sábado, 19 de junho de 2010

Joia rara do Saramago. Ave, Saramago!



Em 1986, acreditem se quiserem, José Saramago (Prêmio Nobel de Literatura que morreu ontem) lançou e autografou o seu "Jangada de Pedra" em Niterói. Por um motivo muito simples: o dono da principal livraria da cidade era sujeito influente na diplomacia portuguesa. Pois coube a certa repórter de 20 anos, estagiária de um semanário niteroiense, a missão de entrevistar o homem. Acabei com um exemplar do livro autografado pelo futuro Nobel, que não sai da minha estante por nada deste mundo. Àquela altura, vale dizer, eu já tinha lido mais de um Albert Camus, já tinha feito teatro e já me achava a intelectual por definição.

Aí, lembrei do livro, hoje, claro, e lembrei também que já brinquei mais de uma vez aqui falando que, quando o Saramago morresse, isso iria valer ouro. Desnecessário dizer que tô aqui morta de culpa agora e certa de que não tem dinheiro no planeta que pague por essa minha joia histórica.

Escreveu o homem:

"A Rozane Monteiro
com utopia
- com a minha simpatia
José Saramago
Dez. 86
Niterói"

P.S.: Também lembrei agora que o homem era ateu até o último recanto da alma. Só me ocorre dizer o seguinte: se Deus existe mesmo e se Ele dá assunto pra alma de ateu, nosso Nobel tá muito, mas muito lascado.

20 comentários:

Vinícius Faustini disse...

Jorrou uma cachoeira de baba de tanta inveja. Nossa, uma coisa destas é pra contar, recontar e pra tratar com carinho a memória.

Uma joia mesmo.

Beijinhos,

Vinícius Faustini

ROZANE MONTEIRO disse...

Valeu, babe.

Cara, passei um dia de trabalho e ralação, já sabendo que o homem tinha morrido, mas tive a capacidade de esquecer dessa minha história. Aí, tarde da noite, aqui, de volta ao cafofo, lembrei, claro, de falar algo sobre o fofo, e lembrei, imediatamente, do livro e dessa maluquice de ele ter lançado e autografado o tal em Niterói.

Não tenho certeza mais, mas acho que esse lançamento em Niterói foi o lançamento do livro no Brasil por força da influência do tal do livreiro na Embaixada Portuguesa. Acho que o sujeito era vice-cônsul de Portugal ou sei lá mais o que - como diria meu pai, "sei lá o que tem mais".

Escalei a estante, achei o "Jangada de Pedra" com o autógrafo e não resisti. Tinha que contar isso pro mundo. Foi mais forte que eu.

Que Deus o tenha. Se é que ele não tá fazendo malcriação pro Criador a essa altura, recém-chegado ao Além. Isso tudo, claro, considerando a possibilidade de haver algum Criador.

Ih, fiquei, assim, metafísica, hoje. Foi mal.

Paulo César disse...

Do Saramago eu li O evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a cegueira, esse deve ser muito bom, vou ver se acho nos sebos que frequento.

bernardo parreiras disse...

Muito legal! "Jangada de pedra" foi o primeiro livro que li dele.
Escrevi sobre ele lá no ecos.
Pra mim, ele foi assassinado; tenho provas.

monica disse...

P.S. sensacional.
Bj
Mônica

Anônimo disse...

Eu tb tenho um autografado por ele no mesmo lançamento!

Alexandra disse...

A pergunta que não quer calar.
Vc já leu o livro? Que eu me lembre...
Acho esse livro um pé no saco.

bernardo parreiras disse...

Dos livros que li dele, "Jangada de Pedra" é um dos que menos gosto. Ele foi marcante por ter sido o primeiro, mas eu nunca o recomendo.
Isso, porém, é questão de gosto!
Geralmente, indico, pra quem nunca o leu, os ensaios sobre a cegueira e sobre a lucidez, que acho fantásticos.
Mas, tratando-se de Saramago, tudo vale a pena, ainda que alma seja pequena.

bernardo parreiras disse...

Rozane, não sei onde vc está. Mas o que falei é verdade! José foi assassinado!

ecosprosaicos.blogspot.com/

ROZANE MONTEIRO disse...

começo a achar que o Anônimo é, mesmo, como já suspeitaram aqui, o LCT. resquícios históricos. se for, vai me irritar mais do que já andou me irritanto, devo dizer.

ROZANE MONTEIRO disse...

Mônica, nada a ver, mas lembrei agora: tu é do tempo das peças do Brasil-América? não lembro mais. por conta de fazer matéria pra revista que vou lançar daqui a pouco, reencontrei uma figura de lá. uma história muito maluca.

ROZANE MONTEIRO disse...

pra ninguém morrer de susto, essa história do Bernardo é metáfora!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! mas o texto dele é sensacional. (*)

(*) já que estraguei a surpresa do autor, preciso me redimir, né?

ROZANE MONTEIRO disse...

Dra. Alexandra, pergunta difícil eu só respondo depois que passar meu luto. humpf. :)

ROZANE MONTEIRO disse...

Paulo César, tenho vários dele aqui. E também do Camus. Querendo visitar a biblioteca do Largo...

(meu Deus, chutei muito o balde!)

Anônimo disse...

Pelo o que eu leio aqui, esse tal de LCT deve ser mais canalha que o muso do blog.:))))

ROZANE MONTEIRO disse...

Anônimo dá cada vez mais pinta de que é o próprio. :)

Alexandra disse...

Sabia que era ele.

lct disse...

Pois é, a brincadeira foi divertida apesar do ódio que a blogueira tem por mim. Fique tranquila, nunca mais terá notícias minhas. ADEUS!!!!

ROZANE MONTEIRO disse...

lct, na boa, menos. tava todo mundo brincando aqui. é só que tava na cara que era você. simples assim.

ah, sim, não me lembro de alguma vez ter tido ódio de você. tu tá passando do tom no drama. só pra variar.

tô bem legal. mesmo.

LCT disse...

Tá bão, tá bão, eu volto...sou o seu au au...beijos :)))))))