amanhã, é porque a gente ganhou, e eu me mandei pra algum lugar distante do Largo do Machado pra relaxar e recompor a alma depois de um início de semana absurdo.

Não, minto. Bolsa roubada, sem documento, sem cartão de débito e de crédito e com passaporte vencido (único papel que sobrou no cafofo pra identificar esta filha de meu pai), não passo de Maricá ou Paquetá ou, sei lá, qualquer outra oxítona.

Saco.

Não posso nem fugir de mim.

Ô, miséria, meu Deus.

Inferno no Largo XI - A Retomada

Tirando o sumiço de todos, só todos, os meus documentos e dos pen drives, caos começa a se dissipar. Consegui ir ao banco pra tirar uma grana e pedir o cartão novo e paguei os penduras de ontem, quando vaguei pelo Largo do Machado sem um puto e sem cartão nenhum. A saber: os cigarros, na banca de jornal daqui, e o almoço na Adega. O do chaveiro só não resolvi porque os caras fecharam antes do horário normal, e eu acabei não chegando a tempo.

Também já interroguei o moço do trailler, na esperança de o ladrão ter se arrependido horrores e ter devolvido, ao menos, meus documentos. Claro que o homem não sabe de nada, não viu nada, só sabe que foi assim. Tiro n'água, naturalmente. Ah, sim, o segurança da área, que tinha prometido ajuda, dar uma perguntada por aqui, agora, não atende o celular. E eu decidi parar de achar que poderia reverter a desgraça, pra, no mínimo, aplacar a culpa por ter sido tão mané ao largar a bolsa ao deus-dará. Entubei de vez.

Também já comprei um carregador novo pro celular e selei a paz com a telefonia móvel.

Não, ainda não chorei. E, aliás, acho que nem vou. Não cabe recurso e não mereço, ainda por cima, ficar triste com a vida tão de cabeça pra baixo do ponto de vista prático. Por conta do roubo, ainda tem um milhão de coisas pra resolver amanhã, último dia útil antes do feriadão, além de ter que dar meu jeito de acabar, até segunda-feira, o raio do trabalho que foi pro pré-sal com o roubo dos pen drives.

Cumpra-se.

Inferno no Largo X

Só agora, o chaveiro resolveu a parada da troca da fechadura. Voando pra rua.

Inté, meu povo.

Inferno no Largo IX

Na boa, ninguém tem uma notícia boa pra me dar? Tá foda de levar o dia hoje.

Inferno no Largo VIII

Não, eu ainda não fiz o imposto de renda e não tenho cabeça pra pensar nisso agora.

Inferno no Largo VII

Também foram embora um batom, o lápis de olho, a bombinha da asma, a caneta fashion que o alemão me deu e as outras 250 que eu tinha na bolsa, um bloco de anotações, um marca-texto, a caixinha com as pedras do Zippo, a calculadora de camelô e sei lá mais o que.

Ah, sim, também foi pro pré-sal uma moeda antiga de cinco mil cruzeiros, de 1992, que roubei da casa da minha mãe no fim de semana e meti na bolsa pra ficar, assim, como uma espécie de amuleto. Ééééé, acho que não funcionou. Dã.

Inferno no Largo VI

Claro que o carregador do celular foi junto, e claro que o bicho já descarregou e morreu pro mundo. Me restou colocar o chip no aparelho velhinho, que tá com o visor queimado e não consigo acessar minha agenda, nem ver torpedo.

Inferno no Largo V

Ah, sim, foram embora também meus dois pen drives, um deles com um livro que preciso entregar ontem de manhã. Por que não tem backup no computador? Porque todos os dias eu jurava que iria salvar tudo direito, atualizar o que já tava salvo, etc e tal. Mas fui adiando, fui adiando, fui adiando...

Inferno no Largo IV

Sem dinheiro nenhum e sem cartão, passei o dia ontem a mendigar cigarro na banca e almoço na Adega, jurando que pago hoje, assim que conseguir ir ao banco. Só não tá pior porque uma santa amiga me mandou um motoboy com algum dinheiro, ontem de tarde, pra eu sobreviver até resolver a confusão toda.

Inferno no Largo III

- Minha filha, o que que você quer que eu faça?
- Nada, pai. Não dá pra fazer nada. Eu só preciso de colo.
- Vem pra cá, uai.

Nó na garganta até agora.

Inferno no Largo II

Cês vão achar que eu tô de sacanagem:

- Por favor, eu queria comunicar roubo de cartão.
- Mas a senhora já comunicou. No dia 28 de abril, às 20h23.
- Hoje é 28 de abril, e tá de tarde ainda.
- É que o sistema, às vezes, registra o comunicado no futuro.
- Hein?
- É isso. De qualquer forma, o roubo já foi comunicado.
- Impossível. É a primeira vez que eu ligo.
- A senhora tem certeza?
- É claro que eu tenho certeza.
- Não tem alguém que possa ter comunicado o roubo?
- Não.
- A senhora tem certeza?
- É claro que eu tenho certeza.
- Peraí...
(Claro que, a essa altura, eu já tava quase convencida de que tinha perdido a razão de vez.)
- A senhora me desculpe. O comunicado foi feito em 28 de abril de 2008. De qualquer forma, o cartão já estava bloqueado, mesmo, porque a fatura está atrasada.
- Tá bom, obrigada.

Explico: o roubo de agora foi exatamente no mesmo dia em que a louca da minha ex-sócia me surrupiou os cartões da bolsa ano passado.

Cai o pano.

Inferno no Largo I

Vou só resumir, que ainda tô em estado de choque: fui comer um podrão no trailler aqui embaixo, na segunda à noite; dei mole; me roubaram a bolsa. Simples assim.

Caos absoluto: todos os documentos foram pro pré-sal, claro, e a única coisa que me identifica até eu tirar tudo de novo é meu passaporte vencido. Ah, sim, também fiquei sem a chave de casa, o que me obrigou a dormir no quartinho do porteiro (sem o mesmo) até dar hora de chamar o chaveiro. Pra piorar, o mané do chaveiro, que eu mandei trocar o segredo da fechadura, entendeu errado, e só agora descobri que ele manteve o mesmo miolo, o que quer dizer que o gatuno tem minhas chaves de casa. Histérica (sei lá se quem roubou é rato da área que sabe onde eu moro), tô agora de castigo em casa esperando o gênio do chaveiro voltar pra trocar tudo direito.

A única boa notícia é que, quando desci pra comer, esqueci aqui na mesa da sala o celular, os óculos e o Zippo rosa, únicos itens da bolsa que foram salvos, por acaso, da sanha do babaca que me levou a bolsa.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

SOS Procon

Agora, vem cá: bloquear telefone por atraso não é só depois de um mês? Ou não? Alguém aí sabe?

Enfim, depois eu descubro. Tenho que correr, mesmo, agora. Fui.

"A senhora modere seu palavreado"

- Modero meu palavreado porra nenhuma. Quem é você pra me dizer como me expressar, etc, etc, etc?

Ó, que fofo.

Todo mês, minha conta do espetacular Oi Conta Total vem numa fatura da tal da Oi Paggo. Claro que eles mandam conferir as outras faturas e ver se estão todas incluídas na fatura total, e claro que eu nunca confiro porque a praxe é que estejam lá. Não é o que promete o plano Oi Conta Total: que você não precisa se preocupar com várias faturas? Pois é. Só não inclu quando a fatura do mês anterior foi paga com atraso, como foi o caso desta futura escritora de sucesso. Eles só não avisam ao corno do cliente. Se avisam, devem ser as tais letras miúdas. Enfim, crente, crente que estava tudo pago, acordei hoje com meus dois celulares bloqueados, tendo que resolver um monte de coisas no trajeto casa-trabalho.

Descenecessário dizer que isso tudo levou horas pra me ser dito porque a mocinha do atendimento só sabe falar como uma máquina, não conseguia esclarecer nada e fiquei horas numa conversa de maluco sem entender o que se passava. Lá pelas tantas, eu, já babando, sem entender nada, pedindo pelo amor de Deus pra louca parar de "falar como uma máquina", fui falando, assim, coloquialmente, coisas como "será que dá pra me explicar essa merda?", "não entendi nada desta porra desta fatura" e por aí vai. Foi quando a mocinha deu um ataque de pelanca também e me mandou "moderar" meu "palavreado".

Claro que tomou outra patada pela fuça, e tive que ligar novamente 30 vezes até uma colega da mesma me atender com toda a calma do mundo e me explicar, como um ser humano, a cagada toda e, surprise, surprise, resolver tudo em menos de 10 minutos: desfeita a confusão, tendo pago, agora, o que faltava, as linhas voltam até amanhã, segundo me prometeu a fofa. Claro que a frase "se não resolver, cancelo tudo imediatamente", sem nenhum palavrão, funcionou como mágica.

Ah, sim, bom dia.

Vou ralar.

"Faça da jaca a sua pantufa"

A frase aí é do mais novo amigo de infância desta humilde autora, cara chiquerérrrrrrimo, e cabe como uma luva no fim de semana sem conexão de jeito nenhum em Minas, com laptop pirado; família de pernas pro ar por conta de saúde da minha mãe; pouquíssimas horas pra dormir, de agora, quando acabo de adentrar o gramado, aqui, no Largo, até a hora de partir pro escritório me preparar pra reunião da tarde. Todo o resto atrasado, claro, muito por conta do laptop pirado no fim de semana. Ai.

Fui.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Minas, here I go!

Arrumando malinha aqui e acompanhando uma parada de trabalho ao mesmo tempo. Toda enrolada, portanto. Pra variar.

Ah, sim, desculpem o perdido que dei no blog esta semana. Foi pura preguiça e desanimação com esta vida besta. Tudo errado, tudo errado, tudo errado. Sei nem por onde começar a reclamar. Mas, eu diria, a falta de beijo na boca, agravada pela palhaçada do alemão, que só serviu pra bagunçar os hormônios, anda me dando nos nervos.

Xô correr. Dou notícias do ônibus. Inté.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Se eu prometer manter a dieta que acabo de começar, hoje, alguém aqui acredita?

Segundão modorrento

Esquentando os tamborins aqui pra reunião de sempre, toda enrolada com outros trabalhos, jurando que começo a dieta hoje. Ê, miséria.

Vou ralar.

domingo, 19 de abril de 2009

Fiat lux

Sabe que esse negócio de começar a se interessar por futebol é excelente estratégia de aproximação a machos em geral? Um bonitão hoje bem ficou todo, todo, quando eu, no boteco do almoço solitário com os jornais, perguntei quanto é que tava o jogo.

Mandou na minha fuça um "ninguém é perfeito" quando declarei publicamente que era flamenguista, etc e tal, mas bem me deu uma olhada de "revesguete", como se diz em Minas. E bem já vi aquela estampa ali nas redondezas da Dois de Dezembro, sempre sozinho, com os amigos, no chope do domingo. Como diria uma amiga minha, "ouve-se ao longe o canto tribal, uh-uh-vai-mor-rer-uh-uh-vai-mor-rer". Cumpra-se.

sábado, 18 de abril de 2009

Porque hoje é sábado

Não tem preço: acordei às 8, pulando da cama, me sacudindo toda, achando que tinha que correr pro chuveiro. Até que lembrei: HOJE É SÁBADO, HOJE É MUITO SÁBADO!!!!!!!!!

Vou fazer qualquer coisa que não tenha a ver com trabalho. Até claro, descansar, e pegar no batente, que ainda tenho que acabar uma parada.

Fui.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Noves fora, nada, sexta-feira, agora, em paz no Largo

Depois de uma sexta-feira inacreditável de trabalho, uma semana que todo mundo aqui acompanhou, com alemão me enlouquecendo, estar sozinha, largada, em casa, não me parece má ideia. De quebra, Pink Floyd aos berros e uma inocente vodka, que me parecem a melhor companhia possível.

Fui.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Lembrancinha do Brasil

Tô, desde terça-feira, com um resfriado meio alérgico, meio gripe, meio sei lá o que, que tá me enlouquecendo. Pra piorar, quase toda a equipe com quem tenho trabalhado num projeto tá com a mesma coisa, o que significa, editar umas publicações com todo mundo espirrando o tempo inteiro.

Acabo de saber que certo alemão desembarcou em casa com os mesmos sintomas e tá se acabando de espirrar também. Vai acabar em quarentena em algum superhospital europeu especializado em doenças tropicais. Aun.

Cusparada no Largo

Que veio não sei de onde e foi parar na minha perna. Na boa, precisava? Eca, eca, eca!

Isso tudo depois de um dia insano de trabalho. Cama já. Fui.

Claro que acaba de me ocorrer a música bacana do "Once", filme irlandês de dois amigos que se adoram e vivem uma história de amor inacreditável

Já postei essa música aqui, mas não resisti. Só pra lembrar: ele é irlandês, ela é tcheca, a trama é em Dublin. A música chama "Falling Slowly" (letra nos comentários).

História sem fim

Por outro lado - tinha até me esquecido disso, dada a dramaticidade da última semana -, como devo voltar a Praga no início do ano que vem pra dar conta de atualizar o rascunho do próximo livro e como já tá combinado que ele vai ajudar, etc e tal...

Atchim Blues

Tá foda. Gripe da boa, cérebro encatarrado, insone total, trabalho todo atrasado aqui, só pra variar. Não, não sei se o alemão chegou vivo em casa. Sumiu, literalmente, no mundo e ainda não deu notícias. Melhor assim, aliás. Tô precisando duma folga do ser.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Toda a gripe do mundo

Ai.

Vou ralar.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Como diriam os Mamonas:

"Neste raio de suruba, já me passaram a mão na bunda, e eu não comi ninguém..." Saco. Fui.

Sossego no Largo

Alemão devidamente embarcado. Pelas minhas contas, agora, não deve estar muito longe de Paris, onde é a conexão, se é que já não chegou. Há de adentrar o gramado em casa amarrotado, de manhã cedo, fuso horário todo trocado. Ah, coitado. Ih, rimou tudo.

O melhor de tudo é que achei que ia me rasgar toda, babar de saudade, ainda remoendo a trapalhada do mané. Mas tô aqui, no cafofo, tranquilamente, pagando conta, planejando coisas de trabalho amanhã, ralando meu coco diário, certo alívio no peito. Até dei uma chorada básica de uns, sei lá, dois minutos, quando li o bilhete que o fofo me deixou aqui em casa, ainda pedindo desculpas. Me comovi, lavei a fuça e já arquivei a última semana no canto do coração em que a doce anta tem morado de aluguel nos últimos 17 anos.

Também vi umas fotos que ele tirou aqui nos últimos dias e baixou no meu laptop (contei que o computador de mesa tá precisando ir pro estaleiro? acho que não). Entre elas, uma só dos meus cachinhos, e algumas da minha fuça de perfil, tiradas quando eu não vi que o mané tava tirando foto. Não, não vou continuar filosofando. Não faz mais nenhum sentido. Na boa, tô muito legal de tentar entender essa porra.

Mas, enfim, quanto à despedida, já ia esquecendo de contar. Ontem de noite, em casa, depois de a gente ver o tal do show de blues aqui perto, sentei no computador e pari um conto em inglês; o fofo no hotel. Totalmente baseado nos fatos reais que me atropelaram na última semana. De humor. Sem pieguice.

Hoje de manhã, antes do último café da manhã que tomaríamos juntos antes de ele ir embora, texto impresso, enfiei o tal na mão do mané, que já tremeu só com o título. Na boa, a cara que a pessoa fez só de ver o título não tem preço. Aliás, a cara que a pessoa fez enquanto lia o texto todo tem menos preço ainda. Noves fora zero, desabafei no conto o que faltava desabafar, ele captou a mensagem, me deu o abraço mais apertado do mundo e continuou pedindo desculpas, que, aliás, foram aceitas, de vez.

Não, não teve mais beijo na boca. Nem achei que teria, na verdade. Mas fato é que, ainda no abraço apertado, fui desfazendo, desfazendo, e corri o mais rápido que pude pra ir trabalhar, antes que me pingasse a primeira lágrima do olho. A mesma, aliás, só pingou no táxi - pois é, peguei um táxi hoje, achei que merecia e pronto. Devo esclarecer que, depois do abraço, o mané me olhou com aquela cara de cachorro com fome de sempre, nas nossas despedidas; eu não entendi se o gênio queria beijo na boca ou não; preferi não arriscar. O que ele queria, exatamente, só vou saber no próximo e-mail que a gente trocar. As risadas, juntos, sobre a imensa trapalhada que foi a última semana, só vamos dar quando nos encontrarmos de novo em algum canto do planeta, sabe Deus quando.

Também é fato que passei o dia entre ainda remoer certa raiva e um monte de saudade do ser. Mas, no fim das contas, foi tudo passando, passando... passou. Depois de 17 anos, vamu combinar que nenhuma das duas emoções chega a ser novidade nessa história maluca, que, ao que parece, vai ficando mais maluca com o passar do tempo.

Aliás, contei que passamos uma semana igual a dois velhinhos, a sacar os óculos de leitura a cada lugar em que sentamos pra comer ou beber aqui no Rio porque nenhum dos dois consegue mais ler sem óculos? Não, não contei. Mas mandei na fuça do moço de 46 anos: "Cara, tu tem a percepção de que isso não vai acabar nunca e que, sei lá, daqui a uns 30 anos, a gente vai continuar se encontrando, se pegando ou não, falando da vida, dos netinhos, dos rumos do jornalismo e da política internacional, de Praga, etc, etc, etc?" Claro que ele concordou.

Claro também que acabamos lembrando que tínhamos menos de 30 anos quando nos conhecemos (eu, 26; ele, 29), aqui no Brasil, no Sul; botamos a culpa no Jaime Lerner, que convidou a imprensa mundial, literalmente, pra uma farra em Curitiba dias antes da Rio Eco 92; e quase morremos de rir. Em 92, ele era editor de um jornal de esquerda alemão, todo, todo ecologista, e veio pra cobrir a conferência. Eu era repórter do DIA e integrava a equipe que cobriu o encontro mundial. Lembro que, na época, o Muro da terra dele tinha acabado de cair e lembro também que o bichinho quase teve uma síncope, agora, aqui, quando soube que o povo tá pensando em construir muro em volta de favela: "Cara, de muro eu entendo", disse o fofo.

Cama já, que amanhã vai ser dia longo de ralação. Inté, meu povo.

Tem despedida no Largo

A pessoa vai embora hoje, terça, à tarde, algumas horas depois do café da manhã junto no cafofo, como, aliás, rolou todos os dias da temporada do ser nesta maravilha de cenário. Sei lá o que vou sentir quando sair pra trabalhar e largar o manezinho aqui, arrumando a cozinha, como também rolou o tempo todo. Pois é, ele é dono de casa e tem uma absurda capacidade de descobrir o exato lugar das coisas. Portanto, essa porra hoje de manhã vai doer.

Mas, enfim, vamu combinar que não há de ser nada que já não tenha rolado um milhão e meio de vezes nos últimos 17 anos, aqui mesmo no Rio, em Berlim, em Praga, em Frankfurt... Claro que, considerando as trapalhadas deste nosso encontro, mais a mãe de todas as conversas no domingão depois do Maraca, a possibilidade de doer mais do que as outras não é desprezível - ninguém comeu ninguém, mas a intimidade aumentou. Por outro lado, também não é desprezível a possibilidade de doer menos, já que a gente ficou mais irmão do que nunca.

Sei lá mais o que dizer. A única certeza absoluta que tenho é a seguinte: o pesadelo tá muito perto de acabar. Aliás, menti muito agora, tenho outra certeza absoluta: como a pessoa já tá falando em voltar sabe Deus quando (!), não tenho mais qualquer esperança de tocar minha modesta biografia sem a presença deste ser, seja lá como for.

E mais não digo. Nem que me seja perguntado. Foi muita informação demais e muita pegação de menos pra minha cabecinha em muito pouco tempo.

P.S.: O turista germânico teve a capacidade de achar um pocket show de blues da melhor qualidade no Mercadinho São José e passou boa parte da noite me sacaneando porque eu não fazia a mais pálida ideia de que rolava a parada toda segunda-feira, das 20h às 22h. Como ele achou? Nada pra fazer enquanto eu trabalhava, ele catou uns moleques da escola vizinha ao meu prédio, que davam pinta no Largo e falavam inglês, e perguntou se tinha algum lugar aqui que tivesse música ao vivo que não fosse samba. Queria, assim, algo diferente do que já tinha visto. Acabou informado do evento e me arrastou. Sensacional.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Antes que a Mirtes comece a babar, vai aqui a experiência do alemão no Maraca. Sob meu ponto de vista, é claro

Descontando toda a história triste, vai aqui o relato do que eu acho que meu manezinho germânico achou da experiência no Maraca, baseada em seu próprio depoimento.

Fato incontestável: ficou fascinado. Primeiro, porque, depois de a gente (eu e o povo do escritório onde tô baseada agora, no chope de quinta-feira) apavorar o bichinho tudo o que podia com relação à possibilidade de confusão, roubo de relógio e carteira, etc e tal, ele achou que estávamos exagerando quando viu um monte de pais com seus pimpolhos fantasiados de torcedores. Cismou que a gente é que era maluco, já que, no mundo desenvolvido, jogo de futebol não é programa-família.

Os dois já instalados, ele viu o campo e viu mais crianças por todo o lado, incluindo o malinha tricolor que, ao nosso lado, insistia em mandar, aos berros, flamenguista ir tomar no cu (sic).

Bola em jogo, babou e deu com a mão germânica na testa a cada gol perdido. E não foram poucos. Do Flamengo e do Fluminense. Nenhum problema, a gente acabou ficando no setor branco da arquibancada, que, só agora eu sei, é neutro e comporta até casais de times diferentes, cada um sacaneando o outro, etc, etc, etc. Devo admitir que a camiseta dele, com uma estampa vermelha sobre preto me deixou algo tensa quando a gente circulou em zona que não era rubronegra de coração.

Enfim, a gente até ia ficar perto da Raça, no setor verde, mas acabou no branco porque ele achou que era o melhor lugar pra ter uma visão bacana dos dois gols. Eu planejei de a gente ficar pertinho do Flamengo pra ele sentir a tal da vibração. Mas não deu nem pra argumentar. O mané tinha razão. Pra quem não tá vendo o jogo com paixão, o setor branco é mesmo O lugar. E mais: deu pra ver de longe o movimento das torcidas. Claro que ele acabou concluindo que a do Flamengo, aliás, DO MEU MENGÃO, era a maior. Maior do mundo, aliás. Sim, teve o momento eu traduzindo as faixas estendidas pelas turmas rubronegra e tricolor. Também teve o momento eu traduzindo os gritos de guerra. Aquelas coisas doces do tipo "bo-ta-pra-fu-der", "vai-to-mar-no-cu" e "Par-rei-ra-Par-rei-ra-Par-rei-ra-teu-ti-me-é-de-ter-cei-ra". "Juiz filho da puta" foi mais fácil, devo admitir.

Ah, sim, explicar o banho de pó de arroz que veio da torcida do Flu, a nossa esquerda, no começo do jogo, foi foda. Comecei falando o que era pó de arroz, assim, enquanto maquiagem das mulheres brasileiras de sei lá que século, etc e tal, mas, graças a Deus, ele perdeu o interesse rapidamente: o moleque tricolor desbocado roubou a cena. Eu não saberia mesmo conectar essa coisa ao timão (deles). O mesmo vale pra minha tentativa de explicar aquela coisa toda do urubu com o Flamengo. Mandei "é um pássaro que come carniça, que é o símbolo dos caras" e fui ajudada pelo telão, numa coincidência absurda, que mostrou uns urubus supersimpáticos. Ficou por isso mesmo. Eu também nunca soube por que que urubu virou símbolo do Flamengo.

Achou megaengraçado ver casais com mulé tricolor e cara flamenguista ou ao contrário. Me contou que o fenômeno de as adolescentes estarem cada vez mais envolvidas com futebol também tá acontecendo na Alemanha. E arrematou dizendo que, comparando com os jogos da Europa, com a galera deles, mais os Hooligans, nosso Fla-Flu era, praticamente, uma missa. Aproveitou pra sacanear esta pobre alma, que tava apavorada com a volta pra casa, achando que ia encarar tumulto-monstro, ser pisoteada por hordas de torcedores do time perdedor e que todos iam se matar no metrô. A verdade dos fatos é que, em menos de uma hora, estávamos os dois num boteco aqui da vizinhança discutindo nossa relação de 17 anos - detalhes quanto a essa minha última declaração, nos posts abaixo. Fui.

E tem mais: Este blog passa a ser, oficialmente, flamenguista desde criancinha. Literalmente. Eu só tinha me esquecido

Maraca V

Eu juro que, a certa altura, completamente cega pela falta dos óculos que eu perdi, fiquei alguns segundos sem saber onde estava a bola. Mas preferi não perguntar pro meu companheiro de arquibancada, alemão já enturmadíssimo com a tática dos dois times. Achei que era humilhação demais. Fato é que, em pouquíssimos segundos, percebi onde a tal estava pela movimentação da galera em campo.

Maraca IV

É preciso que se diga que fui criada pra ser flamenguista. Pela minha mãe, rubronegra roxa, que, depois de ir à missa no domingo de jogão, em Niterói, alimentava a família (eu e meu pai) e se mandava pro Maraca, com o mesmo vestido de, como se diz em Minas, "vê-Deus". Meu pai ficava vendo Silvio Santos. Eu arrumava o que fazer. Por que isso tudo no passado? Estão os dois vivos, ela só não vai mais pro raio do Maraca. Tá quietinha em casa, em Minas, onde os dois decidiram viver até sabe Deus, literalmente, quando.

Fato é que, quando me vi, hoje, no Fla-Flu, pela primeira vez na minha vida, aos 42 anos, do lado do alemão que sou fã, sem foguetes nem bandeira, de arquibancada, pra sentir mais emoção, virei rubronegra de carteirinha. E pronto. Cumpra-se.

Maraca III

Neto tricolor doente, camisa do timão, cara pintada com as cores do tal, aos berros, do nosso lado, e avô zeloso, bola em campo, antes do gol:

- Vai tomar no cuuuuuu! Flamengo só tem viado e puta! Vamu botar pra fuder!
- Ó, não fala assim. Fala só que eles vão perder, que a gente vai derrotar eles...
- Mas, vô, eu quero falar "vai tomar no cuuuu"...

N.R.: O moleque, de seus seis anos, chorou igual a uma... criança, no fim do jogo, pra desespero do avô e da mãe, que chegou em algum momento. Teve flamenguista, eu juro que vi, que quase pediu desculpas ao pobre petiz, que saiu carregado pela família, arrasado.

Maraca II

- Oi, como é que faz pra chegar nas cadeiras verdes?
- Você quer mesmo ficar nas verdes?
- Não, é que tô aqui com um amigo alemão e queria mostrar a torcida do Flamengo pra ele, que é mais animada.
- Esse aqui é o setor branco, mais calmo. Vocês estão sem camisa, podem circular. Por que que vocês não dão uma olhada aí antes de resolver?
- Tá bom...

Aqui tem que explicar. Essa conversa foi com um PM barrigudão todo fofo, que acabou indo atrás da gente, segundos depois de dar a informação, provavelmente preocupado com nosso destino, e veio dar mais detalhes do Maracanês.

- Tá vendo? Aqui é mais calmo.
- Mas e este número aqui no ingresso? Tem que seguir esta numeração pra sentar?
- Nada. Senta onde vocês quiserem.
- Tá bom, brigada.

Maraca I

- Moço, como é que faz pra achar as cadeiras verdes? - prum ser qualquer da Suderj, quando eu tentava, com o alemão de sempre, literalmente, adentrar o gramado, aliás, a arquibancada.
- Você sobe essa rampa aqui na frente e procura as cadeiras verdes.
- Ah, tá.

Cerejinha do bolo

Tava nóis, eu e o alemão, no terraço do café do Oi Futuro, aqui na Dois de Dezembro, antes da mãe de todas as conversas da Conexão Rio-Berlim, um certo ser aparece na janela do prédio em frente, no telefone, combinando almoço com algum outro ser.

Sem sacanagem, era a mesma fuça do muso desta pequena obra de arte. Mesmo tom de voz. Mesmo tom de risada. Mesmo jeitão de falar ao telefone. Mesmo ar de quem leu Proust. Mesma, sei lá, envergadura, mesma embocadura - meu pai do céu, vou acabar fazendo poema. Assustador.

O melhor: como perdi meus óculos pra longe (o tal do multifocal) e como não ando podendo gastar dinheiro pra fazer os novos, não consegui ter a certeza absoluta (ênfase no "absoluta") de que não era o muso mesmo. Fiquei com a prova circunstancial: o tal senhor mora a um milhão e meio de quarteirões da Dois de Dezembro e não usa a barba ou o que for do jeito que o ser usa. O muso pode ter mudado de endereço e a barba, eu sei. Não, eu não tenho como apurar. Caguei, na verdade. A questão é que isso tudo quer dizer que, ao que parece, nem reconheço mais o tal. Como diria o Ancelmo: "Meu Deus!"

domingo, 12 de abril de 2009

Virada aos 46 acabou no zero a zero. Ou no 10 a 10. Sei lá mais. Só sei que empatou

A saga do Maraca eu conto daqui a pouco. Primeiro, cumpro o doloroso dever de comunicar a meus caros leitores que o alemão virou irmão. Ih, rimou. Também cumpro o nobilíssimo dever de comunicar a meus caros leitores que a pessoa tá muito longe de ser canalha, justiça seja feita. É só um trapalhão no quesito relações humanas, como minha leitora moradora da Alemanha, inclusive, já tinha me alertado, dado seu conhecimento de almas germânicas.

Chopão e jantar depois do Mengão, acabei puxando conversa. Pois é. Porque tava querendo discutir relação? Não, claro que não, tava era babando de vontade de possuir aquele corpinho, hormônios à flor da pele. A questão é que foi pintando um não-saber-onde-botar-a-mão de ambos os lados, um desviar de olhar de ambos os lados, tô-com-tesão-não-tô mais, de ambos os lados, devo admitir - depois da cagada do fofo de terça-feira, por mais que eu quisesse e por mais que tenha babado aqui, foi me dando certa paúra, é fato.

A certa altura, no jantar, levantei a bola, ambos chutamos e tivemos um papo que, acho, nunca tive com macho nenhum até hoje. É essa porra, inclusive, que mantém a gente grudado, à distância, um no outro há tanto tempo: o bicho parece que lê meu pensamento; eu acho que leio o dele; um começa uma frase, o outro acaba, e o um diz que era exatamente isso que queria dizer; um horror. E foi exatamente isso que aconteceu hoje. Vá entender.

Enfim, noves fora zero, concluímos (no plural mesmo, bati um bolão), dignamente, que algo que começou do jeito que começou (a chegada dele aqui) não tinha a menor chance de dar certo (muito menos com só uma semana pra tentar resolver) e que o babado todo tinha um significado. E tem. Também concluímos, que, se fôssemos pegação qualquer um do outro, era só se comer, que tudo bem. Só que eu sofri porque tava indignada com a terça-feira maldita. E ele, segundo relato do próprio, passou os últimos dias remoendo a culpa pela cagada, sem saber que diabos podia fazer pra reverter.

Mas vou poupar vocês e eu mesma, de novo, dos detalhes. É muita firula e muita exposição da vida do manezinho e da minha própria que não vai dar pra contar. Desta vez, não vai dar, galera - confesso que tive que editar a história da chegada dele aqui porque foi barra pesada demais, do ponto de vista da alma de ambos. Foi mal.

Tudo bem que ele não tá identificado aqui e que amigo nenhum dele vai ler este blog; tudo bem que eu não dou a mínima pra falar do que me dói em público, todo mundo aqui tá cansado de saber disso. Ainda assim, e essa é a boa notícia, depois da conversa de hoje, esse pateta continua num recanto sagrado deste peito vagabundo, até porque já falou um milhão de vezes que sabe que fez merda da boa e que tá amargando até hoje a culpa, aun. Não, eu ainda não sei - nem ele, aliás, ainda segundo relato do próprio - em que departamento dos dois peitos vagabundos um categoriza o outro. A gente, inclusive, desistiu de tentar chegar a alguma conclusão. Acreditássemos em reencarnação, tudo ficaria mais fácil.

Verdade absoluta: o tesão foi pro pré-sal, de ambos os lados, apesar do beijaralhaço que a gente deu um no outro ontem, depois de sambar na Lapa - ih, foi tanta confusão, que eu esqueci contar do momento despedida na porta do meu prédio. Por que que ele me beijou, todo cheio de graça, e promessas, assim, enquanto linguagem corporal, e se mandou pro hotel? Ninguém aqui sabe. E nem quer saber mais, aliás: o homem tá quase pegando o avião de volta. Fica prum próximo encontro, daqui a uns, seguindo nosso padrão, três ou quatro anos.

E quem quiser que conte outra.

Disputa de pênaltis

A boa notícia é que, aqui, a disputa tem, ainda, umas 48 horas inteiras pra resolver essa pendenga. Posso contar os detalhes sórdidos só amanhã? Ter visto o Cruel, da louca da Deborah Colker, no sabadão à noite, com o fofo, mãozinha dada, e, depois, num boteco vizinho ao João Caetano, ter dançado com o mané num salão absolutamente vazio, mesmo tendo a música acabado, foi deveras impactante.

Tô, assim, meio sei lá como é que eu tô.

sábado, 11 de abril de 2009

Rozaninha perto da virada aos 46

Noite espetacular no Rio Scenarium. Cinco horas de samba na fuça do visitante. Corpinho suado da morena se sacudindo todo, com creme no cabelo pra valorizar os cachinhos, no melhor estilo tô-nem-aí-pra-tu-que-cismou-de-me-fazer-festinha-nas-costas-e-na-mão-como-se-não-houvesse-amanhã. Vá lá que tô aqui postando a esta hora, largadona em casa. Mas bem ganhei mais de uma beijoca.

Daqui a pouco, café da manhã aqui em casa, pra partir pra uma coisa Niemeyer em Niterói: vamos fazer o caminho do homem a pé, das Barcas de lá até o MAC, onde vamos almoçar e, depois, encontrar com a galera amiga das antigas, se tudo der certo. De noite, teatro, Deborah Colker. Domingão, "eu vou ao Maracanã torcer pelo time que sou fã", coisa que, é mister revelar, nunca fiz na vida. É sério, e, se algum ex-namorado meu ler isso, vai babar de indignação: sempre fui a namorada que odeia futebol, etc, etc, etc. Ah, sim, o "pelo time que sou fã" vem a ser o Mengão da minha mãe, que me criou pra ser flamenguista desde criancinha, mas não emplacou o projeto. Bandeei pro lado do meu pai, que sempre ficou em casa vendo Silvio Santos enquanto minha mãe, depois da missa e de alimentar a família, se mandava sozinha, lá perto dos seus 60 anos, pra ver o Flamengo jogar. Com o mesmo vestido da missa.

Ou seja, o bichinho não tá dormindo aqui pra deixar de ser mané, mas a gente não se larga. Ô, miséria, meu Deus. Como diriam os Mamonas, "neste raio de suruba, já me passaram a mão na bunda, e eu não comi ninguém". Ih, falei.

Oremos.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Intão...,

..., agora, que parei de babar de vontade de transformar o ex-hóspede em croquete de carne, a vida vai fluindo que é uma beleza. Cerveja com amigos ainda há pouco, discussões filosóficas em inglês na mesa, dicas pro jogo do Mengão no domingo. Pois é, eu, esta pessoa que odeia futebol, já fui condenada a ir ao Fla X Flu do fim de semana pelo turista.

Noves fora zero, ao que parece, a gente tá se cercando de novo, se olhando de revesguete, como se diz em Minas, meio sem saber o que fazer. Por ora, a gente só faz olhar pra fuça um do outro, olhar de cachorro magro (de ambos, devo enfatizar), e morrer de rir - daquele jeito que você quase cospe o chope. Sei não, mas acho que essa história ainda vai virar aos 46.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Paz no Largo, finalmente

Bonitão hospedado quase na esquina daqui de casa, troca de torpedos e ligações pelo celular o dia inteiro, planejando coisas pra cada dia dele aqui. O pateta vai embora na terça-feira de tarde, e não, não vou poder levá-lo no aeroporto, ó, que chato.

O mais absurdo de tudo: agora, a gente já relaxou, já consegue rir do caos e fica trocando piadas sobre a maluquice que foi a segunda-feira, nas primeiras horas dele aqui no Rio. A pessoa tem humor britânico em excelente forma, eu vou mandando na fuça o que me sobrou de rancor no melhor estilo mineiro-Nanão (meu quase doce pai).

Tem mais: continua culpadíssimo, processo que vai se abrandando com o passar das horas; e eu, com uma fleuma que não sei de onde andei tirando hoje, vou levando, rumo à reconstrução da paz. E certa de que não se pode encerrar uma história de tanto tempo por uma trapalhada, da boa, do manezinho.

Não, acabamos não nos pegando. Excrusive, cumpro o doloroso dever de informar que, na primeira tentativa, na Segunda-feira Sangrenta, no meu colchãozão Ortobom, ele interrompeu o processo perto do ápice pra falar merda no meu ouvido, origem da cagada, aliás. Ênfase no "perto do ápice". Meu "ápice", caralho.

Noves fora zero, saímos pra jantar e nos encachaçar agora há pouco e ficamos um olhando pra cara do outro, com aquele típico ar de "que merda, hein?" Tô quase perdoando, é fato. Mas, na boa, eu tinha que marcar território. O mané passou de todos os limites possíveis da tolerância feminina com macho sem noção na cama, achando que, pela intimidade que temos, podia, qual fora uma virgem, mandar um quase "pô, foi mal, aí, não posso continuar por causa disso, disso e disso". E toma drama existencial na minha fuça, e toma franqueza, e toma desabafo, e toma ofensa (daquela do tipo "não quis te ofender") na hora mais errada possível. Na boa, foi a hora mais errada possível. Mas também admito que foi muito mais antice, trapalhice, do que escrotidão, ao que parece. O azar dele é que não tô mais afim de ficar perdoando assim, imediatamente, quem me ofende. Em miúdos: minha capacidade de perdão anda até desenvolvida, mas será que dá pra me dar um tempo aí? Nenhuma intenção de oferecer a outra face e ficar na fila de canonização de santa brasileira.

Tá, eu sei que falo da minha vida molinho, molinho, pra qualquer poste. A questão é que, dessa vez, o texto da anta foi muito heavy metal demais. Não consigo contar assim, de uma forma explícita. Sem falar que tomei na fuça, também, informações que nunca pedi pra ter, etc, etc, etc. A gente nunca teve nada de sólido, porra. Sempre foi essa maluquice. O problema é que ele resolveu mudar as regras do jogo sem combinar com a russa aqui. E, não, não me orgulho, no auge da discussão da gente (sem patada, sem enlouquecimentos de ambas as partes), eu contei pra ele a história do Mané Garrincha. É assim: o técnico da seleção de então tinha um jogo importante contra os russos, reuniu a galera pra apresentar a tática "perfeita" para ganhar o jogo; falou, falou, falou; quando acabou, grande Mané Garrincha mandou algo como: "Seu fulano, tudo bem, mas o senhor já combinou com os russos?"

Viu? Blog também é cultura. Mas preguiça enorme de ir no Google pra lembrar quem era o técnico, foi mal. Quem souber bota nos comentários, por favor.

Fui. Preciso ter uma noite de sono calma neste cafofo, depois de duas noites sem dormir direito. Lugar liberado, sem hóspede em colchão inflável de casal atravancando a sala, eu, babando de raiva. Mas, vá lá, certa saudade histórica na alma. Certa convicção de que é possível amar alguém de uma forma estranha, de uma forma muito estranha. E mais não digo. Nem que me seja perguntado, como diriam os Boletins de Ocorrência das delegacias deste nosso Estado.

Meio termo no Largo

Manhã, ao contrário do que eu pensei, não foi tensa coisa nenhuma. Nada como uma boa noite de sono. E uma boa conversa. Tudo claro, belo café da manhã, mas a permanência no cafofo, nós dois concordamos, ficou inviável. Ex-hóspede, portanto, já tá empoleirado num hotel pertíssimo do Largo, e vamos nos ver sempre que der vontade, o que, já concluímos, claro, que será todos os dias até o mané ir embora.

Depois, conto os detalhes. Voando pro almoço agora pra me mandar pra reunião na Gávea. Fui.

Ah, sim, o melhor de tudo é a imensa cara de culpa que o ser, agora, carrega quando fala comigo. No fundo, no fundo, ele já reconheceu a imensa trapalhada que fez numa hora em que, digamos, geralmente, ninguém desabafa, muito menos sacaneia quem tá perto, na mesma cama, em plena atividade. Na boa, cês não têm noção. E não, eu ainda não tenho coragem de contar.

Deu merda no Largo

Hóspede fofo a caminho de hotel fofo hoje de manhã. Por ora, o corpo do mesmo jaz dormindo num colchonete fashion, inflável, na sala do cafofo. Não tenho nem coragem de contar o que rolou porque cês vão achar que eu perdi a razão de vez e que só a internação me salva. Deixa eu digerir primeiro.

A sensação é a de soco no estômago, quando eu não tava nem aí mais pra cachorradas e que tais. Cês não têm noção. Eu juro que um dia eu conto. Só não vai ser hoje porque nem eu entendi direito ainda o acontecido. Isso tudo em menos de 24 horas do fofo em território nacional. Só preciso esclarecer que a ideia de vir foi do manezinho, porque queria me ver e acabou gastando um dinheiro pra arrumar confusão no Largo e ter que arrumar hotel no susto porque, no que me diz respeito, aqui, ele não fica nem mais um dia.

Fato é que, ao menos, dada a dramaticiade dos últimos 12 meses, aprendi a mandar cantar pra subir quem vier me sapatear na autoestima. A única boa notícia é que eu, depois de cair do salto, subi de novo e, no meu melhor inglês, reduzi a pó o ser, que quase foi parar no pré-sal, derretendo aqui, de tanta culpa. Não sei por que, mas, quando fico puta, meu inglês fica quase perfeito, com adjetivos daqueles que a gente procura no dicionário; indagações filosóficas profundas; citações improváveis; elipses, metáforas, silogismos. Sei lá, fico puta, as palavras difíceis em inglês vêm todas à cabeça. Whatever.

Vou dormir, que a manhã aqui no Largo há de ser difícil, com despedida muito pouco amistosa. Não, eu não tive coragem de despachar a pessoa estrangeira que não fala nada de português no meio da noite, debaixo de chuva, que ainda sou uma moça com misericórdia no coração. Claro que, daqui a outros três anos, a gente deve se encontrar de novo, rir dessa porra toda e se pegar de novo. Mas acho que tô ficando meio legal demais dessa ladainha. Certo asco no coração, no corpo, na alma. Já falei isso, inclusive, hoje, quase um zumbi, depois de dormir uma hora só de segunda pra terça e me perceber sacaneada demais pelo hóspede recém-chegado.

Pra que sofrer pouco, né? Agora, cansadésima, não consigo dormir por nada desse mundo. Não tô magoada, não tô arrasada, não tô porra nenhuma. Tô só muito puta da minha vida. É isso, resumindo, é isso.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Hóspede já na área

E já tivemos um arranca-rabo básico, enquanto, assim, discutíamos a relação.

Inacreditável: juro que não foi eu quem começou.

Mas, enfim, a paz já voltou a reinar, e eu tenho a certeza absoluta de que a semana promete.

Vou ralar.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Lu é quase perfeita

Quase. Tirando o pano úmido sabe Deus de que no meu monitor LCD, que me custou uma pequena fortuna, tudo na mais perfeita. A casa tá um brinco.

Voo rápido na Sendas pra comprar coisitas de café da manhã pro visitante ilustre e cama imediatamente. Prefiro dormir um pouco pra desestressar do dia maluco, com reunião interminável, e acordar de madrugada pra ralar e ir rebocar o fofo no aeroporto.

Algo tensa. Não, minto: tô muito, mas muito tensa mesmo. Absurdamente tensa. Chego a estar com um nó na boca do estômago. Tô tão... sei lá como é que eu tô. Ver o manezinho em aeroportos e estações de trem pra encontrar ou dizer adeus (*) é parte do nosso roteiro de 17 anos dessa história de filme europeu. Lá vou eu protagonizar mais uma cena dessas. Socorro!

Fui.

(*) Ênfase no "dizer adeus."

Feitiço do Tempo

Preciso de um dia com 48 horas, mais umas quatro pra dormir um pouco antes de ir pro aeroporto esperar o manezinho.

Bom dia e fui

Lu é a nova personagem do cafofo. Vai ficar aqui dando o jeito dela pra botar este cafofo num mínimo de ordem possível.

Menos de 24 horas pra chegada do alemão fofo. Já até tenho os dados do voo.

Oremos.

domingo, 5 de abril de 2009

Vou te falar uma coisa pra você:

EU NÃO AGUENTO MAIS RALAR FIM DE SEMANA!!!

Desabafei. Gradicida. Fui.

sábado, 4 de abril de 2009

Desculpa, aê, mas a julgar pelo anúncio que eu achei aqui num site qualquer,...

... meu QI é igual ao do Obama. Sei nem o que dizer. Aliás, sei: será que ele sabe que o nosso (sentiram a intimidade, né?), segundo o Google, é igual ao do Schwarzenegger? Aliás, será que ele sabe que nós três perdemos pro Clinton, que, tecnicamente, é considerado gênio? O QI 137, que divido, humildemente, com Barack, equivale a algo como subgênio. Caralho, nasci pra ser sub.

Cultura inútil, eu sei, mas não resisti. Eu, simplesmente, não resisti.

Como diria meu pai:

- Mas, minha filha, isso vai te dar dinheiro?

Nenhum. Eu sei.

Deprimi. Fui. Cansei de ralar.
Cérebro fritando aqui.

Empada ou pizza?

Num vou emagrecer, mesmo, até terça-feira, pra mostrar o corpinho gostoso, suado e moreno a caminho do mar pro alemão. Caguei. Tô com fome.

Já de volta à ralação, escrevendo, escrevendo, escrevendo. Ê, vidão!

Isso tudo com aula de capoeira na escola aqui ao lado do prédio.

Grrrrrr...

Alguém aí sabe se já caiu a cela especial pra quem tem curso superior?

Um cafofo sem ter que pagar despesa, comida de graça e garantia de banho de sol todo dia anda me parecendo mais bacana do que a vida de ralação que ando levando.

Ah, sim, bom dia.

E é o que vocês estão pensando: já tô aqui ralando antes de correr prum almoço e voltar pra ralar. Não, eu não sei quando é que vou fazer a unha. Fui.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Só agora, caiu a ficha

O hóspede alemão vai estar neste recinto daqui a umas 82 horas. Certa tensão no cafofo.

Agora, eu vou. Inté, meu povo.

Só agora adentrei o gramado aqui no Largo

Dia inacreditável. Mas, como costuma acontecer com os dias inacreditáveis, tá acabando. Em compensação, como uma amiga, aliás, "ex-vizinha" (piada interna), já me jogou na fuça aqui nos comentários: amanhã, tem outras 24 horas novinhas em folha me esperando. Preciso dizer que o fim de semana vai ser de trabalho, só pra variar? Fora os 30 compromissos lazer-trabalho em que consegui me meter no sábado e no domingo.

Ê, vidão.

Vou nessa. Nenhuma condição de trabalhar mais agora. Quero nem saber de música hoje. Cama já.

Reunião na Gávea: oba!

O dia inteiro.

Ê, vidão!

Ai.

Fui.

P.S: Ando inventando um monte de programa bacana pro convidado alemão, que tá com a corda toda, topando todos, por e-mail.
P.S.1: Começo a me arrepender das ideias brilhantes: trabalhar e bancar a cicerone de gringo fofo há de me irritar semana que vem. Oremos.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Ah, sim, esqueci

Vai ter uma moça aqui pra uma faxina de emergência na segunda-feira. Sucumbi. Tá tudo muito zoneado e empoeirado, não tô afim de me arriscar a ter uma crise de alergia em cima da hora de o fofo chegar e (yes!) descobri hoje que vai entrar uma grana na segunda-feira. Timing perfeito, portanto.

O melhor: a moça vai me custar quase a metade do que a Lourdes me cobrava. Oremos.

Diazim chatim, chatim

Ralando meu coco, na contagem regressiva pra chegada do hóspede.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Aaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!

Enlouquecendo aqui, lembrando que tenho que entregar o livrão institucional que tô fazendo daqui a alguns dias. Aí, me ocorreu o seguinte: mesmo que houvesse possibilidade de algum atraso, semana que vem vou estar enrolada com trabalho e hóspede alemão na área. Ou seja: nenhuma chance de não acabar essa coisa ontem!

O melhor de tudo é que não paro de ter ideia brilhante, o que, sem exceção, me duplica o volume de trabalho. Tá foda.

Desabafei. Gradicida. Vou ralar.

Cumpra-se

E tem mais: não vai ter faxineira nova aqui neste fim de mês modorrento coisa nenhuma. Vou é parar de ser mané e fazer eu, mesma, o raio da faxina aos pouquinhos. Até terça de madrugada, que é quando o fofo germânico chega, dá tempo de sobra.

E pronto.

E vou ralar, que o dia hoje há de ser comprido. Fui.