quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Por quem os sinos dobram

Triste demais aqui.

Só agora soube da morte do fotógrafo do DIA, André AZ, de 34 anos, baleado e atropelado na Brasil, ontem de noite. Não o conhecia, mas falei com ele um monte de vezes ano passado por conta de umas fotos que ele fez pra um artista pra quem eu tava fazendo assessoria de imprensa.

Dor profunda no coração. Especialmente agora, que catei o monte de e-mails que a gente trocou pra combinar as fotos. Eu os guardei pra ter o contato dele, se precisasse de mais fotos, e acabei nunca deletando do Gmail. O último deles foi meu: "brigada pelo retorno, André. até a próxima.", coisa que, como, agora, sei, não virá.

Também muita raiva no mesmo coração. Acabo de me lembrar da cena do presidente deste país, do governador deste Estado e do prefeito desta cidade sambando horrores na Avenida, numa festa que tem o dinheiro e a presença de muito bandido. Direito das autoridades? É uma festa nacional tradicional? Não tem jeito? Talvez. Nenhum protesto formal aqui. Até porque cansei de sambar horrores lá, também, cobrindo a festa pra jornal. Só tá me dando um profundo enjoo por perceber que, às vezes, até a gente acaba se acostumando com o fato de o Rio ser assim, mesmo.

Também dói o coração de jornalista e o de alguém que trabalhou no DIA por, no total, 10 anos. Aquela gente, um monte de amigos, há de estar numa tristeza em estado puro.

Só me ocorre o óbvio, que é o poema citado por Hemingway em "Por Quem Os Sinos Dobram", de autoria do John Donne, poeta inglês que viveu entre os séculos XVI e XVII:

"Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e, por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti".

6 comentários:

nuno medon disse...

olá! Lamento a morte do teu conhecido, mas no Brasil morrem muitos inocentes. Pelo menos é isso que as novelas mostram, fogo cruzado com inocentes no meio da rua. Não sei se será bem assim, mas a ideia que tenho é essa. Beijos e um bom trabalho!

ROZANE MONTEIRO disse...

brigada, nuno. sim, morrem muitos inocentes aqui. também em Nova York, em Chicago, em Londres, na África, no Iraque, no Afeganistão, no Tibet. cuidado com as novelas. são uma lente de aumento sobre um problema real, mas que não é exclusivo nosso. desculpe, mas tô amarga demais hoje. um beijo.

Anônimo disse...

rozane,
não conhecia o andré. aliás só agora a pouco que soube do fato.
e concordo com você, a banalização daa violência está ficando em nível inacreditável.
força, aí, amiga

ROZANE MONTEIRO disse...

valeu. tô muito puta. mas, enfim, não o conhecia pessoalmente, como falei aqui. mas, porra, o pouco que convivi à distância com o bichinho é de doer. agora, na boa, O DIA tá foda. tem que mandar benzer, cara.

Anônimo disse...

acho que é o ary de carvalho puto com o que fizeram com o "legado" dele.
assim, além de benzer, defumar, seria bom encomendar uma missa.
nos capuchinhos.

ROZANE MONTEIRO disse...

ai, vai urucar blog de outro, porra! que medo!