segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Ana Carolina é uma mulé maneira

Ela podia estar roubando, podia estar pedindo, mas estava tra-ba-lhan-do. E, uma pessoa muito gente, não me torturou com certa música inteira, como, sabemos todos aqui, fez durante os piores meses da minha ópera bufa, se esgoelando no rádio, sapateando nesta alma miserável. Toda fofa, fez uma colagem de músicas a certa altura e mandou só o "vaaaaaaaaaaaaai, a porta esteve aberta o tempo todo, saaaaaaaaaaaaaaai..."

Pra quem tá chegando agora no Sua Excelência, explico: no auge da dor de corno, era eu ligar o rádio e pimba, Ana Carolina com esse raio dessa música, uma coisa quase sobrenatural. O clímax foi quando eu peguei um táxi e tocou no rádio, chute recém-tomado. Quase me acabei de chorar, pra desespero do motorista, que só me olhava, de vez em quando, pelo retrovisor, com um insuportável ar de piedade no olhar.

Mas, enfim, difícil seria se eu tivesse tido que explicar porque caí na gargalhada com o refrão enquanto o povo todo já levantava a mãozinha, emocionadíssimo com a música. Nem fiz menção de chorar, certo alívio no peito a essa altura, rindo muito, lembrando deste ano todo e da minha birra com o rádio aqui de casa, que, como também sabemos, não desliguei na fuça da fofa na maioria das vezes – Freud ni mim, eu sei. Aliás, com essa confusão, eu tenho, pelo menos, uma amiga que, agora, quando ouve a música, também tem surtos de riso. Não, as duas que me acompanharam no show não riram. Não acompanham o blog. Pois é, eu tenho amiga assim, mas não quero falar sobre isso.

E, tá, eu sei que chamar a Ana Carolina de "fofa" é excesso de licença poética. A mulé é foda – sendo "foda" o que quer que cada leitor ou leitora imagine.

Ah, sim, mesma serenidade n'alma não se repetiu quando a mané sentou no piano e mandou "é isso aíííííííííííí..." Certo nó na garganta, devo admitir. Sei que essa coisa inundou as rádios e qualquer coisa que produzisse som há alguns meses e sei também que há quem não suporte mais nem ouvir. Mas, como esse raio dessa música também me mastigou o coração a certa altura aqui no rádio e como a letra é mais existencial do que a da porta, sei lá, me deixou malzinha, assim, por uns 5 minutos. Mas chorei, não, que não tava lá, de convidada no camarote do Citibank Hall, pra pagar mico, fazendo o número de futura megaempresária super-bem-resolvida, mas infeliz de marré-deci.

Por que eu fui convidada? Não faço a mais pálida idéia. Há quem aposte que foi por conta do blog, por eu ficar falando nela meses a fio. Eu acho que não, sinceramente, não estamos - nem eu, nem o blog - com essa bola toda. O que acho, mesmo, é que foi por conta de uns trabalhos que ando fazendo e acabei entrando pra lista de jornalistas convidáveis de um dos patrocinadores do show.

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