domingo, 20 de setembro de 2009

Tô quietinha até agora porque ainda não digeri

Bienal foi um horror, e eu digo de novo: um horror. Mas não posso desabafar aqui, abrir meu coração, porque ainda sou uma profissional mais ou menos séria.

Mas, enfim, já corri de tiro em morro do Rio; já fui perseguida, sem sacanagem, por agente do governo do Ahmadinejad, o cara do Irã, quando passei duas semanas no país do mala, como jornalista. Me sentir humilhada, um zero à esquerda, uma moleca, em Bienal do Livro foi a primeira vez.

O que me aconteceu de bom na Bienal? Descontos incríveis pra quem tem a credencial de "autor", de até 30%. Voltei pra casa com preciosidades a preço de banana. A saber, uma sensacional autobiografia da Billie Holiday, recém-relançada; dois livrinhos fofos do Schopenhauer: A Arte de Lidar com As mulheres, no qual ele "prova" que somos inferiores, aun; e A Arte de Ter Razão, no qual, ao que parece, andei folheando, ele "prova" como é possível ser escroto o sucifiente pra ter sempre razão ou, ao menos, aparentar ter razão; o manual da nova ortografia, claro; "As Comédias de Antônio José, o Judeu", um sujeito que sempre me despertou curiosidade, mas que nunca li; "Z, A Cidade Perdida", dum colega americano que chafurdou a história dum aventureiro que sumiu na Amazônia há trocentos anos enquanto buscava o "Eldorado brasileiro", com fotos espetaculares de época que ele conseguiu achar.

5 comentários:

Carla disse...

Vim aqui toda animada pq acabei de ler o livro e me deparo com esse seu relato... não aguento qd escuto alguém falar q foi humilhado, triste demais...
Bem... de qq forma... adorei o livro e gostei muito de te conhecer!
Obrigada pela atenção!
Beijo

ROZANE MONTEIRO disse...

que bom que tu gostou, esse comentário só vai me ajudando a parar de babar de ódio da Bienal.

ah, sim, além dos livros baratos, a outra coisa boa foi te conhecer. adorei. bjs

mirtes guimarães disse...

liga não rô. a vida tem esquina, e você um dia voltará lá com um bando de bajuladores a sua volta.

Beatriz Fontes disse...

Não posso nem imaginar que tipo de humilhação você sofreu na Bienal... Confesso que não ponho os pés lá há anos. Gente demais... Tudo muito confuso. Tenho pavor. O fato é que, se aquele povo todo lesse ao menos dois livros por ano (ainda que fizessem as piores escolhas), o Brasil despontaria entre os principais países leitores. O Rio de Janeiro, então, seria uma Buenos Aires tupiniquim, com livrarias, sebos e bibliotecas concorridíssimas em cada esquina... Mas bem sabemos que não é o caso. Enfim, não me supreende em nada que você tenha se emputecido por lá. :-)

ROZANE MONTEIRO disse...

cara, tava aqui babando de ódio por uma parada operacional lá do lançamento, que me fez perder a linha internamente (não fiz nenhuma merda, fiquei surpreendentemente no controle, babando só por dentro). mas já tô baixando minha bola. acho que, no fundo, no fundo, supervalorizei o problema. já tá passando.

só me senti ridícula, humilhada, mesmo, o que me deixa enlouquecida de raiva. mas, enfim, como diz um amigo meu, vou é sofrer na medida, que não tô aqui pra ficar alimentando raiva por uma coisa que já passou e que não tem mais jeito.