quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vontade de ligar pra Deus e perguntar: "Vem cá, nada pra fazer no Oriente Médio, não?"

Perdi um primo ontem. Agonizou nas últimas duas semanas. Descobrimos há uns 10 dias que ele tinha câncer no pulmão, pâncreas E ossos. Ele, mesmo, também descobriu há pouquíssimo tempo, mas, claro que já era tarde. Tinha sessenta e poucos anos e já foi o xodó do meu pai e da minha mãe, então, recém-casados. Quando cheguei no pedaço, a gente brincava falando que era irmão. Ah, sim, o bichinho morava aqui pertíssimo, e nunca tomei o chope que a gente sempre se prometia. Já doente, saiu daqui e se mandou pra Minas, pro enterro da minha mãe, há três meses.

Na boa, galera, tá foda. Tô aqui, respirando fundo, pra ir com meu pai (chegou de Minas hoje de madrugada) pro enterro. Sei lá o que vou sentir na volta. Tava bem legal de enterro este ano, mas, simplesmente, não dá pra não ir. No mínimo, preciso estar do lado do meu pai, que também tá ao contrário aqui.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Muda tudo no Largo

Depois de ir pra salinha, voltar, fazer a mãe de todas as faxinas no cafofo, virada aos 46. Tô tocando um projeto num jornal, que, descobri ontem, vai me obrigar a ir todas as tardes pra lá nesta primeira fase. Acabei, portanto, arrumando mais um dindim e resolvendo o problema de ficar aqui chafurdando trabalho e tristeza num canto só. O combinado com o povo foi eu ir pra lá com meu laptop e ir tocando o que tiver que tocar de lá. Com meu celular e meu superminimodem, tô igual a pinto no lixo, conectadíssima, em relativa paz. O-ba. Fui. Vou ralar, que tá tudo enrolado aqui.

Inté, meu povo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Tá, eu sei, é bem capaz de a fofa grávida pesar menos do que eu. Me poupem.

A barriga da Bündchen

Tava na banca, comprando cigarro, dei de cara com a fofa na capa de uma revista, falando da gravidez. Olhei pro jornaleiro e exclamei, do fundo da alma, quase em êxtase: "Cara, ela agora, vai ficar gorda!". Aun. Tadinha.

Já na ativa. Ai. Bom dia, meu povo

terça-feira, 22 de setembro de 2009

E vou dormir assim, frustradinha. Trabalho enrolou aqui hoje. Saco. Fui

Ó, que fofo

Acordei assim, hoje, mocinha.



Ralando desde cedo. Inté.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Intão

Cara, a pessoa se manda pruma salinha lá no Centro, combina tudo direito. Aí, faxina a casa toda, jogando fora uma imensidão de coisas que provavam que a alma estava completamente descabelada, e percebe que só o ato de limpar tudo e botar este cafofo em ordem já fez toda a diferença, a presença do meu pai no fim de semana do aniversário aplacou boa parte do desespero que ainda tava me atormentando (conversamos paca) e acabo de descobrir que a vizinha de cima vai, finalmente, quebrar o banheiro pra parar com a infiltração que empreteceu uma parte considerável do meu banheiro, todo reformadinho. Terei, portanto, que ficar em casa, quando o cara começar a quebrar pra poder acompanhar se, por acaso, ele tiver que quebrar aqui também. É ela quem está pagando, claro, e não posso dar mole pra ela argumentar que tentou fazer e eu é que não estava em casa. Saco.

Completamente confusa aqui. Tô aceitando sugestões.

Tá bão, já tô digerindo

Minha amiga Carol é uma sábia. Insuportavelmente sensata. Às vezes, claro.

Mas minha amiga Carol acordou mais sensata ainda hoje e me trouxe de volta ao mundo dos mortais. Raiva já quase passando. Ênfase no "quase".

Fato é que já até me comportei como uma mocinha num certo telefonema e nem fiz nenhuma malcriação hoje, como pretendia, aliás.

domingo, 20 de setembro de 2009

Tô quietinha até agora porque ainda não digeri

Bienal foi um horror, e eu digo de novo: um horror. Mas não posso desabafar aqui, abrir meu coração, porque ainda sou uma profissional mais ou menos séria.

Mas, enfim, já corri de tiro em morro do Rio; já fui perseguida, sem sacanagem, por agente do governo do Ahmadinejad, o cara do Irã, quando passei duas semanas no país do mala, como jornalista. Me sentir humilhada, um zero à esquerda, uma moleca, em Bienal do Livro foi a primeira vez.

O que me aconteceu de bom na Bienal? Descontos incríveis pra quem tem a credencial de "autor", de até 30%. Voltei pra casa com preciosidades a preço de banana. A saber, uma sensacional autobiografia da Billie Holiday, recém-relançada; dois livrinhos fofos do Schopenhauer: A Arte de Lidar com As mulheres, no qual ele "prova" que somos inferiores, aun; e A Arte de Ter Razão, no qual, ao que parece, andei folheando, ele "prova" como é possível ser escroto o sucifiente pra ter sempre razão ou, ao menos, aparentar ter razão; o manual da nova ortografia, claro; "As Comédias de Antônio José, o Judeu", um sujeito que sempre me despertou curiosidade, mas que nunca li; "Z, A Cidade Perdida", dum colega americano que chafurdou a história dum aventureiro que sumiu na Amazônia há trocentos anos enquanto buscava o "Eldorado brasileiro", com fotos espetaculares de época que ele conseguiu achar.

sábado, 19 de setembro de 2009

O convite

Foi mal, não consigo postar o convite aqui de jeito nenhum. Tomem aí o link, pra ver qual é o stand direito.

http://suaexcelenciaocanalha.blogspot.com/2009/09/lembrando.html

Muito orgulho nessa hora

Meu povo, parece que mudei de apê. Faxina geral, digo, geral. Depois, conto os detalhes. Tá um brinco o bichinho, espaçoso, arrumadinho, charmosinho que nem.

Voando agora, que ainda vou passar o vestido da Bienal, almoçar, fazer unha e me mandar pro Riocentro pra autografar o Sua Excelência... das 20h30 às 22h. Urrú!

Inté.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"Combinação de frases ou palavras consideradas impróprias"

É o que diz o sistema de certo órgão público, que bloqueou o acesso ao Sua Excelência...

Mór injustiça, né, não?

Momento Unimed II

- Não faço a menor ideia do meu peso - disse, eu, docemente, ao preencher um dos formulários. Só lembro a altura, 1,59. Vou no banheiro pesar, volto com 68.
- Ih, escreve isso não, senão vai botar você nas doenças pré-existentes, por causa da altura. Bota 59. Aliás, vocês, agora, têm direito à redução de estômago.

Detalhe, apesar do absolutamente desnecessário "vocês", a doce moça é mais gorda que eu. Na boa, precisava? Justo no dia do meu aniversário? Saco. Falar em aniversário, descobri que, ano que vem, quando faço 44, mudo de faixa etária, passo a ficar mais perto da terceira idade e vou ter que começar a pagar mais. A próxima virada (perguntei, claro, pra que sofrer pouco, né?) será aos 49.

Momento Unimed I

Finalmente, fazendo as pazes com o plano de saúde, fui no stand bacana de um corretor, numa galeria aqui perto. Me deu todas as informações e despachou uma moça simpática aqui pra casa, pra eu assinar tudo. Aí, percebo que ele tinha me dado uma informação errada ontem.

- Isso, a anta do stand não me explicou ontem. Ele me deu informação errada.
- Quem, o Luiz?
- Esse, essa anta, mesmo.
- É meu marido.
- Pô, foi mal.

4.3 completinhos. Safra 1966. Cavalo de fogo. Carroceria em quase perfeito estado de conservação

E toma ralação na fuça.

E toma arrumação do cafofo, que o surto vou-botar-esta-merda-em-ordem ainda não passou. Neste exato momento, o vidraceiro tá aqui substituindo dois vidros (janela e porta da estante), que tão quebrados há meses.

Inté.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Só mais meia hora, mas sucumbo. Preciso dormir. Fui. Inté

Ih, só tenho mais uma hora de 42 anos. Ai

"Me joga no Google, me chama de pesquisa..."

Parem, agora, o que tão fazendo, e vejam isso, pelamordedeus! Especial atenção à pronúncia de Google.

Ih, faltam menos de seis horas pra eu ficar mais velha. Tinha esquecido completamente

Ralando meu coco aqui, craru

Ih, Seu Monteiro chegou. Fui. Inté

Auto-ajuda total, mas é sensacional. É de uma jornalista e escritora americana. Listinha de conselhos que ela escreveu quando fez 50 anos: http://www.cleveland.com/brett/blog/index.ssf/2006/05/regina_bretts_45_life_lessons.html

Só achei em inglês, foi mal aê.
Ah, sim: vou ter que levar este corpinho no sábado à noite pro Riocentro e tô achando lindjo.
Sim, é o que parece: vou ter que levar este corpinho no sábado à noite pro Riocentro. Eu e Seu Monteiro. Oremos.

Lembrando

Ah, sim, bom dia

Ó, eu sei que vocês me acham legal, mas preciso falar algo sobre mim: eu gos-to, paca, do Oswaldo Montenegro. Pronto, falei. Ninguém é perfeito

"Faça uma lista dos sonhos que tinha, quantos você desistiu de sonhar."

Amanhã é meu aniversário, num ano desgraçado, caceta. Releva aí, galera.

Socorro: amanhã faço 43 anos e fico a 7 dos 50. Lembrando que 4 com 3 dá outro 7. Tudo muito cabalístico demais pro meu cérebro. Ai

Cadê a Mirtes? A louca, que entende de número, some quando eu mais preciso dela. Fico chateada.

Descarrego no Largo ou tô-tipo-assim-muito-legal-de-me-fuder

Intão, fiz uma rearrumação na sala; arrastei móvel; desmontei, sozinha, com chave de fenda e tudo, uma mesa de computador que só serve pra entulhar e que meu pai vai levar pra casa dele; finalmente entubei que meu computador de mesa pifou (tava em estado de negação total) e parei de tentar fazer o fofo funcionar. Meu pai vai levar embora o tal também. Seu Monteiro quer virar interneteiro agora, que ficou viúvo, o que é uma bênção, já que, como sabemos, basta uma Monteiro pirando.

O computador, o que vou fazer é despachar pra ele, com um pen drive, pra, se não tiver que formatar, o cara que for mexer fazer backup. Ele vem de ônibus amanhã, mas volta com meu primo de carro, no domingo, justamente pra carregar daqui a tralha que tá sobrando. Se tiver que formatar também, foda-se, tô muito legal de coisa velha aqui em casa. A única coisa que está no computador e que realmente importa é o meu livro com as crônicas de Praga, que tenho aqui no laptop e em dois pen drives novos e no Gmail.

Só tô com dó de perder um monte de fotos de Praga, do ano que morei lá, que só tenho nele mesmo - meus outros dois pen drives, que tinham as tais fotos, foram roubados com a bolsa, lembram? Mas, na boa, se perder as fotos, fica a minha memória. E posso sempre voltar a Praga. As do Irã, pra onde não pretendo voltar nesta encarnação, eu também tenho aqui no laptop e nos dois pen drives novos. O que vou fazer é comprar um outro laptop, mais muderno que este, pra ficar um aqui e outro no escritório no Centro. Até porque, se eu ficar com um computador só, se o bicho der pau, fudeu. Minha vida depende das máquinas. Aqui, no cafofo, só cabe um laptop e pronto. Custei a admitir isso, eu sei.

Também já ando bem namorando certo Smartphone que certa operadora de celular "dá". Se eu fechar o pacote, fico escrava dos fofos por um ano, arapuca total. Eles "dão" o aparelho, mas você "paga" o tal por um ano, escravidão total. Por outro lado, o bicho me deixaria conectada o tempo inteiro, que é algo de que preciso agora. Enfim, preciso ver se vale a pena trocar o plano da operadora e tal. Depende da arrumação do meu quarto, onde estão empilhadas todas as contas do mundo. E tem sempre a Nextel, com o apelo de que de Nextel pra Nextel, a gente não paga nada, em compensação, parece que o minuto do Nextel pra outras operadoras é mais caro. Preciso pensar e fazer conta.

Também joguei fora um sacão, desses grandes, tipo Casa & Vídeo, com um milhão e meio de blocos com anotações velhas, que não servem mais pra porra nenhuma; um milhão e meio de estratégias do projeto que deu errado há uns dois anos; uma pilha de cartões de visita meus, com a logo do mesmo projeto. E, sim, botei uma pilha de CDs de volta nas suas caixinhas. Tavam todos empilhados, num canto qualquer da estante, as caixas vazias do lado. Ia botar em ordem de estilo, brasileiro e estrangeiro, mas o Fator Zefa transforma essa tarefa em algo completamente inútil, é enxugar gelo: eu boto numa ordem que me parece sensata, ela vem pra limpar, bagunça tudo de novo. O mesmo vale pros livros. Caguei também.

Nem tô muito feliz, não. Dei de cara, por exemplo, com umas coisas que escrevi num bloco no velório da minha mãe durante a madrugada mais desgraçada da minha vida - pois é, em algum momento, a única coisa que poderia me manter viva era escrever. Que que eu fiz? Rasguei e joguei fora. Na boa, pra que guardar a anotação? Se, um dia essa dor virar livro, não há possibilidade de eu esquecer o que eu tava sentindo. Guardar só ia servir pra sofrer mais. Foi pro saco. Literalmente. Ainda tô pensando no que fazer com a gravação na secretária eletrônica dum telefone velho, que achei aqui, outro dia, com a vozinha dela, me dando parabéns pelo aniversário, ano passado, eu acho.

Ter achado isso a tão pouco tempo do meu aniversário este ano quase me enlouqueceu, devo registrar. Ah, sim, a gravação também tem a voz do meu pai. Sei que posso me arrepender horrores se deletar. Mas, agora, só tá servindo pra me mastigar o peito. Acho que a melhor decisão, neste momento, é, mesmo, enfiar o tal do aparelho em algum canto qualquer do cafofo pra decidir depois. No futuro, isso tudo pode virar o único registro de áudio do que um dia foi a minha família. Mas, no fundo, no fundo, não sei ainda.

Na boa, parece que me mudei pruma casa nova, parece que tomei um banho de descarrego. Só falta arrumar o meu quarto, que tá cheio de entulho também, mas amanhã eu ataco.

Também tirei de um canto qualquer minha agenda de 2009, que tava abandonada, eu, completamente desorganizada, deprimida pra caralho. Tá aqui na minha mesa. Tá bão, eu sei que setembro não é mês pra um ser normal reativar a agenda, mas é assim que as coisas tão acontecendo aqui. A agenda, aliás, é toda lilás, toda fashion. Também é lilás a capinha que comprei pro meu laptop semana passada. Também é lilás o detalhe do lugar de botar aguinha do ferro de passar novo, que comprei hoje - o velho pifou e tô com uma pilha de roupas esperando a boa Zefa segunda-feira. Ferro fashion é um pouco demais, eu sei. A carteira nova, que tive que comprar depois que me roubaram a bolsa? Lilás.

Ato contínuo, lembrei de uma amiga minha, de uns 20 e poucos anos, que, uma vez, foi parar numa cromoterapeuta e aprendeu que o lilás é a cor da mudança ou de querer mudança, não me lembro mais. Só guardei a palavra mudança. Ato falho total, morri de rir aqui, sozinha, enquanto arrumava as coisas e fui me dando conta da quantidade de coisa lilás que tem no cafofo. Fui num site esotérico qualquer agora, só de sacanagem, e eis companheiro lilás: "Tem efeito purificador. Transforma as energias negativas em positivas. Ótimo para a saúde. Acalma o coração, a mente e os nervos." Não se surpreendam se eu aparecer com o cabelo lilás!

Só entra nessa casa, agora o que couber. Quando morar numa mansão, compro um piano de cauda. Não é o caso agora. Preciso ficar do tamanho do meu apê. Tá, só eu não sabia. Dã. Ah, sim, também só gasto o dinheiro que tiver - preciso dar paz a companheiros Mastercard e Itaú, afinal de contas. Só amo quem me amar e sou só amiga de quem for gente legal. Só faço projeto pra cair dentro, com planejamento de gente grande, com gente em quem eu confio. Só topo projeto que eu tenha certeza absoluta de que eu posso tocar. Cumpra-se.

Claro que isso tudo tem a ver com a proximidade do aniversário, com a reflexão do que este ano foi até agora, com a tristeza toda que me afogou num ninho bagunçado, infeliz. Mas, enfim, acho que, finalmente, arregacei as mangas e parti pra briga com o cafofo, que ainda mando nesta merda. O cafofo, aliás, agora, tá voltando a ser o brinco que sempre foi. Eu sou maluca, mas sou boa dona de casa, porra.

Aí, de repente, me lembrei que publiquei um livro (meu sonho de infância; desde que comecei a pensar direito, comecei a escrever, meu Deus do céu), já saí em um monte de jornal, já fui à TV e vou estar na Bienal no sábado, das 20h30 às 22h, aliás, autografando um livro gerado pela tristeza de um pé na bunda dum sujeito que, se era apaixonante e charmosão, também era covarde, mentiroso, cínico, escorregadio como o que, cujos defeitos eu, simplesmente, fui fingindo ignorar, como se não houvesse amanhã. Só que havia amanhã. E eu, aliás, tô em pleno amanhã, chamuscadinha da silva.

Aí, fiquei pensando na quantidade de amigas ou conhecidas ou estranhas ilustres que transformaram dor de corno ou qualquer outra dor em uma coisa positiva, especialmetne, com relação à carreira de jornalista e escritora. Na boa, enfim, sabe, assim, tipo, cansei de me fuder? Alías, sabe, assim, tipo, cansei de achar que eu sou uma miserável? I'm back in the game, meu povo. Surto total, eu sei. Mas, foda-se: não posso chegar aos 50, o que não tá muito longe, aliás, nesse astral eu-sou-rebelde-porque-o-mundo-quis-assim, loser total.

É isso, resumindo, é isso. Fui, que amanhã é dia comprido, com toda a ralação do mundo e meu pai chegando na hora do almoço pra passar meu aniversário, na sexta, comigo. Oba. Ainda tenho uma família, porra. Quando não tiver mais, sofro tudo de novo, claro. Mas, por enquanto, tô completamente só-por-hoje.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Me voy aqui. Diazim comprido, comprido

Ralação E arrumação de casa. Não, eu não sei como eu consegui fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Agora, vou atacar o quarto, pra acordar cedo e, adivinhem, ralar mais. Mas a casa, eu resolvo hoje. Acho. A sala já tá quase um brinco, livre de um saco imenso de papel e jornal velho que despachei, fora um monte de bagulho inútil.

I feel good!

E vamu que vamu

Na boa, por que jornalistas e escritores em geral se acham artistas brilhantes e não conseguem dar jeito na própria vida?

Pois é, enlouquecida de trabalho, babando de tristeza ainda, mas voltando ao controle, com a casa de pernas pro ar, papel acumulado e espalhado por todos os cantos do quarto-e-sala, fiquei até agora achando que fazia o maior sentido do mundo misturar pessoal e profissional em menos de 50 metros quadrados nesta fase de merda da minha modesta biografia.

Noves fora nada, também fui descuidando da casa (tá limpa, tá, só tá uma zona), como quem acha que tem mais é que se danar toda: perder mãe e ficar em paz, na minha cabeça, até agora, não fazia sentido. Não fazia.

Só agora, sei lá por que diabos, fui perceber com clareza o monte de bobagem que fiz desde um certo 27 de junho. Aliás, um monte de bobagem que fiz desde que percebi que o 27 de junho tava pra chegar, o que levou meses de agonia em família.

Quanto a trabalho, bagunça total. Deadlines ignorados. Produção de qualidade péssima. Criatividade zero. Mais de um cliente puto comigo. Tudo porque o gênio da comunicação aqui, simplesmente, achou que podia fazer tudo ao mesmo tempo, inclusive chorar a mãe. Acabei não fazendo nem uma coisa nem outra direito, não combinei com os russos, fui levando a vida como se não houvesse amanhã e agora tô aqui, quase virando orelhão de tanta ficha na fuça. Ai.

Pronto, falei.

Por que tô em casa ainda? Porque tô vendo o que vai dar pra levar pra salinha no Centro e fui me dando conta do imenso caos que está este lugar. É como se eu, simplesmente, não visse a zona que tá a minha volta. A propósito disso, uma vez, um psicanalista me disse que, pra saber como está a alma do sujeito, é só olhar o armário do cara. Dã.

Não faço a mais pálida ideia de como encerra luto. O que eu sei é que hoje, subitamente, a vontade de morrer começou a passar.

Avisa aí ao mercado e ao planeta em geral que Rozaninha (*) não vai sair de cena tão cedo. Cumpra-se.

Fui querer ser gênio e dona de casa, né? Foda-se. Vou dar meu jeito aqui, que o dia há de ser comprido.

Inté.

(*) Aliás, Rozaninha, o caralho: Rozane Monteiro.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Só pra lembrar

ATLASado

Isso aí eu vi, hoje, na placa do botão do elevador Atlas do predião, rabiscado no metal por algum gaiato, irritado com a demora - é supermovimentado lá. Fiquei rindo sozinha. A quantidade de poeta que tem neste mundo de meu Deus é inesgotável.

Já instaladinha. No 13º andar dum predião. Ueba!

Vou ralar.

Quem mandou a gente não nascer francês, né? Ó, a nossa Carla Bruni no 7 de Setembro

Recebi isso por e-mail agora e quase babei de rir com o modelito Independência ou Morte da fofa. Não resisti.

Atrasadinha, atrasadinha. Passei só pra dar bom dia. Fui. Pro meu cafofo lá no Centro. Inté

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O famoso outro lado

Sério, na boa, nunca achei que ele fosse grande ator, não. Mas ele ter topado pagar esse mico, ter dado conta do recado bonito, batendo um bolão como um traveco, sem cair na arapuca do estereótipo, pra mim, já valeu o ingresso.

Ave, Patrick. Que o fofo descanse em paz. Simplesmente, não gosto quando seres humanos legais morrem. Esse brigou o quanto pode contra o raio do câncer no pâncreas. Perdeu. Saco, Ela sempre vence.

Mais homenagem pro mané e pronto.

Como eles ficaram limpimhos depois da farra na argila do vaso dela eu, sinceramente, não sei. Pergunta à turma do continuísmo do filme, uma gente, como sabemos, mais distraída do que devia.

Como ainda sou jornalista, cumpro o doloroso dever de informar que o Patrick Swayze mórreu. Pra quem não lembra, é aquele do Ghost

Homenagem pro fofo. Cara, tô num momento homenagem, foi mal.

E pra ninguém esquecer...

Piada interna, aí, foi mal. Recado pro meu povo de Niterói

Ó, desculpem aí, mas não resisti. É coisa que só meu povo de Niterói vai entender, sem ter que explicar. Fui nascer assim, com a capacidade de escolher quem é meu irmão, deu no que deu. Adotadinha metida, eu sei, eu sei. Me poupem. De novo, foi mal.

Tá bão, eu explico. Essas são as três músicas que me fazem lembrar de certo trio ternura com quem fui criada, quando era menina pequena lá em Niterói. Envelhecemos, nem nos vemos mais, mas alguém aí pode me dizer como, ainda que quiséssemos, se livrar de lembranças deliciosas, saborosíssimas, de infância, o que não é o caso?

Ih, vai dar ciúme II. Homenagem ao irmão das duas leitoras

Ih, vai dar ciúme I. Homenagem à irmã de certa leitora

Homenagem a certa leitora do blog

Confirmado

Esta humilde autora passa a ocupar uma sala no Centro a partir de amanhã, pra se livrar do enlouquecimento que é trabalhar e morar num cafofo do Largo do Machado. Hoje, fui lá só pra ver o que vai caber lá, onde vou me instalar, etc, etc, etc.

Ueba!

Desculpem, mas eu falei que paro pra não fazer nada no domingo?

Tadinha da autora. Esqueceu completamente de certo compromisso com um trabalho que precisa ser finalizado. Ai.

Sim, é o que parece: só agora, tive tempo pra parar aqui.

Muito, mas muito cansada mesmo. E vou ralar. Mais. Pior: numa semana de ralação,aniversário e Bienal, só paro pra não fazer nada no domingo. Ai

domingo, 13 de setembro de 2009

Acordei cantando isso, sei lá por que diabos

Trata-se de "Tie a Yellow Ribbon Down the Ole Oak Tree", sobre um sujeito que tá saindo da prisão e espera encontrar uma fita amarela amarrada numa árvore como prova de que a amada ainda o quer. Foi um pedido que ele fez à fofa numa carta. Aun. O melhor é a pinta dos anos 70 na fuça do trio ternura e na produção do clip. Sensacional. Na boa, acho que esse clip aí já era brega mesmo na época. Divirtam-se. Vou ralar.

Quer saber?

Vou dormir, que não sou palhaça da rede mundial de computadores. Cansei. Nada anda aqui, é quase uma da manhã, preciso descansar, senão fica tudo muito pior. Fui.

sábado, 12 de setembro de 2009

Mas, como nem tudo pode ser um horror...

... vou bem me dar de presente um laptop novo esta semana. Despacho o computador de mesa pro meu pai no próximo fim de semana - ele vem de carro, com meu primo, na sexta-feira, que é, aliás, meu aniversário - e libero espaço no nanocafofo. Meu pai tá doido pra ter um computador de verdade - o dele é jurássico. Portanto, se tudo der certo, vai ficar um laptop, este, velhinho, a essa altura, aqui em casa, e o novo no escritório no Centro. Ou ao contrário, porque, se conseguir comprar um mais leve (tudo depende de dinheiro, ainda preciso fazer as contas direito), fico com um laptop em casa pronto pra carregar pra qualquer canto, se precisar, e o velhinho no escritório, parado lá. Mas e se eu precisar carregar o do escritório pra alguma reunião? Preciso pensar sobre isso. Aun, tadinha da jornalista-escritora, pro-ble-ma-ço, né? Foi mal.

Ênfase na vinda do meu pai pro Rio pro meu aniversário, num ano de merda, no meu primeiro cumpleaños sem minha mãe. Acho que vou levar o fofo prum almoço na Colombo do Forte de Copacabana no sabadão, antes de nós dois nos mandarmos pra Bienal, onde a Rozaninha vai autografar o Sua Excelência... I feel good!

Oremos.

P.S.: Ih, nem contei aqui. Fui informada ontem de que posso e vou - ó, se não vou - pedir credencial de "autora" na Bienal - nem tinha pensado nisso, juro, dã. E claro que vou emoldurar a mesma depois, não tenham nenhuma dúvida disso. Eu sei que é ridículo, meio repetitivo demais, a essa altura, mas preciso lembrar aqui que isso tudo é fruto de um pé na bunda dum palhaço covarde? Na boa, se pudesse, me comia.

E vamu que vamu.

Intão, quando, assim, você tem que lidar com um milhão e meio de fotos em alta resolução e a internet tá lenta, você faz o quê?

1) Desliga esta merda de laptop e vai dormir, porque não é palhaça?
2) Insiste porque, afinal de contas, tem que honrar a palavra, que já não vale mais nada, prum chefe meu, de tanto deadline adiado?
3) Pula da janela e parte, de vez, deste mundo cruel, onde, a informática e a internet, como sabemos, vieram pra resolver problemas que a humanidade não tinha antes?
3.1) Se pular da janela for a opção, fico me imaginando na porta do Céu, com a mocinha da recepção me dizendo "Senhoooooooora, o sistema está fora do ar. Não vou poder estar localizando o seu nome agora. A senhora pode tentar mais tarde? Tem um café na segunda nuvem à direita."
3.2) Se, por uma dessas sacanagens do destino, eu for parar na porta do inferno, sinto que vão me deixar entrar sem consulta ao cadastro.
3.3) Se bem que o velho Mark Twain já dizia algo como: "Prefiro o Céu pelo clima. Prefiro o inferno pela companhia."

Não tô nada bem.

Sabadão à noite e adivinhem o que a Rozaninha está fazendo neste exato momento?

Na boa, essa parada de trabalhar em casa tá me enlouquecendo. Não há possibilidade de ter folga.

Mas, enfim, segunda-feira, se tudo der certo, essa coisa acaba. Mas só conto direito quando já estiver sentadinha em certo escritório no Centro da cidade, que nem eu guento mais essa ladainha de tentar sair de casa pra ter um canto pra trabalhar, não conseguir e ter que voltar humilhada pro cafofo do Largo.

Acende uma vela aí, meu povo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sim, é o que parece: ralei o dia inteiro, nem tive tempo de passar aqui e o fim de semana promete. Ai

Assim, fica difícil tocar o projeto Beija A Rozaninha Ainda Este Ano. Eu sei. Me poupem.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Tomem, aí, a cena final de Cinema Paradiso, pra eu matar a saudade de beijo na boca e, de quebra, homenagear minha mãe, a Nilza do Cinema

Já contei aqui, mas informo, agora, quem não leu o post velho: ela foi gerente por quase 10 anos do único cinema da pacata Visconde do Rio Branco, em Minas, lá pela década de 50, e foi, aliás, a grande culpada por eu gostar de filmes velhos em geral - minha tara por Sinatra e Glenn Miller é culpa do meu pai, se bem me lembro.

A pior coisa desta merda é escrever sobre a minha mãe no presente e, ficha caída, ter que trocar o raio do verbo pro passado, que não tô aqui pra cometer erro gramatical a esta altura da vida. Mas vamu que vamu: pelo menos, eu já consigo fazer homenagem a minha veia querida sem querer pular da janela. Aliás, ando até pensando em reunir as histórias deliciosas que ela me contava do tempo do cinema e enfiar num livro.

Mas acho até que nem contei aqui. No velório dela, uma mulher desconhecida veio me dar os pêsames. E mandou, emocionada: "Você não me conhece, mas eu fiz questão de vir quando soube que era a Nilza do Cinema. Quando eu era menina e não tinha dinheiro, ela me deixava entrar sem pagar." Por outro lado, tinha a gurizada (hoje, gente de respeito lá) que falava que ia "ali, rapidinho, ver se o fulano está aí", entrava, se escondia no famoso escurinho do cinema e dava-lhe uma volta.

Ah, de tanto ralar o coco lá, ela nunca mais entrou em cinema, o que obrigou meu pai a me levar pra ver o primeiro filme da minha vida, que foi (por que não, né?) A Noviça Rebelde. Projeção no ginásio da escola. Chegamos atrasados. Só tinha lugar do lado do projetor, que ficava entre as duas fileiras de cadeiras. Eu, lá pelos meus cinco anos. Como o melhor lugar era o do corredor, acho que o cara da frente era baixinho, fiquei grudada no projetor e intrigadíssima com o fato de aquele facho de luz, com uma poeirinha meio dourada, virar gente cantando na telona. Meu pai deu o jeito dele e me explicou que cinema era aquilo, mesmo. Na boa, acho que fiquei olhando mais pro projetor do que pro filme.

Ih, essa história do meu pai eu já contei aqui. Tá até no livro, aliás. Mas me deu vontade de contar e pronto. Foi mal aí. Quem quiser que conte outra.

Ao Cinema Paradiso, pois:



Vem cá, esse cara aí é um ixpetáculo ou eu é que tô carente?

Rozane Von Trapp

Tava aqui pensando

Alguém aí conhece alguma promessa porreta pra conseguir dar um beijo na boca? Começo a ficar fora de controle.

Tá, eu sei, eu sei: ficar emparedada no Largo do Machado, trabalhando igual a uma moura, não há de ajudar no projeto Beija A Rozaninha Ainda Este Ano.

Só pra ninguém esquecer e só pra botar um post aqui sem ter que pensar. Preguiça monstra aqui

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

E, antes que eu me esqueça, leiam isso, pelo amor de Deus

Inveja, teu nome é Rozane Monteiro, jornalista e escritora, 42 anos - até o próximo dia 18, claro, quando a coitada da artista em questão se aproximará um pouco mais dos 50 anos.

http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2009/09/08/homem-tira-roupa-se-declara-para-george-clooney-em-entrevista-no-festival-de-veneza-767522321.asp

O estado de espírito continua o mesmo, mas a chuva de ficha agora tá me enlouquecendo mais, craru

Morte de mãe = saudade pra caralho, certo? Errado. Morte de mãe = saudade pra caralho mais todas as fichas do mundo caindo; culpas insondáveis e inexoráveis; incluindo o fato de eu não ter virado gente grande ainda; não ter me reproduzido; não ter encontrado um raio dum macho que me ame indondicionalmente; ter perdido meu tempo, precioso, com seres que não, como diria a mesma mãe, "não têm merda no cu pra cagar"; não ter feito todo o dinheiro do mundo com o meu suposto cérebro brilhante.

Ah, sim, a ventania hoje, obra de Iansã, claro, só serviu pra me dar um chute na bunda pra eu parar de viadagem e dar um jeito de cuidar da vida, uma vez que, como sabemos, não vou ter a sorte de encontrar uma bala perdida no Largo do Machado nem tão cedo.

É isso. Resumindo, é isso. Desabafei, gradicida.

domingo, 6 de setembro de 2009

Atual estado de espírito da autora

Ah, sim, se eu chegar no meu aniversário sem dar um beijo na boca, vou começar a babar

Faço 43 anos dia 18 e não tô nada bem. Nem canalha mais me bate na porta. Pronto, falei.

Enfim, vou ralar, que é o que me resta no domingão: 30 quilos de jornal pra ler e mais um milhão de coisas pra escrever, além de ter que arrumar o cafofo, que tá o caos. Saco. Na boa, acho que eu nunca mais vou ter folga.

Inté.

"Hoje é domingo, dia de paz, deixa essa obra pra amanhã, palhaço!"

Foi o que gritei docemente, ainda há pouco, da minha janela, em surto total, pruma anta que tá serrando desde manhã em algum lugar aqui nos fundos do meu prédio, coisa que faz todos os dias, aliás. De quebra, hoje, me acordou.

Resposta do fofo, com sotaque de Romário:

"Se me chamar de palhaço de novo, aí, é que não paro, mesmo".

Fato é que a serra parou.

Ah, sim, bom dia.

sábado, 5 de setembro de 2009

De repente, o mundo é afro. Pronto, falei, tirei isso do meu coração cinza

A pessoa acorda no sabadão, toda tristinha ainda por conta dos dramas domésticos que todo mundo aqui já sabe e por conta da absoluta ausência de boca beijável nas cercanias do cafofo, dá uma ralada básica no início do dia e resolve que precisa descansar.

Aí, do alto de sua negritude, meio branca, meio preta, praticamente, um ser cinza, percebe que o raio da roda de capoeira que tem aqui na escola do lado tá aos berros por horas a fio num dia que era pra ser de descanso da vizinhança em geral - a manifestação cultural, muito legítima, ocorre todos os dias. Bota toda a roupa pra lavar, toma um banho, digna, e se manda pra rua porque é, simplesmente, impossível trabalhar com tanta zoeira, não há MP3 na orelha que dê jeito. Aí, senta num bar de comida alemã aqui pertinho, toda cheia de revista chique e livrinho, e a TV do lugar toca Carlinhos Brown.

Na boa, por quê?

Ó, meu fotógrafo americano preferido ralando o coco dele nas comemorações pela Independência lá em Nova York

http://pawdrix.zenfolio.com/p365599828/h45b2973#h8bf07b3

Bom dia, planeta

Já ralando, naturalmente. Fui. Depois, eu volto com calma.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Utilidade pública VI

Leitor amigo, desculpa aí pela tristeza insana, mas escrever sobre a morte da minha mãe, finalmente, me pareceu um jeito de purgar a coisa toda, que me vem encravada no peito há mais de dois meses, sendo este o do meu aniversário de 43 anos, dia 18. Saco. Sei lá, ver a história escrita me dá a noção de que a morte dela aconteceu, mesmo, e que não é coisa que se possa contestar, como venho tentando, desde certo maldito 27 de junho. Coisa de jornalista metida a escritora, foi mal. Só sugiro, caro leitor, que se comece a ler de trás pra frente, o que não combina com blog, eu sei. Mas, enfim, a purgação começou lá no Utilidade pública I.

Fora isso, tomem aí uma música deliciosa, porque não é só de tristeza que vive este blog, né? Quem estiver trabalhando, pede um minutinho pro chefe e, se tiver caixa de som, aumenta, porque isso aí é rock'n roll; faz os colega tudo ouvir; sai dançando ou, se não puder, fica se sacudindo na mesa, mesmo, cabecinha pro lado, no ritmo. Quanto ao rock'n roll, mentira minha, só queria dar um caráter dramático ao texto. É puro folk americano, do bom. Adoro o refrão: "So I won't hesitate no more, no more... There's no need to complicate... Our time's short..."

Utilidade pública V

Ah, sim, o post com o texto que eu li na missa da minha mãe, pra quem não leu ainda.

http://suaexcelenciaocanalha.blogspot.com/2009/07/show-must-go-on.html

Utilidade pública IV

Aí, veio a missa de sétimo dia, eu, completamente sem roupa. Tinha ido pra mais um fim de semana lá pra ver minha mãe, com uma mochila e pouquíssima roupa, deu no que deu, fui ficando, não tinha o que vestir na missa. Dura como um coco, meu bom pai me deu um vestido preto, que usei na missa, enrolada no xale verde que trouxe do Irã, numa viagem de trabalho, pra minha mãe e ela nunca usou. Minha mãe era assim, roupa da qual ela gostava muito, ela não usava. Pra não gastar.

Enfim, pensei, pensei, pensei, resolvi que tinha escrever algo pra ela. Em algum dia daquela semana maldita, uma quinta, eu acho, baixou caboclo escritor, consegui escrever. Na hora da missa, fui no padre, dizendo que queria ler aquilo pra minha mãe. O padre amarelou total, disse que não podia abrir exceção - "Se todo mundo quiser ler alguma coisa, a missa não acaba" -, achou o texto grande, eu, caneta em punho, cortei na hora o que achava, mesmo, que era excesso no texto. "Padre, minha mãe não vai morrer nunca mais, eu juro." Ele se comoveu, eu dei uma pernada nele, lendo um parágrafo que eu jurava que tinha cortado, fui aplaudida pela igreja inteira.

Pra melhorar, uma prima, da mesma idade dos meus pais, uns 80 e tantos, veio me dar parabéns pelo texto lido na missa e, de quebra, com uma amiga, de mesma idade, elogiou meu livro, que as duas tinham lido. Àquela altura, eu já sabia que meu pai morre de vergonha pela quantidade de bobagens que tem no Sua Excelência... Falei pra elas, em plena igreja, "pô, aproveita e fala pro veio que cês gostaram do livro". Assim foi feito e, de novo, numa situação absurda, morremos, todos, de rir do senso de humor da frô aqui, eu sempre lembrando que a culpa era só dele, meu veio querido, todo mundo concordando.

Não, ninguém entendeu porque um viúvo e sua filha morriam de rir logo depois da missa de sétimo dia de Dona Nilza.

Utilidade pública III

Nos últimos dias, minha mãe ficava chamando, desesperadamete, o irmão mais velho, de quem ela cuidou nos últimos dias dele, ele morando com meus pais, em Niterói. Chamava, lembrava coisas de infância, e falava, assustadoramente, coisas como "Fulano, tô chegando...", "abre o portão", "o portão tá trancado", e por aí vai.

No enterro, percebi que ela iria ficar no túmulo da família, onde tinha um corpo já, que acabou não sendo removido. De um homem. Por que que eu sei? Porque a gravata tinha sobrado, depois de anos do homem enterrado. Achei aquilo muito esquisito, mas tava triste demais pra arrumar briga com o coveiro. Conversa vai, conversa vem, apura com parente daqui e dali, voilá: minha mãe foi enterrada junto com o irmão mais velho dela, por quem ela chamou tanto antes de morrer.

Ah, sim, ele era espírita.

E quem quiser que conte outra.

Utilidade pública II

Aí, quando tudo já está sabido e resolvido, tem o momento ligar pra avisar. Assim o fiz, eu, meu pai e minha prima, cada um de um telefone, eu no celular. Pra uma certa família de 200 irmãos, ligamos pra cada um deles. Pra cada um deles, menos pra uma, a mais velha, já doentinha. Como todo mundo se falou naquele dia, ficou tácito que todo mundo sabia. Isso sem falar no carro de som que rodou a cidade pra avisar que a Nilza, mulher do João Carlos e mãe da Rozane tinha morrido. Já falei aqui que é uma gente prática, não falei?

A uma meia hora do enterro, percebemos todos que ela, a irmã mais velha da tal da família, não estava lá. "Puta que o pariu, esquecemos da Fulana", dissemos todos, quase em uníssono. Um irmão dela me pediu o celular pra ligar. Na boa, se eu criasse isso, acho que não seria tão pateticamente engraçado. Ao diálogo:

- Ô, Fulana, vem cá, cê não vem pro enterro da Nilza, não?
- ...
- Cê não sabia? A Nilza morreu, uai.
- ...
- Fulana?... Fulana?... Cê tá aí?
- ...
- Fica aí, fica calma, a gente vai te buscar, fica aí!

Assim foi feito e a irmã do interlocutor chegou, amparada por outros dois irmãos, minutos depois, e eu quase me benzi pra agradecer o fato de ela, que adorava minha mãe, não ter "empacotado" junto, como diria o povo de lá. Mineiro é um povo sem preposição, gosto sempre de lembrar.

Utilidade pública I

Na boa, me desculpem a frieza, mas alguém aí já perdeu mãe? É assim, mesmo? A gente tem vontade de bater com a cabeça na parede, amargando toda a culpa que a gente tem por não ter dito tudo o que queria pra ela e, ao contrário, por ter dito coisas horríveis, notadamente, na adolescência? É isso, mesmo? A gente fica passando a vida inteira na cabeça, todos os dias, o dia inteiro? A gente fica achando que a dor não vai passar nunca? Fica lembrando das cenas da própria morte dela em si e do enterro o tempo inteiro?

Nem sei se contei aqui, mas, no meu caso, quando cheguei no hospital, ela tava "dormindo", quietinha, com meu pai e umas amigas e parentes, comemorando o fato de ela ter passado uma manhã ótima, toda feliz, me esperando, todo mundo certo de que ela teria alta naquele dia, a tal da Visita da Saúde, como me disseram depois. As últimas semanas foram infernais pro meu pai (eu estava aqui no Rio, só ia nos fins de semana), ela gritando o tempo inteiro, dia e noite, em estado de demência, que eu presenciei algumas vezes, chamando por parentes próximos mortos, lembrando de coisas de infância, e por aí vai.

Aí, foi medicada, "dormiu". Eu cheguei, era um sábado de tarde, lá por volta das duas e meia da tarde, beijei o povo todo e fui, como de costume, dar beijinho na testa dela. Pra perceber que o sono não era sono. Nem era porque ela estava fria, não. Ela já andava fria, uma coisa de pressão, circulação, e tal. Era só porque ela não se mexia de jeito nenhum. Cheguei a abaixar, pra ter os olhos no mesmo nível da barriguinha dela, pra ver se não mexia mesmo, como eu já desconfiava. Confirmei e tremi igual a uma vara verde, como ela mesma diria. Ah, sim, sem falar na assustadora paz e tranquilidade que ela trazia no rosto, coisa que não via nela há meses.

Chamei a empregada, boa Penha, e pedi, discretamente, que ela chamasse a enfermeira. Não estava bem certa ainda, não queria apavorar meu pai à toa, negação total. O único que percebeu a movimentação, eu soube depois, foi meu primo querido, que lia nos meus olhos o que estava acontecendo e ficou parado, esperando o que ia acontecer, discreto também, em choque total também, aliás: Tia Nilza, veia de guerra, não pode morrer assim, de forma tão ridícula.

Noves fora zero, a repórter aqui fez o favor de insistir em ver toda a equipe de médicos tentando reanimar a paciente, a despeito de um médico tentar me aconselhar a sair do quarto. Não saí, tinha que ver se eles iam trabalhar direito, ora, vi tudo e ainda fiz o favor de ouvir aquela merda de medidor de batimentos cardíacos emitir aquele som de filme, "piiiiiiiiiiiiiiii...", com o tracinho no visor, o que é igual a nenhuma vida mais. Em algum momento, ouvi uma enfermeira dizer "liga pra Dra. Fulana de Tal", que era a médica pessoal de minha mãe - estamos falando de uma cidade do interior de Minas. O médico, que chegou correndo, quando a Penha deu o sinal de que algo de muito errado estava acontecendo, mandou na fuça (eu não devia estar ali, certo?) "chamar pra quê? Só se for pra avisar..."

Tem mais. Quando tudo já estava sabido e resolvido, meu pai na funerária em frente ao hospital (é uma gente prática, sabe?), vi que uma menina e sua, aparentemente, mãe, se esticavam pra espionar por uma janela aberta, do prédio do hospital, que dava pro pátio, onde todos nós, os famosos amigos e parentes, estavam. Era o necrotério, onde a única paciente morta do dia estava, esperando o babado da funerária. Estavam, assim, espiando um defunto novo. Parti pra dentro, a despeito dos pedidos dos parentes, algo como "peraí, Rozane", "vai lá, não", "segura ela"...

Ninguém conseguiu se mexer, eu fui, literalmente, carregando minha própria mochila e meu laptop, num ombro, a mochila com coisas de minha mãe no outro. As fofas já tinham saído da janela e estavam indo embora. "Que que tem lá que vocês tão olhando tanto?" Silêncio. Insisti. A mulher balbuciou "é um cadáver". "Não, não é um cadáver, é a minha mãe e eu exijo respeito." "Desculpa." Na boa, a cara de pavor e de culpa da mulher resolveu tudo e (ela nem sabe a sorte que teve) eu nem enfiei, literalmente, a mão na fuça dela, que era, inclusive, o que eu pretendia, juro. Foi isso. Resumindo, foi isso.

Ah, sim, no enterro, sei lá como descrever. Em algum momento da madrugada, só eu, uns primos e boa Penha (meu pai, a gente achou melhor que ele fosse dormir em casa e ele concordou, graças a Deus), um dos primos começou a contar piadas. E a outra empregada começou a se benzer porque, afinal de contas, tratava-se de um desrespeito. Cena tosca total. Na boa, por que tem sempre alguém que conta piadas em enterro? Isso é uma verdade absoluta. Pior que isso só eu morrer de rir das piadas do paiaço e poder jurar que minha mãe tava rindo também, toda bonitinha no caixão, enfeitado com umas flores lindas, cujo cheiro não quero sentir nunca mais na vida, embora ainda o tenha no nariz, até hoje; ela, com um terço nas mãos, o mesmo que eu lembrei de tirar da cabeceira da cama deles, quando estávamos todos saindo pro cemitério. Perguntei ao meu pai se podia deixar ela ser enterrada com o tal do terço, ateia mais ou menos que sou. "Claro, minha filha."

A certa altura, no cemitério, meu pai, paiaço de sempre, culpado pelo meu senso de humor estranho, aliás, lembra que a pressão dele não andava nada bem. A gente, eu e meus primos, começou a ladainha de sempre, falando pra ele se cuidar, agora, mais do que nunca. Resposta: "Quem sabe eu não morro logo e aproveito a viagem? Já tô aqui, mesmo."

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pode parecer que eu tô com uma saudade da moléstia do mané de Nova York, que anda me frequentando na área virtual, de volta, trocando e-mails fofos, compridésimos. É exatamente isso que tá ocorrendo aqui neste cafofo. Ai.

E já que é pra ficar estupidamente romântica...

"By George, she's got it"

Eu botei o som aí duma música do My Fair Lady no teste de áudio porque foi o primeiro que eu vi aqui no meu arquivo, acabei achando gente que é fã, fiquei algo entre confusa e orgulhosa. Esse aqui é machista, é um horror de opressão daquela gente daquela ilha estranha a Oeste da Europa, mas eu acho tããããããõ lindo, que nem sei. E a Audrey Hepburn, que nem canta nada (foi dubladísima), tem uma fuça tão de Bambi, perfeita, que eu num tô nem aí.

Isso tudo sem falar na aula de inglês que esse raio de filme é, contrapondo inglês e o tal do cockney, idioma falado até hoje naquele continente estranho chamado Oceania, que foi pra onde eles mandaram o que não prestava na ilhazinha em questão. Meu Deus, fiquei histórica de repente.

Enfim, ladies and gentlemen, please, welcome Miss Eliza Doolitlle.