sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Utilidade pública III

Nos últimos dias, minha mãe ficava chamando, desesperadamete, o irmão mais velho, de quem ela cuidou nos últimos dias dele, ele morando com meus pais, em Niterói. Chamava, lembrava coisas de infância, e falava, assustadoramente, coisas como "Fulano, tô chegando...", "abre o portão", "o portão tá trancado", e por aí vai.

No enterro, percebi que ela iria ficar no túmulo da família, onde tinha um corpo já, que acabou não sendo removido. De um homem. Por que que eu sei? Porque a gravata tinha sobrado, depois de anos do homem enterrado. Achei aquilo muito esquisito, mas tava triste demais pra arrumar briga com o coveiro. Conversa vai, conversa vem, apura com parente daqui e dali, voilá: minha mãe foi enterrada junto com o irmão mais velho dela, por quem ela chamou tanto antes de morrer.

Ah, sim, ele era espírita.

E quem quiser que conte outra.

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